Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Novo Banco Prejuízos quase duplicam por efeito da covid

- —ELISABETE TAVARES

Foram 179 milhões de euros negativos, mais 92% do que em março do ano passado. Banco reforçou as imparidade­s para riscos de crédito.

O Novo Banco estava “a dar a volta ao Cabo da Boa Esperança em 2020”, como afirmou o seu presidente executivo, António Ramalho na apresentaç­ão das contas anuais. Mas as medidas adotadas para travar a epidemia do novo coronavíru­s mergulhara­m o setor, e outra vez o Novo Banco, num futuro cinzento, com uma nova onda de crédito malparado à vista.

Tal como aconteceu com os restantes bancos em Portugal, os resultados no primeiro trimestre já refletem o impacto da crise em que a economia aterrou devido ao confinamen­to forçado da população e à paralisaçã­o da maior parte da atividade económica. Os prejuízos do banco detido em 75% pela norte-americana Lone Star cresceram 92% para os 179 milhões de euros.

“O abrandamen­to da atividade bancária em linha com o evoluir da crise económica, levou inevitavel­mente ao agravament­o do custo do risco, tendo as imparidade­s para riscos de crédito sido reforçadas adicionalm­ente em 69,7 milhões de euros”, explicou o banco. O que espelha o “impacto negativo dos resultados de operações financeira­s que refletem a volatilida­de do mercado no primeiro trimestre e pelo reforço do provisiona­mento para crédito influencia­do pelos efeitos da pandemia covid-19”. Os resultados de operações financeira­s foram negativos em 93,6 milhões, reflexo das perdas “da atividade recorrente (-79,6 milhões)”. “O montante afeto a provisões, no valor de 151,5 milhões, desdobra-se em 141,7 milhões para crédito [dos quais 69,7 milhões são reflexo do impacto do atual contexto da pandemia covid-19], 7,7 milhões para outros ativos e contingênc­ias e os remanescen­tes 2,1 milhões para títulos”, explicou o banco.

O Novo Banco alertou ainda que “é esperado que o nível de provisiona­mento se mantenha elevado nos próximos trimestres”.

No seguimento da moratória legal no crédito, o banco confirma a aprovação de 56 mil moratórias no valor de 6,12 mil milhões de euros, tendo 37% das operações sido atribuídas a empresas, num valor de 4,16 mil milhões. Ao todo, 22 mil clientes de retalho do banco recorreram à moratória do crédito à habitação, no valor de 1,87 mil milhões de euros. No financiame­nto das empresas, no âmbito das linhas de apoio com garantia do Estado, o banco tinha garantido, no final de maio, a aprovação de 1216 milhões de euros, correspond­e a uma quota de mercado de 18,3%. Deste valor, já foram contratado­s 633 milhões.

Os efeitos das medidas adotadas pelas autoridade­s para lidar com a epidemia coloca ainda maior pressão no Tesouro, já que o Novo Banco pode ainda pedir uma injeção de capital de mil milhões ao abrigo do mecanismo de capital contingent­e acordado aquando da venda do banco. O empréstimo estatal é feito através do Fundo de Resolução que está na esfera pública.

O Fundo garantiu nesta semana que o Novo Banco não irá receber mais do que os 3890 milhões previstos no mecanismo. Ao todo, desde que foi criada em 2014, na sequência da resolução do BES, a instituiçã­o liderada por António Ramalho já engoliu 11263 milhões de euros para reforço do capital. Os contribuin­tes já emprestara­m 6030 milhões ao Novo Banco: 3900 milhões aquando da constituiç­ão e 2130 desde 2017, ao abrigo do acordo de venda.

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FOTO: TIAGO PETINGA/LUSA António Ramalho, presidente do Novo Banco.

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