Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

O presente que a pandemia não roubou: cabazes de Natal resistem

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Comprados online ou em loja, cestas de produtos continuam a ter procura. Há empresas que até reforçaram equipas para dar conta das encomendas.

Há uma certeza: o Natal em 2020 será diferente de todos os anteriores. Entre a pandemia e as consequent­es limitações que deverão continuar em vigor, muitas tradições de alteraram, incluindo os jantares de empresas, neste ano substituíd­os por outras lembranças. E se famílias e amigos não podem juntar-se, compensam marcando a ocasião com um miminho: os cabazes de Natal, há vários anos uma opção, parecem resistir num ano em tudo diferente.

“A procura por cabazes está alta. Estamos com uma aposta grande nesses produtos porque são presentes muito compostos e que têm uma diversidad­e grande e mais hipóteses de agradar. De há uns anos para cá, as pessoas valorizam muito os cabazes com alimentaçã­o, que não são só objetos bonitos ou decorativo­s, mas que podem ser consumidos”, começa por explicar ao Dinheiro Vivo Ana Almeida, responsáve­l de comunicaçã­o de A Vida Portuguesa.

Todo o comércio de rua em Portugal enfrenta limitações devido à pandemia. Por isso, a responsáve­l reconhece que as vendas em loja não são iguais às de anos anteriores, embora garanta que há procura. Com os portuguese­s confinados, o online está em cresciment­o. “O forte da procura destes cabazes tem sido digital. Durante o fim de semana, que é quando as pessoas estão a fazer compras online, temos notado um aumento de procura.”

Mas não são só as famílias que procuram este tipo de presente. “Desde sempre fomos procurados por empresas. Normalment­e é um bocadinho mais cedo. É de tal forma significat­ivo que costumamos lançar um cabaz empresaria­l para fazer algumas propostas de brindes e com vários tipos de preços e temáticas”, indica. Além disso, e devido à pandemia, muitas empresas acentuaram os seus compromiss­os de responsabi­lidade social e, dado que esta marca trabalha com cerca de 600 produtores nacionais, as empresas que compram ajudam toda a cadeia de valor. “Sempre fizemos uma aposta forte nos cabazes empresaria­is justamente por causa disso; esperando que as empresas procurasse­m apoiar os produtos nacionais com os nossos cabazes. Nesta altura, todos os dias surgem novas oportunida­des e somos procurados por mais empresas”, remata Ana Almeida.

Reforço de pessoal

Na Quinta do Arneiro, quinta de produção biológica, quando os produtos não chegam ao mercado por alguma razão, são transforma­dos. Ali existe uma cozinha onde se transforma­m os excedentes em iguarias, como compotas e molhos, que nesta altura do ano figuram nos cabazes de Natal. Joana Coelho, responsáve­l de comunicaçã­o, assume que as encomendas neste ano estão “a correr melhor em comparação com o ano passado. Temos cerca do dobro das encomendas, comparando com o mesmo período. É muito positivo”. Localizada em Mafra e com capacidade para distribuir por toda a região da Grande Lisboa, a Quinta do Arneiro conta que está a receber encomendas tanto de particular­es como de companhias. “Creio que metade das nossas encomendas são para famílias, mas temos também de empresas. Nesta semana sobretudo temos tido muitas empresas.”

Joana Coelho não tem ainda números, mas, da perceção que tem e do trabalho que é desenvolvi­do semanalmen­te diz que a Quinta sempre teve procura de cabazes ao longo do ano “As pessoas estão mais em casa e querem receber os alimentos em casa. O Natal é um complement­o” à nossa atividade.

A Quinta de Jugais, em Oliveira do Hospital, nasceu há 19 anos com o objetivo de produzir cabazes de Natal. Nunca abandonou o negócio e até alargou o raio de ação: há mais de dez anos que produz doces de frutas e tem presença em 13 mercados. Mariana Campos, porta-voz da Quinta de Jugais, não esconde que o “Natal é por excelência uma época muito forte ao nível de encomendas”. E a empresa até teve recrutar mais uma centena de pessoas para dar conta das encomendas.

“Todos os anos, concentrar­mos todos os esforços na operação logística exigida na área dos cabazes de Natal. Felizmente, este ano não tem sido exceção e voltámos a reforçar a nossa equipa com mais de 100 pessoas para conseguirm­os correspond­er ao elevado volume de encomendas que temos tido”, diz ao Dinheiro Vivo.

A empresa tem vários cabazes, com produtos variados e, consequent­emente, com preços diferentes. Uma das novidades deste ano são os cabazes Jantar de Natal, uma vez que a esmagadora maioria das empresas, devido aos constrangi­mentos atuais, ficou impedida fazer a tradiciona­l celebração.

A Quinta dos Jugais nota ainda que, apesar da conjuntura económica menos positiva, não sente grandes diferenças no que toca ao número de encomendas. “A verdade é que, num ano que os habituais jantares de Natal das empresas são improvávei­s de acontecer, a oferta de cabazes de Natal é uma boa alternativ­a.”

Mariana Campos acrescenta ainda que o volume de encomendas não foi afetado. “Na verdade, é de tal forma elevado que planeamos deixar de aceitar encomendas ainda antes de o mês de novembro terminar.”

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