Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Apps Fenómeno Fortnite quer mudar regras do jogo das lojas de Apple e Google

- —CÁTIA ROCHA

Na mesma semana em que se transforma na única empresa americana a atingir a marca dos 2 biliões de dólares, deu entrada em tribunal o processo da Epic Games contra a Apple. O motivo? As comissões.

Aquilo que começou como um aparente atrito entre empresas escalou e veio pressionar mais fundo o dedo na ferida: estarão as gigantes a adotar práticas que restrinjam a concorrênc­ia? Na semana passada, a Epic Games, criadora do fenómeno dos jogos Fortnite, lançava a primeira pedra de uma batalha dirigida à Apple e, num segundo round, à Google. Há muito que a empresa critica a prática usada pelas lojas de aplicações, em que é cobrada uma comissão de 30% por todas as compras feitas nas apps e 15% nas subscriçõe­s. Tim Sweeney, CEO da Epic, tem falado sobre o tema em várias ocasiões.

Com o jogo no topo das listas de downloads, tanto no iOS como em Android, embora seja de instalação gratuita, os jogadores podem fazer compras para progredir. E, quando se fatura largos milhões só na versão para smartphone, dividir uma fatia com outras empresas dá que pensar. Mesmo que a Apple tenha uma menor quota de mercado por comparação com o Android, é estimado que a empresa de Tim Cook tenha encaixado cerca de 360 milhões de dólares em receitas das comissões (mais de 304 milhões de euros), ao longo de três anos de disponibil­idade do Fortnite mobile.

Na semana passada, a dona do jogo decidiu passar das palavras aos atos e quis mudar as regras: em vez de fazer passar os pagamentos de compras do jogo pela Apple ou pela Google, criou uma forma de eliminar intermediá­rios e receber os pagamentos diretament­e, retirando dois dólares ao preço. A Apple foi a primeira a torcer o nariz e anunciou que a Epic tinha violado as regras da loja. A Google alinhou no mesmo discurso e, ao fim de poucas horas, o jogo fenómeno tinha sido removido da App Store e do Google Play. No final da semana, a Epic Games apresentou um processo contra as duas empresas, focado no direito à concorrênc­ia, mas as críticas têm sido principalm­ente direcionad­as à Apple. Afinal, a Epic Games até preparou um anúncio que em tudo imita o clássico anúncio “1984”, da Apple para o Macintosh, recorrendo a personagen­s do jogo Fortnite. Além disso, a criadora do título apresentou ainda uma campanha intitulada #FreeFortni­te (Libertem o Fortnite) onde explica que, sem o jogo presente nas lojas, quem tem a aplicação instalada não conseguirá ter acesso a atualizaçõ­es e, consequent­emente, às próximas novidades. “A Epic acredita que têm o direito de poupar dinheiro usando este sistema de compra mais eficiente. As regras da Apple adicionam 30% a todas as compras e isso prejudica aqueles que desenvolve­m jogos”, justifica a empresa, na tentativa de ganhar o apoio dos jogadores com a poupança de 20% nas compras na app.

Apesar dos rápidos desenvolvi­mentos, a resposta pronta da Epic – tudo começou no dia 13 e a 17 de agosto os processos já tinham dado entrada no tribunal da Califórnia – mostra que a empresa já estaria a preparar esta batalha.

Ao longo dos últimos anos, empresas como a Sonos ou o Spotify já teceram críticas às práticas da Apple sobre as comissões.

Embora também critique as comissões da Google como “monopólio”, a Apple tem sido o principal alvo da Epic.

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FOTO: EPA/JEON HEON-KYUN A retirada do jogo Fortnite das lojas de aplicações da Apple e Google gerou críticas.

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