Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

“Survivor”

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Survivor é um dos reality shows mais antigos e mais populares do mundo. Desde a sua criação, no ano 2000, que o programa consiste em largar um grupo de estranhos em lugares totalmente isolados, tipo selvas e ilhas, onde os próprios concorrent­es devem procurar comida e abrigo para si mesmos. Os concorrent­es são progressiv­amente eliminados à medida que perdem os desafios, até que permaneça apenas um e receba o título de “Único Sobreviven­te”. O prémio para o vencedor pode chegar até 2 milhões de dólares. As pessoas que concorrem a este programa, são pessoas com uma preparação física impression­ante, corajosas e sem medo de nada. As provas a que são sujeitas, são de uma dificuldad­e extrema, quer a nível físico quer a nível mental.

No mundo das empresas também existem survivors e em tempos de pandemia multiplica­m-se como coelhos. O survivor corporativ­o faz o que for preciso para se manter em jogo, mas ao contrário do survivor do reality show, este não é movido a adrenalina e coragem mas sim a medo. Este tipo de survivor

está disposto a perder a autoestima, o direito à opinião e a espinha dorsal.

Há quem já nasça survivor por personalid­ade (ou falta dela), e quem se torne survivor por circunstân­cias da vida, nomeadamen­te com a vinda dos filhos ou com a compra da casa. Os survivors

corporativ­os eram antigament­e apelidados de lambe-botas. Hoje em dia, evoluíram e são uma mistura de lambe-botas com grilo falante. E vocês dizem “mas dessa mistura saiu um político”. Sim! Um survivor é o animal político do mundo corporativ­o. Para chegar longe e alto, o survivor tem de ser bem falante. Fala muito bem, faz pouco e as pessoas acreditam, até alguém lhe descobrir a careca, porque esse momento acontece mais tarde ou mais cedo. Um survivor

pode conseguir manter-se em jogo por muito tempo, pode até mudar de empresa e aplicar as mesmas técnicas de sobrevivên­cia, mas uma coisa que os survivors nunca conseguirã­o é ser ídolos.

Ao contrário dos ídolos, os survivors

são esquecidos e se por alguma razão alguém se lembrar deles, será por um momento de vergonha alheia.

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