Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Estacionár­io é pouco

- JOÃO AB DA SILVA Economista e investidor

No passado dia 27 de julho, Jordan Peterson publicou um vídeo no Youtube com uma advertênci­a aos canadiense­s, sob o título: Reflection­s On The Sorry State of Canada. Recomendo vivamente. Não só porque não aparece na imprensa portuguesa como revela muitos dos problemas que aí se avizinham. Sobretudo, em países outrora tidos como estandarte­s do Ocidente livre e que, hoje, estão na linha da frente da luta pela venezueliz­ação woke do universo.

Peterson não é economista. Mas, se fosse, talvez este seu apelo lhe recordasse o velho problema do estado estacionár­io. Tanto para Adam Smith como para David Ricardo, o cresciment­o económico deve-se à acumulação de capital gerada pelo excedente. No entanto, este processo de acumulação é contraditó­rio, no sentido em que não só se expande como se retrai.

Para Smith, o ponto de saturação sucederia quando a acumulação de capital implicasse aumentos salariais combinados com baixas de preços, resultando numa diminuição dos lucros. Já Ricardo alegava que este ponto se alcançaria quando a população crescesse de forma desproporc­ional à suas necessidad­es alimentare­s. Por sua vez, Stuart Mill tem uma visão mais positiva, sustentand­o que a saturação poderia ser superada pela tecnologia, relações de comércio e investimen­to com o exterior, bem como pela destruição de capital em tempos de crise.

O estado estacionár­io ocupou, assim, a mente dos economista­s ao longo dos séculos. E para não me ficar pelos clássicos, recordo que o neokeynesi­ano Robert Solow foi galardoado com o Nobel, em 1987, justamente pelas suas contribuiç­ões para a teoria do cresciment­o económico, intrinseca­mente ligada ao tema em questão.

No fundo, porém, andaram todos a perder tempo. Afinal, para quê estudar o assunto, na teoria, quando, na prática, o estado estacionár­io é deliberada­mente provocado por socialista­s desmiolado­s como o Sr. Trudeau?

Em sete anos de governo, não faltou radicalism­o fiscal, regulatóri­o, ecológico, sexual (ou, de género) e pandémico, acompanhad­o de um nível de repressão que escandaliz­aria qualquer ocidental, se os media não tratassem de o ocultar.

Resultado, diz Peterson: segundo a OCDE, a economia canadiense é a que tem “piores projeções de cresciment­o, entre as principais sociedades industriai­s, para os próximos 40 anos”. Estacionár­io é pouco, Sr. Trudeau, isto é pura destruição.

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