Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Altice vai ter preços diferentes para eventos dentro e fora da arena
Concertos transmitidos em e realidade aumentada são algumas das soluções que o Altice Arena está a preparar para reabrir a indústria de eventos.
Concertos em streaming transmitidos a partir do Altice Arena ou eventos corporativos que usam a realidade aumentada para ligar, através do digital, as pessoas lá em casa a quem está no pavilhão no Parque das Nações são soluções que estão a ser trabalhadas pelo Altice Arena para tirar a indústria do lockdown forçado pela pandemia de covid-19. “É ainda difícil projetar como vai correr 2020, vai depender muito da situação do último quadrimestre. O que já sabemos é o que foi perdido, no sentido de não faturação, e são uns largos milhões de euros”, admite Jorge Vinha da Silva, CEO do Altice Arena. O ano passado fechou com 18 milhões de euros de receitas e um milhão de visitantes.
O Magic Meetings foi a solução encontrada para revitalizar os eventos para empresas, área de negócio que em 2019 gerou 4,7 milhões de euros de receitas, tendo os proveitos diretos do turismo de negócios superado pela primeira vez os de eventos ao vivo, a rondar os quatro milhões. “Num momento em que há a reabertura da economia e em que as marcas continuam a comunicar – nesta fase em eventos quase totalmente por via digital –, pensámos desenvolver um conceito que, progressivamente, vai permitir fazer a ligação das pessoas, a passagem de mensagens, a comunicação de estratégias, e também com uma componente presencial”, justifica Jorge Vinha da Silva.
“O conceito de Magic Meetings é ligar o mundo presencial, com o digital: ter pessoas presentes no local e ligá-las às pessoas que assistem digitalmente. Acreditamos que, com o passar do tempo, com o retorno da confiança, a proporção de pessoas presentes no pavilhão vai aumentar.”
“É um conceito chave-na-mão” e um “passo em frente, também porque as circunstâncias já o permitem, face à situação em que estamos de eventos 100% digitais, sem a presença física das pessoas”, admite. Não se trata de um simples webinar ou apenas de uma transmissão em streaming. “Desde logo pela a qualidade da transmissão, pela realização, utilização do pé direito e dimensão do próprio espaço para criar cenários diferenciadores, mesmo para quem está a assistir à distância.” O conceito prevê “mecanismos de interação entre as pessoas”, com recurso a “realidade aumentada ou realização 360o”, permitindo “a quem está em casa interagir com os participantes e com a plateia”.
O conceito, desenvolvido internamente e tendo como parceiro no audiovisual a Europal, procura ainda aproveitar a capacidade já instalada no pavilhão. “Tem um sistema de ar condicionado em que o ar é 100% renovado” e foram reforçadas as condições de segurança: instalaram-se câmaras de medição de temperatura, equipamentos industriais de nebulização para a higienização de superfícies, estando ainda a concluir uma certificação com o ICQ que “vai ao pormenor de fazer análises às superfícies dos materiais”, descreve Jorge Vinha da Silva. “Já temos umas dezenas de milhares de euros investidos na melhoria dessas condições.” Um investimento global de cerca de 100 mil euros.
O Magic Meetings “é um produto diferenciador, adaptado a esta nova realidade, com um posicionamento comercial diferente e um pricing definido para esta realidade específica; é diferente do que era a nossa situação até fevereiro”, refere o CEO do Altice Arena.
Concertos emudeceram
O Altice Arena vinha de um “ciclo muito positivo”, com o espaço a registar por dois anos consecutivos cerca de 18 milhões de euros de faturação e a sala de espetáculos a figurar nos rankings das 10 maiores do mundo com ocupação mais alta. “Em 2020, os primeiros dois meses e meio estavam muito nesse alinhamento”, garante Jorge Vinha da Silva. Até que, em março, tudo mudou. “Uma travagem completa no turismo e nos eventos, com impacto quer na área do entretenimento quer no turismo de negócios ditou o adiamento da maior parte dos eventos internacionais para final do ano ou mesmo 2021”, descreve o responsável do Altice Arena. “Entre espetáculos e eventos da meeting industry, até à data foram mais de 30 os adiados e cerca de três cancelados. O que vai ter um impacto grande em 2020.”
E o resto deste ano? “A minha perspetiva é que em 2020 ainda há muito para fazer e passará por fazer de forma diferente, como este conceito novo para os eventos corporativos (Magic Meetings) e outros produtos que estamos a criar para a área de entretenimento, que vamos lançar nos próximos tempos”. Na área de espetáculos, que o ano passado levaram cerca de 700 mil pessoas ao pavilhão no Parque das Nações para assistir a concertos, a reabertura também é feita com limitações: as lotações foram reduzidas a metade, com lugares sentados. No caso da Altice Arena significa que a sala com capacidade para 13 mil pessoas poderá receber no máximo 6500.
“Temos de nos adaptar a uma nova realidade e fazer as coisas acontecer já em 2020”, reconhece o CEO do Altice Arena. “Através da Blueticket, empresa tecnológica de bilhética, estamos a desenvolver soluções que permitem a transmissão de conteúdos”, adianta Jorge Vinha da Silva. “Esperamos anunciar brevemente novidades também na área dos espetáculos.” Soluções que passarão pela transmissão em streaming, com bilhetes com preços distintos para quem assiste fora da arena? “Exatamente. Uma linha de negócio diferente”, esclarece.
“Se há benefícios que toda esta aceleração digital trouxe à indústria do entretenimento, ninguém duvida, mas à medida que vai sendo possível – a partir do próximo ano, em que todos esperamos possa haver uma solução mais definitiva para a questão do vírus –, não tenho dúvidas de que o presencial vai voltar novamente, porque essa é a essência dos eventos, sejam de entretenimento ou privados”, acredita. Até lá, há que gerir a quebra nas receitas. “Em termos de resultados finais não se espera nada parecido com o que aconteceu nos últimos anos.”
“Não tenho dúvidas de que o presencial vai voltar novamente, porque essa é a essência dos eventos.” —JORGE VINHA DA SILVA CEO do Altice
Arena
O confinamento da economia tem consequências demolidoras e eu creio que se vão arrastar nesta fase de abertura progressiva. A indústria da construção civil é uma das poucas que não pararam. Algumas associações de promotores imobiliários também dizem que não vão parar projetos. Esta crise não é como a de 2008/09 que ninguém sabia por quanto tempo se iria prolongar. Eu diria que num ano e meio, máximo dois, vai começar a retoma. Esta perspetiva de que a crise não tem um tempo indeterminado faz uma grande diferença. Os arquitetos sabem transformar os problemas em oportunidades e há manifestações de boas vontades no setor privado e no público também. O ministro do Ambiente já anunciou uma série de medidas ligadas à construção e à arquitetura. O Tratado de Paris, se for levado à letra e se for para cumprir as metas de 2050, obriga a que muitas coisas sejam modificadas, muitas, e que passam pela arquitetura, que é incontornável no esforço de transformação.
É candidato à Ordem dos Arquitetos (OA). A sua candidatura tem por slogan “Isto só lá vai com todos”. Porquê?
A representatividade da ordem passa por uma mobilização dos arquitetos para o voto, mas depois para a ação. Nos últimos anos, o mundo dos arquitetos transformou-se muito. É um mundo de diversidade, de géneros, de como se exerce a profissão... Há a questão dos desafios da própria ordem: é preciso introduzir os problemas da formação contínua, das tecnologias, das questões da sustentabilidade. E há o programa de ação, que é perceber que É um sinal positivo. A OA tem 25 mil sócios inscritos, mas não há a certeza do número exato de arquitetos, há cálculos estimados, mas creio que estes 25 mil