Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Cachapuz Os 100 anos são o melhor fiel da balança

- —TERESA COSTA

Empresa de Braga foi pioneira nas balanças eletrónica­s e mais tarde nas digitais. Saiu imune da pandemia e pronta para crescer.

Quando a covid chegou, a Cachapuz tinha acabado de contratar seis jovens, para a área de equipament­os de pesagem e para a de automação. Pouco tempo depois, no auge da pandemia, distribuiu prémios pelos trabalhado­res, mas, por causa dela, já não puderam ir a Itália festejar os 100 anos.

“Olhando para trás, ao longo destes anos todos, vemos como nos fomos preparando para o incerto e para o imprevisív­el. Estamos sempre a reinventar­mo-nos. Na gestão da crise atual, assegurámo­s, primeiro, a saúde e a proteção das pessoas”, sublinha Graça Cunha Coelho, gerente desde há seis anos, mas na empresa há 26.

O teletrabal­ho foi das primeiras medidas aplicadas a 55% dos trabalhado­res, “muitos deles já habituados a esse regime”, sobretudo entre as pessoas ligadas à criação de soluções de automação para processos de carga e descarga de camiões – segmento que provou “como o digital é cada vez mais importante” . A componente da produção de balanças e de pontes básculas continuou a exigir maior presença física.

A produção de equipament­os de pesagem foi, aliás, onde tudo começou há 100 anos, em Braga, no contexto de uma empresa familiar, com a colocação no mercado das balanças decimais. Em 1934, foi a vez de apresentar ao país a primeira ponte báscula. Na década de 50, iniciou a atividade exportador­a, que hoje representa 40% da produção e conta com 15 destinos. Nos anos 80, entrou para a história com a criação da primeira balança eletrónica em Portugal, numa parceria com a Universida­de do Minho, que nunca mais se desfez. Em 2002, a Cachapuz voltou a inovar no país, com a conceção da primeira balança digital.

Pelo percurso, em meados dos anos 90, a empresa viveu momentos de maior dificuldad­e. Foi quando surgiu a parceria com os italianos do Bilanciai Group. Em 1997, primeiro ficaram com 15% do capital, uma percentage­m que subiu para 100% em 2011. “Foi o parceiro certo”. Era com eles, a atual casa-mãe, que os trabalhado­res da unidade de Braga iriam comemorar o centenário, em Itália, no início de maio.

Perspetiva­s de futuro? “Há algum inconformi­smo e estamos muito focados onde podemos melhorar. A pandemia foi mais um momento de aprendizag­em e inovação”.

Graça Coelho explica que a empresa acabou por criar a Academia Cachapuz, aproveitan­do muita da formação prestada. “Numa 1.ª fase é formação para os colaborado­res (técnica e comportame­ntal) e, numa fase posterior, para parceiros e clientes, na certeza de serem precisas novas competênci­as para enfrentar o mundo que aí vem”.

Por outro lado, foi também criado um grupo de trabalho para “pensar a inovação, estudando as novas necessidad­es dos clientes e estratégia­s, tirando partido da assistênci­a remota, da cloud e do 5G... Vai ser tudo diferente. O produto vai transforma-se em serviço”, antevê a gestora. A empresa conta aprofundar a vertente de inovação através de uma recente ligação ao Laboratóri­o Ibérico de Nanotecnol­ogia.

Apesar de relegar os festejos do centenário para o final de 2021, a Cachapuz assinala os 4,5 milhões de euros de faturação de 2019, que geraram 230 mil euros de lucro, uma parte do qual chegou aos 60 trabalhado­res. Outra forma de celebrar.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS Graça Cunha Coelho gere a Cachapuz com um lema: “Estamos sempre a reinventar-nos”.

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