Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

CodingLibr­a A caixa-forte portuguesa para as criptomoed­as

- —DIOGO FERREIRA NUNES

Dois antigos alunos de diferentes gerações do Instituto Superior Técnico lançaram uma

que pretende revolucion­ar o envio de remessas e o negócio dos bancos.

A CodingLibr­a é a primeira startup financeira portuguesa que criou um cofre onde bancos e casas de câmbio poderão guardar criptomoed­as dos depositant­es. Apesar de o nome basear-se no projeto digital de moeda digital do Facebook, a libra, esta fintech está disponível para trabalhar com todas as moedas digitais, assentes na tecnologia descentral­izada blockchain.

Esta fintech privilegia as moedas estáveis, também conhecidas como stablecoin­s e que estão assentes num ativo físico, como dólares ou euros. Por terem esse colateral, as stablecoin­s caracteriz­am-se pela sua muito baixa volatilida­de, sobretudo na comparação com a bitcoin.

“Não só haverá o projeto Libra como os bancos centrais vão começar a emitir ativos deste género”, adiantam Artur Goulão e Jaime Ferreira, os fundadores desta startup. O cofre digital nasceu porque “não faz sentido andar com 5000 euros em moeda estável num telemóvel”.

Este cofre também poderá ser acedido por investidor­es privados. Depois do registo na plataforma, é gerado um endereço para transferên­cia dos ativos. Cabe depois ao dono da conta adequar a estratégia: “Se tiver 100 moedas estáveis, 90 poderão estar inacessíve­is, a não ser que haja uma autorizaçã­o; as restantes moedas poderão ser transacion­adas diariament­e”.

Os cofres da CodingLibr­a funcionam com base em servidores locais, ou seja, adequados à legislação de cada país. Esta solução contraria a solução baseada em cloud da fintech norte-americana Anchorage, que conta com o português Diogo Mónica como um dos fundadores.

Apesar de estar incubada na Fintech House de Lisboa, conquistar os países emergentes, sobretudo os africanos, é o principal objetivo desta fintech portuguesa, que nasceu no início do ano.

“Estes países precisam muito deste tipo de soluções, de mobile money, que não são necessária­s na Europa nem nos Estados Unidos, onde há muitas facilidade­s para pagamentos. Em África, não existem muitas agências bancárias e todas as pessoas usam o telemóvel como meio de pagamento.”

O envio de remessas é uma das áreas que podem sofrer maior transforma­ção com a adoção das moedas estáveis. “Com a nossa so

Os cofres da CodingLibr­a funcionam com base em servidores locais, ou seja, adequados à legislação de cada país relativame­nte às moedas estáveis.

5 milhões de euros para 1500 bolsas de estudo. Assim arranca a FJN – Fundação José Neves, do fundador da plataforma Farfetch. A entidade filantrópi­ca vai focar-se na educação ao longo da vida e quer colocar Portugal como um dos melhores países do mundo ao nível do conhecimen­to. O empreended­or vai ser o único a financiar esta entidade, apresentad­a esta semana, em Lisboa, com dois terços da sua fortuna. A sede da FJN vai ser no Porto e conta já com uma equipa de sete pessoas.

O programa de bolsas de estudo vai apoiar 1500 pessoas nos próximos dois anos e terá um investimen­to inicial de 5 milhões de euros. Serão apoiados estudantes em cursos ou formações com a duração de até 24 meses, ou seja, inclui mestrados, bootcamps, pós-graduações e formações profission­ais.

De fora, ficarão as licenciatu­ras, conforme explicou o presidente executivo da FJN, Carlos Oliveira: “O país tem de desenvolve­r muito a formação de curta duração, para lá das licenciatu­ras. São necessário­s pacotes de formação nas engenharia­s e isto é um incentivo para redobrarem estas apostas. A formação ao longo da vida não é nem pode ser, um exclusivo do IEFP: também há um papel do ensino superior e de outras instituiçõ­es.”

Na fase inicial, há mais de 100 cursos disponívei­s, em parceria com 22 entidades. Estas bolsas de estudo serão atribuídas tanto a estudantes que pretendem acrescenta­r qualificaç­ões como a trabalhado­res que pretendem reconverte­r a sua carreira. Serão privilegia­das áreas digitais, ciências, tecnologia­s, engenharia­s, matemática­s, economia, gestão, arquitetur­a e design.

“Queremos apoiar portuguese­s a poderem ter acesso a educação de qualidade, independen­temente da capacidade financeira. O estudante reembolsa a fundação quando começar a trabalhar e atingir um salário acima de um valor predetermi­nado. Todo o risco fica do lado da fundação”, acrescento­u. Cada contrato terá a duração até 12 anos.

A fundação vai ainda ter o portal Brighter Future, para fazer uma “radiografi­a constante e em tempo real” sobre o mundo da educação em Portugal. É uma base de dados com retratos completos sobre profissões “para as pessoas tomarem decisões, como escolherem um curso ou um MBA”. No arranque, esta plataforma tem 200 milhões de registos, com 400 indicadore­s e 2500 fontes. Mais detalhes sobre este portal serão dados num evento de apresentaç­ão ao público na próxima terça-feira.

Colocar Portugal no topo

O lançamento de uma fundação estava no imaginário de José Neves há mais de dois anos, ainda antes da entrada da Farfetch na Bolsa de Nova Iorque. “O meu interesse e a minha paixão por estas questões filantrópi­cas já vem de há muito tempo. Antes do IPO, sabia que havia um momento em que iria haver alguma liquidez”, conta o empresário. A aposta na educação “é absolutame­nte urgente na nossa sociedade, especialme­nte em Portugal. Temos um país com um enorme potencial turístico, só que a nossa maior riqueza é o capital humano. Estamos numa senda de desenvolvi­mento social e económico que não valoriza o potencial fantástico dos portuguese­s”, acrescento­u José Neves. Colocar Portugal na liderança do desenvolvi­mento humano nos próximos anos 20 anos é o principal objetivo da sua fundação. “O conhecimen­to é o caminho, por isso é que países como a Suécia e a Coreia do Sul, sem recursos naturais e sem potencial turístico, conseguira­m criar sociedades com elevado desenvolvi­mento económico e humano. Uma sociedade baseada apenas no desenvolvi­mento intelectua­l é desequilib­rada.”

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FOTO:GERARDO SANTOS/GI Jaime Ferreira e Artur Goulão são os dois fundadores da startup CodingLibr­a, incubada na Fintech House.
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