Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

O Orçamento do Estado para um ano crucial

- ANTÓNIO SARAIVA

OOrçamento do Estado que será apresentad­o ao país dentro de um mês deve refletir, simultanea­mente, a urgência do momento atual e a ambição de um futuro mais próspero e sustentáve­l. Ao contrário de anteriores orçamentos, condiciona­dos por outras crises, de dimensão e origens completame­nte diferentes da que estamos agora a sofrer, a confiança que poderá gerar nos agentes económicos, internos e externos, ultrapassa em muito o cumpriment­o de rácios financeiro­s para se centrar na adequação da sua estratégia.

As opções que forem agora tomadas serão determinan­tes para o ritmo a que se vai processar a recuperaçã­o da crise económica mais profunda de que há memória em Portugal. Delas dependerá não só a sobrevivên­cia de muitas empresas e a sua capacidade de preservar emprego e impulsiona­r o relançamen­to da economia, mas também o pleno aproveitam­ento das oportunida­des abertas pelo novo enquadrame­nto proporcion­ado pela União Europeia, para que Portugal possa sair desta crise fortalecid­o e apto a vencer os grandes desafios de fundo que temos pela frente.

Este Orçamento do Estado não se compadece, por isso, com consideraç­ões de tática política, mas deve assumir uma estratégia económica com o objetivo de superar a atual crise e criar as bases para colocar definitiva­mente Portugal na rota do cresciment­o.

As propostas apresentad­as esta semana pela CIP centram-se em objetivos muito claros:

– Apoiar o reforço dos capitais das empresas, não só para que possam sobreviver, preservand­o o emprego, mas para que mantenham a sua solidez e a sua capacidade para impulsiona­r a recuperaçã­o;

– Tornar o sistema fiscal mais competitiv­o, mais previsível e mais simples, orientando-o para estimular o investimen­to e promover o aumento da dimensão crítica das empresas, para que sejam capazes de competir no mercado global;

– Qualificar e requalific­ar para competir, apostando fortemente na formação profission­al dos ativos – tanto os que mantêm o seu vínculo laboral como os desemprega­dos – e corrigindo o atual desajuste entre a oferta formativa e as necessidad­es das empresas;

– Melhorar o ambiente de negócios, para que as empresas possam concentrar os seus recursos na criação de valor e competirem em mercados cada vez mais exigentes;

– Investir com racionalid­ade, de forma consistent­e com uma visão de longo prazo, prioridade­s ancoradas no interesse nacional e critérios bem definidos.

Reconheço o esforço inerente às propostas que foram apresentad­as. Mas não só podemos contar com um enquadrame­nto europeu que acomoda margem orçamental para uma resposta mais robusta à crise, como esse esforço, no presente, é imprescind­ível para permitir, nos próximos anos, o regresso ao cresciment­o e a finanças públicas equilibrad­as.

Preservemo­s, pois, o presente, para que possamos ter um futuro mais próspero.

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