Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Comércio eletrónico já vale 3% da riqueza nacional
Com um valor próximo dos seis mil milhões de euros, o comércio no segmento B2C atingiu um crescimento de 20% em 2019. Para o final deste ano, este incremento deverá situar-se entre os 40% e os 60%, segundo um estudo da CTT.
A conferência digital CTT e-commerce Day, que aconteceu na manhã da passada quarta-feira, dia 11, divulgou à audiência, composta por mais de mil participantes, dados relevantes no que diz respeito ao desenvolvimento do comércio online em Portugal e avançou com as expectativas para o final de 2020. Segundo o CTT e-commerce Report, estudo divulgado no evento, esta forma de fazer negócio, no B2C (da empresa para o consumidor final) representava perto de 3% do PIB nacional ao atingir um valor de 5,9 mil milhões de euros no final do ano passado, um significativo crescimento de 20% face a 2018. Em 2020, muito por força da pandemia, e segundo o estudo que auscultou cerca de 40 empresas do setor, este valor deverá crescer a um ritmo superior, já que as empresas, em média, estimam que as suas vendas por este canal incrementem entre 40% e 60%.
O arranque da conferência foi feito pelo Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, que reforçou a ideia da importância do peso do comércio online na economia nacional, alertando, todavia, que este tipo de negócio não representa uma ameaça às lojas físicas mas antes uma oportunidade de crescimento. Afirma que as empresas nacionais, sobretudo as PME, devem estabelecer um equilíbrio entre estabelecimentos físicos e experiências digitais, e assim reforçar os laços com os consumidores.
João Bento, CEO dos CTT, afirma que, a par com a área financeira, o comércio eletrónico é o principal vetor de crescimento da empresa nacional, uma vez que o correio postal tradicional está em queda. “Nós queremos ser, e achamos que somos, o melhor parceiro dos retalhistas no desenvolvimento dos seus negócios digitais”, refere, acrescentando ainda que os CTT fazem a entrega de cerca de 50% das encomendas geradas pelo comércio online. Revela que, em 2019, o seu volume de vendas cresceu 25%, mas que para o final de 2020, o crescimento deverá ser muito superior, e que, durante esta semana, foram batidos recordes de entregas de encomendas, tanto em Portugal como em Espanha.
A Alberto Pimenta, head of e-commerce dos CTT, coube fazer o retrato deste setor, que, apesar do crescimento alcançado, tem ainda um longo caminho a percorrer devido à ainda baixa digitalização das empresas nacionais: apenas 39% têm presença digital e, destas, apenas 27% fazem negócios online. Ou seja, o peso do digital deve situar-se entre os 3% a 4% atualmente, quando países como a China e Coreia estão acima dos 20%, e na Europa se situam entre os 15% e os 20%.
Segundo este report, o consumidor digital é essencialmente urbano, da classe média e média alta, e situa-se maioritariamente na faixa dos 25 aos 54 anos. Em 2020 registou-se um crescimento de 10 a 15% de novos consumidores online e, além disso, os que já utilizavam, passaram a comprar com mais intensidade, sendo que o valor médio das compras subiu de 800 para 1100 euros anuais. Quanto às categorias de produtos, todas elas assinalaram grande crescimento, mas os alimentares, sobretudo frescos, os farmacêuticos, os eletrónicos, os livros e produtos ligados à casa, registaram os maiores incrementos.
Após esta apresentação seguiu-se um primeiro painel de debate, sobre a nova normalidade no retalho e esta tendência do digital. Nele participaram António Ribeiro, do El Corte Inglès, Joana Bastos dos Santos, da Google Portugal, João Maria Jerónimo, da Wells, Ricardo Ortigão
Ramos, da PAEZ e Marta Lousada da Sephora. Todos os especialistas mostraram à audiência como enfrentaram o desafio da digitalização nas suas empresas e acreditam que esta tendência veio para ficar. Na Wells, por exemplo, as vendas no online deverão representar um crescimento de 500% face ao ano passado, e na Sephora, as Beauty Talks, lives digitais emitidas após o fecho da economia, geraram um incremento de cerca de 70% em algumas das marcas envolvidas.
No segundo painel, sobre a previsão dos picos de vendas durante a pandemia, participaram Pedro Bordonhos, da Lanidor, Gonçalo Soares da Costa, da Mercadão, André Serrano, da Viriatinhos e Alberto Lopez, dos CTT. João Sousa, administrador dos CTT, fechou o evento, reforçando a ideia de que o comércio online foi uma tábua de salvação para muitos negócios.
“Não queremos que as pessoas façam as compras de Natal exclusivamente através do comércio eletrónico, mas queremos que aproveitem também essa possibilidade.”
Secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor
“Posicionamo-nos como um operador de entrega total e queremos ser um parceiro ativo na digitalização das empresas portuguesas.”