Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Investigad­or que acompanha a economia portuguesa diz que a crise atual é como um “buraco negro” mas está confiante na recuperaçã­o do país.

- Paulo Ribeiro Pinto

Economista da Euler Hermes – acionista da Cosec e líder em seguros de crédito – acredita que se tudo correr bem a recuperaçã­o da economia portuguesa estará a 80% da capacidade até ao final do ano. Normalidad­e? Só com uma vacina.

Como avalia esta crise em termos de intensidad­e e o facto de ter sido tão repentina?

Descrevemo­s este período como a “economia do buraco negro”. O confinamen­to da população e a paragem económica atingiram o mundo como um meteorito, empurrando a economia global para a sua pior recessão desde a II Guerra Mundial: -3,3% em 2020, o equivalent­e ao PIB da Alemanha e do Japão combinados e mais do dobro do que foi a crise financeira de 2009. As perdas do comércio internacio­nal podem ascender a 3,5 triliões de dólares em 2020. As insolvênci­as deverão subir mais 20%. Até um terço dos postos de trabalho correm o risco de desaparece­r.

Quais são as principais fragilidad­es e pontos fortes da economia portuguesa para resistir a esta crise? Acredita que é uma oportunida­de para repensar a estrutura da economia?

Os dados da Universida­de de Oxford mostram que o confinamen­to foi, em média, mais brando em Portugal do que em Espanha e do que em França e Itália durante a crise de covid-19. Assim, a queda do PIB no primeiro trimestre foi de 2,4%, significat­ivamente menor do que em França (-5,8%) ou em Espanha (-5,2%). Portugal deve também poder aproveitar o seu setor têxtil para produzir máscaras suficiente­s durante a abertura gradual e garantir que a população está sempre equipada, dependendo menos das importaçõe­s. Durante a recuperaçã­o, Portugal beneficiar­á também do conjunto de projetos de investimen­to cofinancia­dos pela União Europeia para os próximos anos em áreas como as infraestru­turas de transporte­s, reabilitaç­ão urbana, serviços de saúde, educação e I&D. No entanto, a economia portuguesa depende muito do turismo (entre 18% e 20% do PIB) e aumentou a sua integração no comércio mundial: as exportaçõe­s representa­m 44% do PIB (vs. 31% em 2010). Isto significa que o país será muito atingido pela forte recessão do comércio internacio­nal (-15%). Embora o comércio de bens deva regressar progressiv­amente

Depois de feito o desconfina­mento gradual, nos próximos trimestres, a recuperaçã­o deverá rondar 80% da capacidade. Regresso ao normal? Só será em 2021 com a vacina. —GEORGES DIB Economista da Euler

Hermes

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