Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Um grande desafio entre inúmeros desafios
Esta semana tive a honra de ser reeleito para presidir à Associação Empresarial de Portugal (AEP), durante o triénio 2020-2022. Todos os mandatos à frente de uma entidade secular, prestigiada, representativa e dinâmica, como é a AEP, são sempre muito desafiantes. O facto de este mandato assentar num contexto socioeconómico particularmente difícil e singular outorga uma responsabilidade acrescida. Impõe, por si só, redobrados esforços e exigências aos seus órgãos dirigentes.
É uma realidade completamente nova, com o mundo mergulhado numa enorme incerteza. O impacto económico e social da crise pandémica é muito profundo. Portugal espera a maior contração da atividade das últimas décadas, com uma quebra real do PIB muito próxima de -7% (face a +2,2% em 2019). A taxa de desemprego voltará a rondar os dois dígitos.
No cenário macroeconómico do Programa de Estabilização Económica e Social aprovado pelo governo, todas as componentes do PIB, com exceção do consumo público, registarão neste ano uma forte redução, com destaque para a quebra esperada nas exportações de bens e serviços (-15,4%) e no investimento (-12,2%).
Alguns dados já observados são motivo de forte preocupação. Em abril, a quebra homóloga nas exportações portuguesas de bens atingiu cerca de 40%, em termos nominais. Juntando os dois meses com os efeitos da pandemia (março e abril) a redução foi de cerca de 26%.
É muito importante a implementação de políticas públicas (a nível nacional e europeu), com vista à estabilização e, sobretudo, à rápida e forte recuperação da atividade, onde o apoio ao relançamento das exportações e do investimento (em capital físico e humano) é fundamental.
A AEP pautará a sua atuação por um esforço redobrado na defesa das empresas, isto é, de quem fundamentalmente cria riqueza e emprego. Vai ser o interlocutor das empresas junto do governo e o parceiro do Executivo no apoio às empresas.
Com a equipa de excelência que me rodeia, ajudaremos a construir um novo ciclo de afirmação e de crescimento. Orientaremos as nossas linhas de atuação por forma a, simultaneamente, garantir a sustentabilidade do projeto associativo e a reforçar a nossa capacidade de intervenção em benefício da competitividade e robustez das empresas. Lado a lado, apoiaremos a crescente capacidade de adaptação do nosso tecido empresarial a um futuro incerto, mas seguramente marcado por inúmeros desafios.