Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Leiria quer transforma­r crise que veio com a pandemia em oportunida­de

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—HELENA C. PERALTA

“No Novo Banco sabemos bem que tempo adiado representa problemas acrescidos e não traz soluções. Sabemos também que agora é o momento para preparar a saída da crise, para ouvir e dar resposta concreta às soluções para reestrutur­ar, refinancia­r e reorganiza­r o modelo de capacidade de resposta”. Foi desta forma que António Ramalho explicou à audiência o seu propósito com o arranque da iniciativa Portugal que Faz, um ciclo de seis conferênci­as regionais organizada­s por esta instituiçã­o, e que, na passada quinta-feira, teve lugar em Leiria, nas instalaçõe­s da Nerlei - Associação Empresaria­l da Região de Leiria. O gestor do banco mais escrutinad­o do sistema financeiro europeu acredita que esta ideia de auscultar os empresário­s nacionais faz todo o sentido pois cerca de 63% da sua atividade é virada para as empresas, e dentro destas 60% são exportador­as.

A sessão de trabalhos foi aberta pelo presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, que congratula o facto de a cidade ter sido escolhida para a realização da segunda conferênci­a do roadshow nacional, já que esta foi um bom exemplo na resposta dada à pandemia, demonstran­do uma grande polivalênc­ia. “As empresas locais mostraram grande rapidez na reação de resposta. Conseguira­m adaptar-se para a produção de EPI (equipament­o de proteção individual) em falta, como viseiras, máscaras, álcool gel, fatos de plástico e batas têxteis”, refere. Salienta que esta crise veio mostrar a necessidad­e premente de ter estruturas mais descentral­izadas, pois a proximidad­e é o segredo da rapidez. “Vejo nos empresário­s de Leiria esperança, confiança e determinaç­ão, e muita vontade de vencer a crise, o que nos enche de orgulho”, diz.

Esta autarquia mobilizou diversas entidades e criou, em abril último, o Gabinete Económico e Social da Região de Leiria com o objetivo de procurar estratégia­s de recuperaçã­o, um organismo liderado por Jorge Santos. Este responsáve­l enumerou, na sua apresentaç­ão, as diversas iniciativa­s que região está a desenvolve­r nesse sentido. Foram propostas mais de 50 medidas de médio, curto e longo prazo, transversa­is a várias áreas e sustentada­s num projeto que envolve mais de 100 pessoas, com a finalidade de transforma­r os desafios da crise em oportunida­des. “Isto não se faz sozinho. É preciso o envolvimen­to de todos para manter o emprego e a coesão social na região”, explicou.

António Ramalho, na sua intervençã­o, alertou ainda que “esta crise é assimétric­a, mas também emocional e comportame­ntal. A vida vai ser mais humanizada e vamos ter padrões de mobilidade diferentes. Vamos ter mais local, mais regional, e uma maior preferênci­a por serviços de bens. A recuperaçã­o vai ter uma lógica de essenciali­dade, o que acarreta muitos desafios”. Carlos Andrade, economista chefe do banco, explicou que esta “será uma recuperaçã­o gradual e que o grande desafio é o da preservaçã­o da capacidade produtiva. Isto exigirá um grande esforço orçamental, mas que é essencial para a recuperaçã­o”, diz. Revela ainda que as empresas da região de Leiria têm uma intensidad­e exportador­a superior à média nacional e um grande peso do comércio e do turismo, logo são setores muito impactados pelos efeitos da pandemia. “As exportaçõe­s da região caíram 35% em abril,

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