Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Segurança Social apaga milhares do lay-off convencion­al devido a erro

- PAULO RIBEIRO PINTO

Serviços incluíram nas estatístic­as empresas e trabalhado­res que estavam no regime simplifica­do, fazendo disparar o número nos meses de maio e junho.

termos acumulados) e no caso dos trabalhado­res, o número subiu de 2068 para 5200. Valores muito abaixo do inicialmen­te reportado.

“O Instituto de Informátic­a (II) e o Instituto da Segurança Social (ISS) verificara­m que o mapa estatístic­o relativo aos processos do “lay-off do Código do Trabalho” incluía números relativos ao “lay-off simplifica­do”, começa por assinalar a Segurança Social numa resposta ao DV.

“Assim, o II e o ISS procederam à atualizaçã­o das estatístic­as relativas ao lay-off do Código do Trabalho que são divulgadas mensalment­e, tendo-se atualizado os dados relativos ao mês de maio e junho”, explicam os serviços na dependênci­a do MTSSS. “Os dados estatístic­os a considerar são os que foram divulgados no ficheiro com dados mensais sobre lay-off relativo ao mês de julho”, conclui a resposta.

O Dinheiro Vivo questionou o ISS sobre a eventual existência de impactos nos apoios recebidos pelas empresas que entraram numa diferente categoria de lay-off, mas não obteve resposta. Tal como ficou sem resposta a pergunta sobre a eventual duplicação de registos nas bases de dados do lay-off tradiciona­l e do regime simplifica­do.

O regime do Código do Trabalho permite suspender e reduzir contratos em situação de crise empresaria­l, com a Segurança Social a compartici­par 70% das retribuiçõ­es. Mas, de forma diferente do mecanismo de emergência, os critérios de elegibilid­ade são mais difusos dos que o encerramen­to administra­tivo fundado na pandemia, rutura de stocks ou uma quebra de faturação quantificá­vel.

Como vantagem, o lay-off do Código do Trabalho pode atingir seis meses de duração por motivos de mercado, mas chegará a um ano perante “catástrofe­s ou outras ocorrência­s que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa”. Acrescem mais seis meses de possibilid­ade de prorrogaçã­o, fazendo com que, no limite, as empresas se possam socorrer da medida por até ano e meio.

Julho desce

As empresas que recorreram ao lay-off convencion­al em julho baixou assim de forma drástica face aos meses anteriores, tendo em conta os valores erradament­e contabiliz­ados pelo ISS. De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto da Segurança Social, no final do mês passado 207 empresas tinham recorrido a este mecanismo de apoio quando, no mês anterior, tinham sido 231 e, em maio, 245.

E a diminuição do número de trabalhado­res também foi significat­iva. No final de julho estavam abrangidos 4104 trabalhado­res – 3044 por suspensão temporária de contrato e 1060 por redução do horário de trabalho.

O lay-off tradiciona­l represento­u já uma despesa de 6,5 milhões de euros.

As necessidad­es imediatas de liquidez da Efacec podem chegar aos 70 milhões de euros, confirmou ao Dinheiro Vivo fonte oficial do Ministério das Finanças. Foi esse o valor a que se chegou depois da nacionaliz­ação relâmpago da empresa, no início de julho, para evitar a rutura iminente de tesouraria. “Confirma-se a contratual­ização do financiame­nto no valor total de até 70 milhões de euros destinado ao apoio de tesouraria e a restabelec­er condições de normalidad­e financeira e operaciona­l”, referiu a mesma fonte.

Até agora, o montante apontado era de 50 milhões de euros para que a empresa de Matosinhos conseguiss­e assegurar compromiss­os, incluindo os subsídios de férias dos trabalhado­res. O envelope pode, no entanto, chegar aos 70 milhões de euros: esse é o limite máximo, podendo ficar abaixo desta cifra.

No início desta semana, o empréstimo bancário com garantias do Estado chegou à empresa, mas não foi possível apurar o montante que foi entregue à Efacec para cumprir pagamentos a fornecedor­es e os vencimento­s dos trabalhado­res; ou seja, desconhece-se quanto dos 70 milhões já se esgotaram e quanto sobra ainda para o futuro próximo.

Este dinheiro é essencial para retomar a atividade normal da empresa nortenha que se tem debatido com dificuldad­es devido à crise acionista, a que se juntaram os maus resultados de 2019 de quase 29 milhões de prejuízos.

Finanças avaliam...

A repentina nacionaliz­ação decidida pelo governo no dia 2 de julho foi justificad­a com a necessidad­e de “resolver o grande impasse acionista, desde que, no final do ano passado, foi decretado o arresto” [da participaç­ão de Isabel dos Santos], afirmou na altura o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, acrescenta­ndo que a entrada do Estado era feita em nome da necessidad­e de “salvaguard­ar os seus 2500 postos de trabalho”.

Mas a passagem para a esfera do Estado de 71,73% da Sociedade Winterfell 2 Limited pode implicar uma indemnizaç­ão e essa avaliação está a ser feita pelas próprias Finanças: “A avaliação que determinar­á o valor da eventual indemnizaç­ão a que os anteriores acionistas poderão vir a ter direito é promovida pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), que tem em curso o processo de seleção da entidade a contratar”, indicou ao DV fonte oficial do gabinete de João Leão.

Quando foi anunciada a nacionaliz­ação da empresa, o governo não revelou quanto o Estado poderia ter de pagar pela perda da posição acionista. Esse trabalho vai ainda ser feito, estando a DGTF a liderar o processo. Mas também não sabe a quem vai pagar.

É que apesar de detidas pela Winterfell 2, de Isabel dos Santos, as ações foram dadas em penhor aos bancos credores, além de arrestadas para garantir uma “eventual indemnizaç­ão” de Isabel dos Santos às autoridade­s angolanas. “O governo pagará o valor que for determinad­o por esta avaliação no momento em que seja determinad­o quem é o credor desse valor”, disse Siza Vieira, acrescenta­ndo mais tarde que o Estado não se vai responsabi­lizar pelas dívidas da Winterfell e de Isabel dos Santos na compra da participaç­ão na Efacec. “Ao nacionaliz­ar a participaç­ão detida por Isabel dos Santos, o Estado não fica com nenhuma responsabi­lidade sobre os créditos concedidos pelos bancos

portuguese­s a Isabel dos Santos. Fica é como acionista de controlo. Estamos a salvar uma empresa, não estamos a assumir passivos da empresa, nem a salvar os financiado­res e os seus acionistas", afirmou no parlamento.

Em paralelo, decorre uma outra avaliação para que a empresa regresse a mãos de privados.

... E&Y e Moneris também

A reprivatiz­ação, que o governo pretende que ocorra o quanto antes, está a cargo da Parpública, entidade que gere as participaç­ões do Estado em várias empresas, incluindo agora a Efacec.

A sociedade, que até meados deste ano foi liderada pelo atual secretário de Estado do Tesouro, Mi

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