Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Ano letivo arranca com o maior orçamento da década

- Texto: Elisabete Tavares

Combate à pandemia obrigou a um reforço do investimen­to nas escolas, que enfrentam um clima de enorme incerteza.

Sabe-se como começa, não se sabe como vai acabar. O ano escolar 2020-2021, que arranca na semana de 14 a 17 de setembro, é um dos mais desafiante­s de sempre devido à pandemia do novo coronavíru­s. As escolas vão voltar a funcionar no modo presencial para todos os anos escolares. Mas estão preparadas para mais dois cenários possíveis: aulas em regime misto (presencial e online); e aulas exclusivam­ente online. Quem vai decidir será o governo, com base na evolução das estatístic­as dos novos casos de infetados e mortes por covid.

O ensino público arranca assim com o maior orçamento desde 2011, antes da crise da dívida soberana que atirou Portugal para um resgate financeiro internacio­nal e para a austeridad­e. São 5391 milhões de euros inscritos no Orçamento do Estado para as despesas dos estabeleci­mentos públicos de ensino – que comparam com 5299 milhões de euros de dotação orçamental em 2019. Face à última década, a verba não era tão alta desde os 5480 milhões de euros registados em 2011.

Para os diretores escolares, a ginástica financeira vai, no entanto, continuar a ter de ser feita, face aos encargos anuais elevados, que neste ano contemplam mais despesas devido à pandemia. Com base na experiênci­a adquirida durante o final do segundo e terceiro períodos do último ano letivo, está a ser feito todo o trabalho na preparação do próximo.

Livros, salas vedadas e refeições em

“Desde logo, através da construção, pelas escolas, de um plano de ensino presencial, misto e à distância, da obrigatori­edade do uso da máscara a partir do segundo ciclo, da reorganiza­ção das escolas – transforma­ção das salas específica­s em salas de aulas normais, atribuição de uma sala a cada turma”, etc., explica Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupament­os e Escolas Públicas. Os alunos vão ter acesso condiciona­do a alguns espaços, incluindo bar, salas de informátic­a e biblioteca. E haverá regras específica­s para as aulas de

Educação Física. As escolas têm ainda de contemplar servir almoços em regime de take-away.

Em termos pedagógico­s, as orientaçõe­s do Ministério da Educação obrigam as escolas a prestar apoio aos alunos para recuperaçã­o e consolidaç­ão das aprendizag­ens nas primeiras cinco semanas de aulas. Todos os alunos terão neste ano livros novos, já que foi decidida a suspensão da reutilizaç­ão dos manuais escolares para minimizar a hipótese de contágios. Os diretores escolares estão também expectante­s quanto à “promessa do governo de investir 400 milhões de euros em computador­es e rede wi-fi no âmbito da Escola Digital, acrescidos de 125 milhões para a contrataçã­o de professore­s, pessoal não docente e técnicos especializ­ados, incluindo assistente­s sociais, psicólogos e mediadores, etc.”, destaca Filinto Lima.

Mas mostra preocupaçã­o. “Ano após ano, o valor absoluto decresce, tendo já atingido o músculo da instituiçã­o – a Escola. O Ministério das Finanças não tem agido corretamen­te com a Educação”, acusa mesmo, salientand­o que “neste ano a tendência inverteu-se na maior parte dos casos, tendo sido reforçado o orçamento das escolas”, mas os números ainda estão “longe do necessário para fazer face a despesas que não apenas as essenciais, como água, luz, telecomuni­cações, ou máquinas de fotocópias”.

—mil milhões de euros

—milhões de alunos

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