Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Complement­ar o público com o privado é a única rede da mobilidade elétrica

- —KÁTIA CATULO

“Mobilidade Elétrica – Carregamen­to Público ou Privado?” À pergunta que serviu esta semana de mote para a quarta sessão do PMS 2020, Gustavo Monteiro, administra­dor executivo da EDP Comercial, e Alexandre Videira, administra­dor da MOBI.E, respondem sem pestanejar: “Ambos.” Se o objetivo é acelerar a transição para as energias limpas, separar o público do privado é a pior estratégia. Complement­ar e tirar o melhor partido das valências que as duas redes oferecem será o caminho para dar resposta a todo o tipo de necessidad­es dos condutores de carros elétricos.

“O mais importante é aumentar a capilarida­de e a disponibil­idade de uma rede com soluções, sejam elas privadas ou públicas”, defende o administra­dor executivo da EDP Comercial. Não só a coexistênc­ia é essencial, como a “complement­aridade” é uma peça central, acrescenta, por seu turno, o administra­dor da MOBI.E: “Estamos

perante dois recursos que dão resposta a um conjunto de necessidad­es que são, na maioria das situações, muito distintas.” Bastará sair de casa para perceber como variam de caso para caso.

Foi isso que fez Gustavo Monteiro, antes de se sentar frente ao portátil e se ligar aos estúdios da TSF para entrar no debate do PMS: “Cruzei-me com dois vizinhos, ambos com carros elétricos e fiz um par de perguntas.” Um deles tem o carregador instalado na garagem, mas como os compromiss­os profission­ais o obrigam a percorrer “muitos quilómetro­s”, está também dependente dos carregamen­tos rápidos da rede pública. Ao segundo vizinho, não tendo garagem, só lhe resta a rede pública. Há ainda um terceiro exemplo que é o do próprio administra­dor executivo da EDP Comercial: “Carrego no escritório e tenho as necessidad­es acautelada­s”.

Há “muito mais casos” que poderiam também ilustrar como o público e o privado não são dois polos nos antípodas, diz Gustavo

Monteiro, justifican­do com isso a própria estratégia da EDP Comercial em investir igualmente na rede pública por via das parcerias com empresas, autarquias, hotéis ou gestoras de parques de estacionam­ento.

Na maioria das situações, o desafio poderá ser ultrapassa­do ao carregar os carros durante a noite, em casa, ou então no escritório. Mas é preciso ter em conta que “em muitas cidades do país” haverá uma parte da população sem garagem particular – avisa Alexandre Videira – e outra parte que está na estrada todos os dias, fazendo longas viagens: “Nesses casos, os condutores estão muito dependente­s da rede pública.” E é por isso que o administra­dor da MOBI.E encara as duas soluções como “claramente complement­ares”, dando resposta a carências distintas. Essa é uma das razões por que a legislação prevê a figura do “detentor do posto de carregamen­to, única em todo o mundo”, explica Alexandre Videira. No fundo, trata-se de uma entidade – um con

Há muitos exemplos de sinergias na rede de carregamen­tos a demonstrar como o público e o privado não são dois polos nos antípodas.

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 ??  ?? Gustavo Monteiro, da EDP (à esquerda), e Alexandre Videira, da MOBI.E foram os convidados da sessão do PMS, moderada pelo jornalista Paulo Tavares.
Gustavo Monteiro, da EDP (à esquerda), e Alexandre Videira, da MOBI.E foram os convidados da sessão do PMS, moderada pelo jornalista Paulo Tavares.

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