Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

“É altura de virar a página.” Rui Vilar sai da Caixa no fim do ano

Chairman considera ter cumprido missão e já não haver “circunstân­cias de exceção e especial interesse público”.

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O mandato termina a 31 de dezembro e Rui Vilar considera ter cumprido a sua missão na Caixa Geral de Depósitos. Pelo que não faz sentido renovar o mandato de chairman, diz, numa tomada de posição a que o DV teve acesso. “É altura de virar a página, de renovar e reforçar a equipa da CGD para lançar e cumprir um novo e desafiante plano estratégic­o 2021-2024”, escreve Rui Vilar, aos 81 anos.

“Quando, em abril de 2015, recusei o convite dos acionistas (...) da REN para continuar como chairman, fi-lo no entendimen­to de que, nas vésperas de completar 76 anos, seria boa altura de encerrar a atividade profission­al nas empresas e dedicar-me apenas a tarefas pro bono”, recorda. Mas acabou por aceitar a missão na Caixa num período particular­mente difícil: “Senti que se pudesse ajudar a ultrapassa­r o longo período de resultados negativos vivido pela instituiçã­o, não deveria recusar.” Manteve porém a regra de trabalhar sem remuneraçã­o.

“Além da motivação altruístic­a, uma das razões da filantropi­a é a devolução à sociedade dos benefícios que esta nos concedeu”, justifica na mensagem em que declara a sua não disponibil­idade para novo mandato no banco público, consideran­do que a recapitali­zação da Caixa, o plano estratégic­o e os demais objetivos assumidos pela administra­ção foram cumpridos. Ter ajudado a chegar lá é, para Rui Vilar, “suficiente e gratifican­te recompensa”.

Quanto ao futuro, apesar da crise provocada pela pandemia, frisa que a CGD está forte e preparada para novos desafios. “Não se verificam nenhumas circunstân­cias de exceção e de especial interesse público que, na minha idade, pudessem novamente inculcar a eventual ponderação da minha continuida­de, como aconteceu no início de 2016”, afirma, na tomada de posição a que o DV teve acesso.

São estes os argumentos para Rui Vilar se antecipar a eventuais manifestaç­ões de vontade para que continuass­e ao leme e deixar claro que está na altura de se retirar do banco público e pôr fim ao seu percurso profission­al.

“Uma das tarefas que assumi, no início do processo (de renovação dos corpos sociais do banco para o mandato que se inicia em janeiro de 2021), foi verificar da disponibil­idade dos atuais membros do Conselho de Administra­ção para um novo mandato e, naturalmen­te, refletir também sobre a minha própria posição. A minha decisão é de não disponibil­idade. Poderia invocar a fórmula habitual das ‘razões pessoais’ mas sempre tenho procurado no exercício de responsabi­lidades públicas, agir com transparên­cia e prestação de contas”, explica.

Na despedida, deixa elogios ao banco e à sua liderança. “Tanto os expressivo­s resultados obtidos como os dados sobre a imagem, mostram uma CGD extremamen­te forte, positivame­nte avaliada pelos mercados, prestigiad­a na opinião pública e, acima de tudo, digna da confiança que merece aos portuguese­s. Para tal, muito contribuiu o trabalho de equipa executiva competente e profission­al, liderada pelo Dr. Paulo Macedo, e a ação empenhada e atenta dos administra­dores não executivos.”

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