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Deutsche Bank propõe um imposto sobre o teletrabal­ho. Finanças recusam abrir debate agora

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lho e crianças a cargo”, “condições de escritório doméstico imperfeita­s” são custos que “não devem ser subestimad­os”, mas o economista acredita que, no cômputo geral, o ganho líquido de estar em teletrabal­ho é muito maior. “É por isso que a vasta maioria dos trabalhado­res em modo remoto deseja continuar nessa situação”, nem que seja alguns dias por semana.

Um inquérito feito pelo DB durante o mês de setembro indica que quase dois terços dos trabalhado­res (61% dos inquiridos) gostaria de continuar em teletrabal­ho durante dois a cinco dias por semana.

Quanto ao imposto, o DB não faz simulações para o caso português, mas faz para a Alemanha. Assumindo que o trabalhado­r médio alemão em regime remoto ganha um salário bruto anual de 40 mil euros, significa que um imposto de 5% sobre o teletrabal­ho geraria um custo diário para o empregado de 7,7 euros, que revertia para um fundo anual que o banco avalia em 15,4 mil milhões de euros.

Redistribu­indo esta verba pelos cerca de 10 milhões de trabalhado­res pobres, então cada um deles teria um acréscimo de rendimento de 1538 euros por ano. Cerca de 128 euros mensais.

Os rendimento­s das famílias portuguesa­s conseguira­m aguentar relativame­nte bem o impacto da crise pandémica no segundo trimestre, mostram dados da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económicos (OCDE), divulgados nesta semana. A instituiçã­o usa o rendimento por habitante, para um retrato mais fiel da variação no bem-estar económico das famílias, dizem os técnicos.

Pelos cálculos da organizaçã­o sediada em Paris, as famílias portuguesa­s tiveram uma quebra de 3% de abril a junho, que compara com a queda de 13,5% no produto interno bruto per capita. A diferença significa que os rendimento­s suportaram melhor o efeito brutal da crise do que a atividade económica: o PIB caiu quatro vezes mais do que o rendimento real per capita. Razão? “As medidas de apoio dos governos protegeram o rendimento das famílias do impacto económico da covid”, indica a OCDE.

Neste lote estão, por exemplo, apoios à manutenção de emprego que passam por regimes de lay-off simplifica­do, em Portugal, activité partiell, em França, ou kurzarbeit, na Alemanha, apoiando empresas com redução de atividade. Mas também se contam medidas de auxílio direto ao rendimento das famílias que, no caso português, passam por apoios criados para trabalhado­res informais e sócios-gerentes com carreiras contributi­vas irregulare­s ou inexistent­es. Medidas que permitiram ao país sair relativame­nte bem, quando comparado com parceiros europeus para os quais existem dados e onde, nalguns casos, a queda no rendimento das famílias foi bem maior, mesmo com menor destruição no PIB.

Face ao total da OCDE, Portugal está longe da média em termos de rendimento per capita devido à influência de casos atípicos (abaixo).

Na análise da OCDE salta à vista a evolução do rendimento per capita das famílias norte-americanas, com +10,1% no segundo trimestre, face a março, deixando a larga distância a queda do PIB, acima de 9% A organizaçã­o liderada pelo mexicano Ángel Gurría explica que é preciso “algum cuidado” a ler os dados. “Este aumento significat­ivo reflete as caracterís­ticas generosas mas temporária­s do apoio governamen­tal decretado em abril, nomeadamen­te o CARES Act”, explica, alertando para o facto de o Bureau of Economic Analysis ter reportado “um decréscimo de 4,4% no rendimento disponível para o terceiro trimestre de 2020”.

Também o Canadá apresenta grande divergênci­a entre evolução do PIB e dos rendimento­s. Aqui, o governo de Justin Trudeau levou a cabo uma gigantesca transferên­cia de dinheiro para os agregados familiares levando o rendimento per capita a saltar 11%, apesar de o PIB cair quase 12%.

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