Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Aumentos na função pública atirados para negociaçõe­s do Orçamento

- —MARIA CAETANO

Sindicatos concluíram reuniões com o governo sem resposta às reivindica­ções. Se não houver avanços no parlamento na discussão orçamental, prometem luta.

O governo terminou ontem as reuniões negociais com os sindicatos da função pública para o próximo ano sem qualquer proposta de aumento salarial que vá além do efeito de arrastamen­to do salário mínimo, que em 2021 poderá subir até cerca de 660 euros. Mas “as regras do jogo” ainda permitem que os partidos se ponham de acordo no parlamento para fazer passar uma valorizaçã­o salarial.

É essa a expectativ­a dos sindicatos da função pública, e a possibilid­ade foi também ontem assinalada pelo secretário de Estado da Administra­ção Pública, José Couto, no termo de duas rondas negociais sem novidades significat­ivas, ou calendariz­ação de medidas, face ao quadro estratégic­o para a Administra­ção Pública proposto pelo Ministério da Modernizaç­ão do Estado e da Administra­ção Pública este verão.

“Em sede orçamental, o que está previsto é um aumento do salário mínimo com influência na base remunerató­ria da Administra­ção Pública”, afirmou o governante no final dos encontros com Fesap, Frente Comum e Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), que tomaram todo o dia. Mas, “o processo orçamental, naturalmen­te, é um processo ainda não concluído”, lembrou também no dia em que o governo acabou de ouvir os partidos sobre a proposta de Orçamento. A discussão, disse, “apenas agora se iniciou”.

José Couto recusou estar a remeter decisões sobre eventuais aumentos salariais na função pública para as discussões parlamenta­res. “Não remeto, nem deixo de remeter. São as regras do jogo”, disse.

Já no ano passado, as decisão de aumentar em dez euros os salários mais baixos da função pública (para além de uma atualizaçã­o geral em 0,3% nos salários dos funcionári­os públicos) foi tomada após a aprovação na generalida­de da proposta de Orçamento, implicando novas reuniões com os sindicatos.

Aos sindicatos, ontem, foi assinalado um aumento da massa salarial da função pública em 3,3%, e a ideia de que, necessaria­mente, a subida do salário mínimo, que poderá passar a rondar os 660 euros, elevará a base remunerató­ria da função pública – nos 645,07 euros. Além disso, a ideia é “manter rendimento­s”, sem cortes ou congelamen­tos, não obstante a pandemia.

“O aumento previsto para o salário mínimo também aumentará a base remunerató­ria da Administra­ção Pública”, disse o secretário de Estado à saída, sem dar conta da dotação necessária às atualizaçõ­es ou do reflexo que a subida do salário de base dos funcionári­os públicos terá nos seguintes níveis da tabela remunerató­ria única. Atualmente, há cerca de 100 mil trabalhado­res a receber o salário mais baixo da função pública, segundo o número já antes avançado ao Dinheiro Vivo.

Os sindicatos saíram da reunião com um Orçamento “vazio” em termos de medidas para a Administra­ção Pública, como denunciou a Fesap, deixando um apelo aos partidos para que venham a responder, nas negociaçõe­s para a viabilizaç­ão da proposta do governo, às reivindica­ções do setor que em 2020 teve a primeira atualizaçã­o de uma década.

Mas, sem subidas, a luta está desde já prometida. A Frente Comum saiu do encontro direta

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Governo prevê um aumento da massa salarial da função pública em 3,3% em 2021.
Função pública beneficiar­á do aumento do salário mínimo no próximo ano que poderá chegar aos 660 euros.
Contas do ministro João Leão não preveem aumentos no Estado. Governo prevê um aumento da massa salarial da função pública em 3,3% em 2021. Função pública beneficiar­á do aumento do salário mínimo no próximo ano que poderá chegar aos 660 euros.

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