Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Ginásios. Portas abriram com segurança reforçada mas crise ensombra negócio

- —SÓNIA SANTOS PEREIRA

Os clubes de fitness estão preparados para receber os sócios. Tudo é um pouco diferente, desde a duração das aulas às exigências de higiene e segurança. Mas as empresas, sob a sombra da crise, lembram: o desporto dá saúde.

Os portuguese­s estão lentamente a regressar aos ginásios. Os clubes começaram, esta semana, a reabrir portas, com novas regras e rigorosas medidas de higiene e segurança, mas o medo do novo coronavíru­s debilitou um negócio que corria sobre rodas. As projeções para o ano são tudo menos otimistas. Foram 11 semanas de encerramen­to, a que se soma agora uma retoma que se prevê lenta. E com custos acrescidos. As empresas reclamam apoios.

A rede de ginásios Fitness Hut admite uma quebra de 20% na faturação devido ao encerramen­to por dois meses e meio da atividade. Juan del Río, CEO do grupo VivaGym (que detém a marca), prevê uma recuperaçã­o lenta e perdas significat­ivas de receitas, entre 25% a 30% este ano. Previsão que tem em conta a quebra no número de sócios – 10% a 12% – e no receio de que venha aí uma nova vaga de cancelamen­tos.

O encerramen­to dos clubes da SC Fitness (Solinca, Pump e One) “provocou o fim de um ciclo de cresciment­o sustentado”, foram “quase sete anos de incremento de volume de negócios”, sublinha Bernardo Novo, CEO da empresa do grupo Sonae. No ano passado, a SC Fitness somou vendas de 41,2 milhões, mais 14,2%, e os dois primeiros meses de 2020 apresentav­am bons sinais: 16% de cresciment­o. A pandemia travou esta escalada, obrigando a empresa a recorrer ao lay-off para 95% dos colaborado­res.

Solução idêntica foi também adotada pela Fitness Hut, que colocou 80% dos funcionári­os em lay-off devido à quebra de receitas durante o período de encerramen­to. E a Fitness UP seguiu igual caminho. Hélder Ferreira, o CEO desta cadeia, reconhece que terá este ano “o pior resultado dos últimos anos”. Os ginásios “estão em modo de sobrevivên­cia” e como “ainda são vistos como um segmento de luxo a retoma sem apoios será extremamen­te difícil” Para apoiar as empresas, defende a possibilid­ade de considerar as despesas com ginásio dedutíveis em sede de IRS.

Bernardo Novo considera “fundamenta­l que o governo desenhe um sistema de apoios específico­s que evite um colapso de unidades independen­tes de menor dimensão”. A SC Fitness decidiu, entretanto, apostar num novo projeto. A empresa “está a lançar um regime de franchisin­g que passa pela associação de operadores independen­tes às nossas marcas”. Os aderentes passam a beneficiar dos planos de comunicaçã­o, parcerias comerciais e economias de escala na negociação de preços na compra de equipament­os e serviços.

Vencer o medo

Nos 37 clubes Solinca e Pump, as medidas implementa­das para garantir a segurança das equipas e sócios foram além do exigido pela Direção-Geral da Saúde, frisa Bernardo Novo. Medição da temperatur­a à entrada, desinfeção das mãos com o álcool-gel e do calçado em tapete colocado para o efeito. E os sócios só podem agora permanecer 60 minutos nos ginásios. Mas, apesar de todos os cuidados, a oferta mantém-se idêntica. “Abrimos com mapas de aulas de grupo em que oferecemos as modalidade­s habituais e que estão também disponívei­s ao ar livre, através do ginasio-outdoor.pt, e, a partir de 8 de junho, teremos aulas de hidroginás­tica”.

O grupo Fitness Hut investiu mais de meio milhão de euros a preparar os 44 clubes que explora no país. Juan del Río explica que o acesso aos clubes é agora limitado por um máximo de 75 minutos e a lotação das aulas foi ajustada para 50% da capacidade máxima, ou seja, 9 metros quadrados por pessoa. As aulas terão a duração de 30 minutos, com um intervalo de 20 para se proceder à limpeza dos estúdios. Os clubes vão ficar entre 50% a 70% da ocupação normal.

Os 21 ginásios da rede Fitness Up implementa­ram “mais de uma centena de medidas de forma a eliminar todas as possibilid­ades de contágio dentro das instalaçõe­s”, sublinha Hélder Ferreira. Estas medidas passam pela desinfeção contínua de equipament­os, distanciam­ento da equipa e dos sócios, a interdição de alguma zonas e equipament­os do clube, a desinfeção dos espaços, os treinos outdoor, a renovação do ar, o uso de equipament­o de proteção individual, novas regras do treino com personal trainer ou das aulas de grupo e as sinalética­s indicativa­s de distanciam­ento, entre muitas, “muitas outras”. Tudo para vencer o medo dos clientes. Até porque o desporto dá saúde.

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FOTO: DR As soluções da LG vão da produção ao armazename­nto e consumo.

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