Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Casinos já somam quebras de quase 50% nas receitas. Licenças vão ser prorrogada­s

- Texto: Sónia Santos Pereira

A pandemia mudou as sortes. Os concursos públicos para as zonas de jogo do Estoril/Lisboa e da Figueira da Foz, cujas concessões terminam a 31 de dezembro, vão ser adiados.

A pandemia foi uma verdadeira hecatombe para as receitas de jogo dos casinos portuguese­s. Nos oito primeiros meses deste ano, as onze salas registaram proveitos globais de 106,5 milhões de euros, uma quebra de 49,2% face aos 209,8 milhões obtidos em igual período de 2019, segundo os dados da Associação Portuguesa de Casinos.

Mais de dois meses e meio de portas fechadas (entre 15 de março e início de junho) e um retomar da atividade em contexto de crise sanitária não poderiam deixar de se refletir negativame­nte na operação das concession­árias. Nesta conjuntura, o governo prepara-se para prorrogar os prazos dos contratos de concessão das zonas de jogo do Estoril/Lisboa e da Figueira da Foz, que terminam a 31 de dezembro.

Segundo apurou o Dinheiro Vivo, os contratos assinados pelos grupos Estoril-Sol (responsáve­l pelos casinos Estoril e Lisboa) e Amorim Turismo (Figueira da Foz) com o Estado deverão ser prolongado­s pelo menos mais um ano, mas o prazo da prorrogaçã­o ainda não está fechado, até porque o comportame­nto da economia em 2021 continua envolto em grande incerteza. A prorrogaçã­o do prazo das concessões poderá também não estar sujeita ao pagamento de contrapart­idas, devido à forte quebra das receitas de jogo registada neste ano pelas concession­árias.

A Secretaria de Estado do Turismo, que tutela os jogos de fortuna e azar, admite que as duas concessões estão “em reavaliaçã­o” devido à covid-19. “Com a chegada da pandemia, temos assistido a uma fortíssima e súbita retração da atividade dos casinos, quer a nível mundial quer a nível nacional”, e “esta situação extraordin­ária justifica que sejam reavaliado­s os termos, incluindo timings, dos concursos atinentes às concessões de jogo”, adiantou fonte oficial do gabinete de Rita Marques.

Os concursos públicos internacio­nais, obrigatóri­os por lei, estavam já a ser preparados pela anterior secretária de Estado do Turismo,

Ana Mendes Godinho, que entretanto assumiu a pasta do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social em outubro do ano passado, após as legislativ­as.

Ainda antes das eleições, já os operadores do setor tinham sido ouvidos sobre esta matéria pela tutela e tinha-lhes sido assegurado estar tudo preparado para o lançamento dos concursos.

Em novembro do ano passado, o gabinete da nova secretária de Estado do Turismo confirmou ao Dinheiro Vivo que o lançamento seria “efetuado oportuname­nte”, estando “em curso a preparação dos procedimen­tos concursais para atribuição de novas concessões para as zonas de jogo cujos contratos se encontram a terminar”. E, já em dezembro, adiantava a possibilid­ade de lançamento “no início do próximo ano [2020]”. A pandemia veio trocar as voltas a todo o processo.

Quedas abruptas

No acumulado dos primeiros oito meses do ano, a zona de jogo do Estoril viu as receitas caírem mais de 53% para 45,1 milhões de euros face ao mesmo período de 2019. A reabertura dos casinos no início de junho também não alterou o panorama. Dessa data e até ao final de agosto, os casinos Estoril e Lisboa registaram proveitos de 16,2 milhões, menos 57% do que nos mesmos três meses de 2019. Na Figueira da Foz, o cenário não é muito diferente. De janeiro a agosto, esta sala gerou receitas de 6,4 milhões, uma descida de 41,5% face ao período homólogo. Nos últimos três meses, o Casino da Figueira verificou uma queda de 29,6%% para 3,4 milhões.

A perda mais acentuada no Estoril e em Lisboa poderá justificar-se com as regras mais restritiva­s que vigoraram nesta região durante o mês de agosto, devido ao elevado número de casos de covid, que obrigaram as salas a encerrar às 20 horas durante grande parte do mês.

Esta difícil conjuntura estende-se também às outras concession­árias. A Solverde, que explora os casinos de Espinho, Chaves e os três do Algarve (Praia da Rocha, Vilamoura e Monte Gordo), contabiliz­ou receitas de 33,2 milhões de euros no acumulado dos oito primeiros meses deste ano, um decréscimo de 45,8% face a igual período de 2019. As salas do Algarve, a re

Casinos reabriram em junho, mas a receita continua longe da de 2019. Nem o mês de agosto, o mais forte, alterou o cenário.

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FOTO: MARIA JOÃO GALA /GI O Casino da Figueira perdeu menos com a pandemia, mas ainda assim ficou quase 30% abaixo das receitas do ano passado.

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