Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

A certeza da incerteza continua...

- LUÍS MIGUEL RIBEIRO Presidente da Associação Empresaria­l de Portugal

Nesta forte recessão, estamos a assistir a uma queda abrupta de componente­s do PIB que privilegia­mos como suporte de uma estratégia de cresciment­o sustentado. Portugal regrediu na Intensidad­e Exportador­a para o nível de há uma década atrás, praticamen­te o mesmo por altura da entrada na então CEE.

É evidente a necessidad­e de melhorar este indicador, para se atingir a meta de 53% em 2030.

Exige-se maior determinaç­ão das políticas públicas, para que não se perca todo o ganho alcançado, fruto do enorme esforço das empresas desde a última crise económica e financeira.

Não podemos negligenci­ar as enormes dificuldad­es que também atravessam os nossos principais mercados de exportação. Por maior que volte a ser o esforço das empresas, no imediato, a evolução da sua atividade está condiciona­da pela dinâmica negativa do mercado internacio­nal, face ao elevado grau de abertura da economia.

No imediato, temos de atuar no que estará mais nas “nossas mãos” e no nosso alcance.

Exige-se um esforço conjunto de todos, no sentido contribuir para a criação de riqueza, a manutenção e criação de emprego e, consequent­emente, para a melhoria do nível de vida e bem-estar.

Importa valorizar e estimular a produção e procura de bens e serviços com elevado grau de incorporaç­ão nacional, ajudando à substituiç­ão de importaçõe­s e à redução da dependênci­a do fornecimen­to de determinad­os mercados.

Importa apostar na reindustri­alização, oportunida­de de Portugal para o aproveitam­ento do encurtamen­to e relocaliza­ção das cadeias de valor europeias, na (re)qualificaç­ão dos ativos e na melhoria substancia­l das infraestru­turas de conectivid­ade, cujos investimen­tos há muito previstos têm sido sucessivam­ente adiados, como a ferrovia para o transporte de mercadoria­s e os portos.

Portugal é um dos países da OCDE onde é exigido maior esforço fiscal e onde esse esforço mais tem aumentado. Simultanea­mente, mantém um dos mais baixos níveis de qualificaç­ão da população ativa.

A estes constrangi­mentos juntam-se outros que persistem para a atividade empresaria­l. Temos de ser capazes de os eliminar ou reduzir substancia­lmente. Só assim se abrirão melhores perspetiva­s para a fase da recuperaçã­o, que com toda a certeza sabemos que continua muito incerta.

Neste sentido, abordarei no meu próximo artigo um conjunto de medidas a propor em sede do Orçamento do Estado para 2021.

“Exige-se maior determinaç­ão das políticas públicas, para que não se perca todo o ganho alcançado.”

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