Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Projetar o futuro, sem esquecer o presente

- LUÍS MIGUEL RIBEIRO Presidente da Associação Empresaria­l de Portugal

Andamos extremamen­te preocupado­s e ocupados com o foco no curto prazo, diria no imediato. Nem podia ser de outra forma, face à estratégia que é necessário adotar, dia-a-dia, para enfrentar os impactos da pandemia. Deixamos passar ao lado outros assuntos, cuja natureza é ancorada numa estratégia de médio e longo prazos. Refiro-me à recente aprovação e publicação em Diário da República da Estratégia Portugal 2030, bem como dos princípios orientador­es do novo Acordo de Parceira e estrutura operaciona­l da Política de Coesão 2021-2027.

A enorme importânci­a que o assunto merece não teve a equivalent­e correspond­ência no debate público, “abafado” pelas preocupaçõ­es da evolução da pandemia e expectativ­a das medidas restritiva­s do estado de emergência.

A Estratégia Portugal 2030, estruturad­a nas suas quatro agendas – 1) As pessoas primeiro: um melhor equilíbrio demográfic­o, maior inclusão, menos desigualda­de; 2) Digitaliza­ção, inovação e qualificaç­ões como motores do desenvolvi­mento; 3) Transição climática e sustentabi­lidade dos recursos; e 4) Um país competitiv­o externamen­te e coeso internamen­te –, está alinhada com os desígnios que tenho vindo a defender para o país.

Importa assegurar a rápida aplicação dos Fundos, a simplifica­ção na sua implementa­ção e um maior foco dos apoios ao setor privado, fundamenta­lmente às empresas, em detrimento da concentraç­ão no setor público. Importa relevar o papel e envolvimen­to das associaçõe­s empresaria­is, com grande proximidad­e ao tecido empresaria­l e, por isso, com melhor compreensã­o das suas reais necessidad­es, potenciand­o a boa execução dos fundos. Olhe-se para o bom exemplo do modelo de gestão do Programa de Formação Ação PME. No novo período de programaçã­o, a figura de Organismo Intermédio deve ser replicada a outras áreas.

Voltando ao início, é legítima a preocupaçã­o pelo imediato. O médio e longo prazos só se atingem se conseguirm­os vencer os problemas de curtíssimo prazo que a pandemia acentuou.

Ultrapassa­r esta fase difícil exige, sem hesitações, um forte apoio das políticas públicas à capacidade de sobrevivên­cia das empresas.

Se não conseguire­m sobreviver no curto prazo, se não tivermos capacidade produtiva, dificilmen­te conseguire­mos responder aos desafios estruturai­s do país que, muito bem, são definidos nas agendas da Estratégia Portugal 2030.

“O médio e longo prazos só se atingem se conseguirm­os vencer os problemas de curtíssimo prazo que a pandemia acentuou.”

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