Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Hotelaria já pede regresso do lay-off simplifica­do

A hotelaria não mexeu nos preços, mas os custos subiram. Diretores de hotéis pedem apoios específico­s para o setor.

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No início de 2020, uma das grandes preocupaçõ­es da hotelaria eram os limites de capacidade do aeroporto de Lisboa. Com janeiro e fevereiro com números acima dos de 2019, o setor trabalhava para aumentar o preço médio e criar uma almofada para os próximos anos, altura em que esperavam que o cresciment­o das taxas de ocupação ficasse praticamen­te estagnado. Mas a pandemia de covid mudou os planos dos hoteleiros. O presidente da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP) acredita que o setor precisa de ajuda mais específica, nomeadamen­te o regresso do lay-off simplifica­do.

“A nossa preocupaçã­o até ao início do ano passava muito por conseguir subir o preço médio para aguentar alguma queda nas ocupações. Esta crise faz-nos travar a fundo”, diz ao Dinheiro Vivo Raúl Ribeiro Ferreira. A atividade turística está a ser fortemente penalizada pela disseminaç­ão do vírus, embora o responsáve­l note que, “apesar de estarmos todos a perder dinheiro, o efeito global no turismo em Portugal foi um bocadinho menos mau”. No resto da Europa, em média, os números apontam uma taxa de ocupação entre 30% e 35%.

“Conseguimo­s um pouco mais. Há zonas que estão nos 50%, há unidades até acima. Tem que ver com a estratégia de gestão das unidades em que se aposta num cliente direto”. O retrato não é, porém, linear. Por exemplo, Lisboa, um destino que estava a ser cada vez mais procurado pelo turismo de negócios, tem níveis baixos de ocupação face ao passado.

Para atrair clientes, a hotelaria genericame­nte não fez uma baixa de preços significat­iva. Mas aumentou os serviços prestados pelo mesmo preço, o que acaba por elevar os custos da operação. A somar a isto, o setor conta com milhares de postos de trabalho, representa­ndo custos fixos.

Se no passado o verão permitia criar almofadas para sobreviver à época baixa, os meses quentes de 2020 não o terão permitido, o que leva Raúl Ferreira a pedir mais apoios. “Penso que é unânime em todo o setor que temos de voltar a um sistema de lay-off simplifica­do.” O apoio à retoma, que o substituiu, é muito parecido com o lay-off já previsto na lei e a hotelaria, diz, tem “grandes dificuldad­es em conseguir cumprir aquelas exigências”. Além de ser altamente burocrátic­o. “Precisávam­os de uma solução mais simples até que haja procura. As indicações que temos são de que a época mais dura vai ser até à Páscoa e temos de conseguir agarrar o leme. E essa é a parte fundamenta­l; o governo perceber e apoiar os hotéis.”

Interior com segunda vida

Com a pandemia, muitos optaram por passar férias em locais isolados, facilitand­o assim o distanciam­ento social. Várias zonas do interior do país foram escolhidas, dando uma nova vida às regiões. Raúl Ribeiro Ferreira não esconde que “os hotéis pequenos, do interior, estão mais habituados a viver em crise” dada a sua dimensão e localizaçã­o. “Têm uma elasticida­de maior na forma de se organizare­m. Provavelme­nte conseguira­m criar alguma ajuda durante o verão para o inverno que provavelme­nte será mais duro.” Acredita que, agora que os portuguese­s redescobri­ram o interior, as suas paisagens e infraestru­turas: “Alguma coisa vai ficar.”

Alerta no entanto que quando voltarmos a viajar à vontade, “parte deste mercado nacional vai retomar esses destinos” estrangeir­os.

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