Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Não é a taxa Robin dos Bosques, é tirar a quem está em teletrabalho para dar aos que não têm tal opção. Finanças remetem eventual discussão para a concertação social.
Os governos devem criar um imposto sobre os empregados em teletrabalho e depois canalizar essa receita para apoiar os trabalhadores mais pobres que não podem trabalhar remotamente ou mesmo os que perderam o emprego, defende o Deutsche Bank (DB), num estudo revelado nesta semana.
Questionado pelo Dinheiro Vivo (DV), o Ministério das Finanças (MF) recusa abrir o debate nesta altura, mas defende que é uma discussão que, quando ocorrer, terá de ser feita entre governo e parceiros sociais (patrões e sindicatos). Fonte oficial do ministério de João Leão disse que “neste momento não temos qualquer resposta sobre isso”, mas que “este seria, evidentemente, um assunto do âmbito da concertação social”.
Luke Templeman, o economista do Deutsche Bank que assina a proposta de novo imposto, defende que “há anos que precisamos de um imposto sobre os trabalhadores remotos – a covid tornou isso óbvio”. “Muito simplesmente, o nosso sistema económico não está configurado para lidar com pessoas que podem desconectar-se” de uma sociedade que é presencial. Logo, “aqueles que podem trabalhar remotamente, a partir de casa, recebem benefícios financeiros diretos e indiretos” com essa nova situação, pelo que “devem ser tributados para facilitar o processo de transição para aqueles que perderam o emprego”, exemplifica o perito do maior banco alemão.
Templeman explica com detalhe a proposta. Como referido, o imposto a criar deve incidir sobre trabalhadores remotos, mas excluindo independentes e trabalhadores por conta de outrem com remunerações baixas, por exemplo, os que ganham o salário mínimo ou menos. O economista concede que se pode estudar uma medida que também não penalize os jovens (os que têm menos de 25 anos).
Com a receita gerada, além de se poder formar uma almofada para ajudar os desempregados que perderam o trabalho por causa da
“Há anos que precisamos de um imposto sobre os trabalhadores remotos, a covid tornou isso óbvio”, diz autor do estudo.