Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Georges Dib “Numa crise prolongada, Portugal poderá ver PIB recuar 17%”
com a abertura das economias, Portugal será ainda mais afetado pela queda nas viagens, com impacto nas receitas turísticas. Uma diversificação dos destinos das exportações poderia ajudar a reduzir o risco comercial (uma vez que a China e outros países asiáticos estão a reiniciar mais cedo).
Quais são os cenários antecipados de queda do PIB?
Esperamos uma contração de 8% do PIB neste ano. No nosso cenário alternativo de crise prolongada (com um segundo surto, crise financeira) Portugal poderá ver o seu produto recuar em 17%. Estamos a apostar numa recuperação em forma de U (crescimento do PIB de 9% no próximo ano): após o desconfinamento gradual, nos próximos trimestres a recuperação deverá rondar 80% da capacidade, mas o regresso ao normal apenas em 2021 com a vacina.
A intervenção do Estado conduzirá a um aumento do défice e da dívida pública. Teremos uma nova austeridade no futuro?
O reembolso dos fundos da UE será muito mais tarde – nomeadamente entre 2028 e 2058. O orçamento comunitário será financiado pelos Estados-membros, bem como alguns impostos existentes e outros novos propostos pela Comissão (sobre as emissões de CO2 ou a economia digital). Quanto é que os países terão de pagar e, por conseguinte, o cálculo das transferências líquidas dependerá do peso económico de cada um no momento do reembolso, bem como dos custos relativos de refinanciamento dos países. É importante que as subvenções/empréstimos não aumentem os rácios da dívida. E ainda a política monetária expansiva do BCE até 2023, mantendo as taxas baixas.
E como avalia a resposta de Bruxelas a esta crise?
Para além do plano orçamental de 1,1 biliões de euros para o período 2021-27, a Comissão apresentou a 27 de maio uma proposta ambiciosa de um plano de estímulo orçamental denominado Fundo de Recuperação da UE da Próxima Geração, ao qual a proposta de Merkel e Macron serviu de base. Será financiado por dívida emitida pela Comissão Europeia contraindo empréstimos diretamente nos mercados financeiros. Mas é preciso ter em conta as condições. A forma como os fundos serão utiliza