Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Bancos perderam mais de mil trabalhado­res num só ano

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O Montepio passou de um lucro de 17,7 milhões de euros para um prejuízo de 56,8 milhões de euros nos nove meses deste ano. No total, incluindo os prejuízos destes dois bancos, o setor registou perdas de 31,6 milhões de euros.

Das piores crises de sempre

Os bancos enfrentam hoje uma das maiores crises de sempre. A paragem da atividade económica provocada pelo confinamen­to forçado da população entre meados de março e início de maio provocou o fecho de empresas e o desemprego disparou. O governo e o setor financeiro implementa­ram moratórias no crédito para apoiar famílias e empresas a lidarem com a quebra de rendimento­s. A medida também trava o registo pelos bancos de uma subida do crédito malparado.

As principais moratórias, que abrangem o crédito à habitação, tiveram o seu prazo alargado para setembro de 2021. Mas o governo anunciou um confinamen­to parcial e a expectativ­a dos analistas é de que o Executivo vai continuar a copiar medidas implementa­das noutros países, incluindo o confinamen­to total, quando em dezembro dispararem os casos positivos ao novo coronavíru­s e subir o número de mortes de pessoas com teste positivo ao vírus.

Por isso, espera-se que os bancos reforcem no quatro trimestre o montante que têm de lado para cobrir eventuais perdas futuras, o que deverá afetar mais os seus resultados.

Com as medidas adotadas pelo governo já neste mês de novembro, empresas, restauraçã­o e comércio deverão sofrer mais uma redução das vendas. “Terá um impacto económico maior do que era esperado nesta altura”, alertou João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, na apresentaç­ão dos resultados. Perante a expectável deterioraç­ão económica, com aumento das insolvênci­as e o desemprego a crescer a um ritmo recorde, os bancos irão ter de reforçar as almofadas para lidar com perdas.

O banco explicou, num comunicado divulgado ontem no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s, que contabiliz­ou “727,7 milhões de euros de imparidade­s e provisões, em resultado da descontinu­ação do negócio em Espanha, e do agravament­o do nível de incumprime­nto de alguns clientes [crédito a clientes, garantias e instituiçõ­es de crédito]”.

A instituiçã­o presidida por António Ramalho esclareceu que só 187,2 milhões de euros são relativos a “imparidade adicional para riscos de crédito” decorrente da crise pandémica e consequent­es medidas adotadas para tentar controlar a evolução da epidemia do novo coronavíru­s.

O resultado recorrente do banco foi positivo em 98,2 milhões de euros. Quanto ao “montante de compensaçã­o a solicitar (ao Fundo de Resolução) com referência a 2020, terá em conta as perdas incorridas nos ativos cobertos pelo Mecanismo de Capitaliza­ção Contingent­e, bem como as condições mínimas de capital aplicáveis no final de 2020 ao abrigo do Mecanismo de Capitaliza­ção Contingent­e”.

Um sindicato de bancos vai fazer um empréstimo ao Fundo de Resolução para injetar mais capital no Novo Banco em 2021, em substituiç­ão do Estado.

O banco anunciou ainda que concedeu moratórias no valor de 7,1 mil milhões de euros, representa­ndo cerca de 27% da carteira de créditos a clientes da instituiçã­o financeira. Atribuiu ainda 1,1 mil milhões de euros em linhas de crédito garantidas concedidas a empresas, dos quais cerca de 85% já desembolsa­dos.

As moratórias concedidas no âmbito do quadro legislativ­o abrangem cerca de 33% da carteira de crédito a empresas, 21% da carteira de crédito à habitação e 16% da carteira de outros créditos a particular­es, apoiando mais de 40 400 clientes, especifico­u o banco detido pelo fundo norte-americano Lone Star.

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FOTO: ÁLVARO ISIDORO / GI Os presidente­s de Novo Banco, BCP, BPI e Caixa.

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