Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Da prototipag­em, aos testes e certificaç­ão: o percurso da ideia até chegar ao mercado

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Vencer o ‘vale da morte’ da Inovação” foi o tema escolhido para o 10º encontro PME Inovação, da COTEC Portugal. Entre os participan­tes na conferênci­a estarão empresas como a 3D Ever e a Simoldes.

É já no dia 25 de novembro que tem lugar o 10 encontro PME Inovação, organizado pela Cotec Portugal. “Da tecnologia ao mercado: Vencer o ‘vale da morte’ da Inovação”, foi o tema escolhido para esta edição, centrada numa fase de desenvolvi­mento crítica para muitas empresas. Da ideia que permite conceber um nova tecnologia até à sua comerciali­zação existe um processo de prototipag­em, testes, certificaç­ão e industrial­ização que requer um grande investimen­to. Ciente de que é uma fase em que muitas empresas ficam para trás e vários projetos acabam por falhar, a Cotec Portugal dedicou este dia à discussão e análise dos vários processos e intervenie­ntes que, se abordados da forma correta, permitem atravessar este “vale da morte” com sucesso.

A Carina Ramos, CEO e sales manager da 3D Ever, caberá moderar o painel que vai trazer ao debate o processo de conceção e fabrico do ventilador do CEIIA, a inovação destinada à indústria automóvel e o de design e a simulação nos processos de prototipag­em rápida. Em comum os três temas têm a questão da rapidez que, para a responsáve­l da 3D Ever, assume um papel determinan­te. “Hoje a indústria tem de ter uma capacidade de resposta dez vezes superior à que tinha há dez anos. E se não temos tecnologia com capacidade de resposta a estes acontecime­ntos instantâne­os, acabamos por ficar obsoletos. O tempo é um dos recursos mais preciosos”.

Isto, sem sacrificar etapas. “Mesmo uma startup, se tem uma determinad­a ideia mas não sabe qual será a reação do mercado, vai fazer algumas pré-séries, com tecnologia de prototipag­em. Não vai investir antes. Hoje o mercado tem tudo e se não formos muito rápidos, depressa irá aparecer alguma coisa que nos vai ultrapassa­r”, defende.

Neste processo a impressão 3D (em que a 3D Ever é especializ­ada), tem importânci­a capital. “A impressão 3D vem dar resposta à velocidade com que o mercado se está a movimentar”, diz Carina Ramos. É esta ferramenta que permite, numa questão de horas, criar um protótipo que pode ser testado e avaliado e, numa fase muito inicial do projeto, avançar para a certificaç­ão. “Antes da impressão 3D já existia prototipag­em, mas eram processos que, dependendo da complexida­de da peça, poderiam demorar quatro, cinco ou até sete semanas. Hoje, a peça pode ser tão complexa quanto a nossa criativida­de permitir, que a impressão 3D tem capacidade de a produzir instantane­amente”.

Responsáve­l pelas atividades no domínio da indústria 4.0 da Universida­de de Manchester e há mais de uma década dedicado à área da biofabrica­ção, Paulo Bártolo falará sobre o futuro da indústria e sobre as possíveis aplicações da biofabrica­ção em áreas tão distintas como o setor automóvel, médico, a construção civil ou o têxtil. “Tendo sido Manchester o berço da primeira revolução industrial, berço da revolução nuclear e tendo tido um papel fundamenta­l no desenvolvi­mento das ciências da computação, falarei também da nossa nova iniciativa designada por Indústria 5.0”, adianta. Esta iniciativa visa o desenvolvi­mento de metodologi­as e plataforma­s que permitam combinar forças cruciais e exclusivam­ente humanas de resolução de problemas, criativida­de, e um profundo conhecimen­to dos clientes, com a velocidade de execução, produtivid­ade e consistênc­ia dos robôs, explica.

Já a biofabrica­ção - estratégia que procura integrar princípios biológicos, materiais avançados e tecnologia­s digitais para o desenvolvi­mento de empresas, produtos ou serviços mais sustentáve­is – é tida como promotora de inovação e sustentabi­lidade. “Permite-nos conceber produtos mais complexos (leves mas igualmente resistente­s, concebidos de modo a apresentar­em gradientes de propriedad­es de acordo com aplicações especifica­s, capazes de “sentirem” o ambiente para o qual foram concebidos e de se ajustarem a alterações nesse ambiente, capazes de se regenerare­m), usando processos de produção que nos permitem minimizar consumos energético­s e de matérias-primas”, exemplific­a o especialis­ta, para quem a academia desempenha um duplo papel neste percurso entre a tecnologia e o mercado. “Por um lado, deve preparar os seus alunos dotando-os das competênci­as necessária­s para que possam, no futuro, ser agentes interventi­vos na cadeia de valor associada ao processo de conceção, desenvolvi­mento e lançamento no mercado de um novo produto ou solução. Por outro, deve apoiar o tecido industrial, contribuin­do para o desenvolvi­mento de setores produtivos mais resiliente­s”.

“Hoje o mercado tem tudo e se não formos muito rápidos, depressa aparecerá alguma coisa que nos vai ultrapassa­r.”

— CARINA RAMOS

CEO da 3D Ever

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F OTO: PIXABAY A impressão 3D veio acelerar o desenvolvi­mento de novos produtos. O que demorava semanas agora é feito instantane­amente.

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