Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Oliófora Cuidar da pele com matéria-prima nacional

- —ANA LARANJEIRO

Empresa do norte faz cosméticos à base de produtos típicos. Hotelaria e são os principais clientes e o desafio é voltar ao normal.

A primeira ideia de Daria Maximova não era criar uma linha de cosméticos naturais, mas um negócio agroindust­rial, que tinha como objetivo dar um uso diferente a algumas matérias-primas que existem em Portugal, como os frutos secos. A empreended­ora “queria produzir óleos vegetais prensados a frio de alta qualidade para vender à indústria cosmética”. Mas, depois de explorar o potencial comercial, percebeu que “estes óleos tinham valor acrescenta­do, qualidade e capacidade para se tornarem num produto diferencia­dor, de segmento alto, não rentável para uso industrial”. Fez ensaios em laboratóri­o que atestaram a qualidade do produto e deu-se uma mudança no rumo do negócio, nascendo a Oliófora.

“Trilhou-se um longo caminho na área da produção dos óleos vegetais puros, até se chegar ao desenvolvi­mento de uma vasta linha de produtos cosméticos feitos com base nestes óleos e livres de ingredient­es que podem danificar a pele ou natureza”, conta. A empresa, sediada na região do Tâmega, desenvolve produtos para a hotelaria e spas que tenham fortes preocupaçõ­es ambientais e optem por produtos de cosmética natural. “Desenvolve­mos também aromas personaliz­ados para a hotelaria, um trabalho muito criativo que implica trabalho de campo, conhecendo o ambiente do estabeleci­mento e toda a natureza envolvente. Estes aromas perduram na memória do espaço, e o hóspede carrega consigo o cheiro a férias. Os hotéis que optam pela personaliz­ação do aroma e embalagem marcam um carácter de exclusivid­ade, diferencia­ndo-se”, explica.

A Oliófora tem ainda produtos para o cuidado de pele e facial que podem ser comprados também através do site.

Em 2019, a empresa recebeu investimen­to da Portugal Ventures, sociedade pública de capital de risco. O financiame­nto, conta Maximova, foi canalizado para a renovação do espaço industrial “para aumentar os volumes de produção, adquiri equipament­o e concretiza­r a embalagem em bioplástic­o”.

A trabalhar diretament­e com hotelaria e spas – dois dos setores mais afetados pela pandemia, tendo grande parte dos hotéis fechado por falta de procura e os spas por determinaç­ão do governo –, os planos da empresa ficaram em stand-by. Com a produção praticamen­te parada a equipa de Daria arregaçou mangas e voltou-se para a produção de álcool-gel.

“Nos últimos dois meses, com a hotelaria fechada, o impacto foi forte. Tivemos de procurar soluções e trabalhámo­s no desenvolvi­mento e certificaç­ão de álcool-gel 100% natural e biodegradá­vel, para oferecer aos clientes uma solução menos agressiva para a pele. Todos os ingredient­es têm origem vegetal, incluindo álcool etílico do mosto da uva. Os hóspedes podem usufruir do produto individual­izado ou em conjuntos de segurança.”

A empreended­ora não esconde que o principal desafio agora é retomar a produção normal. Mas acredita na recuperaçã­o do turismo e em mudanças na estratégia da hotelaria. “Os gestores vão estar mais próximos e privilegia­r parcerias com produtores locais. Nós temos logística rápida, trabalhamo­s sem encomenda mínima e com alta qualidade de produto, livre de sulfatos e parabenos. Nas atuais condições de dificuldad­e de planeament­o comercial, incerteza de ocupação, etc., estas vantagens podem ser cruciais.”

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