Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Dona da H3 quer recuperar resultados de 2019 e atingir 45 milhões de euros

Real Food, que também tem as marcas Tomatino e Café3, está a expandir-se e pretende contratar 100 colaborado­res para trabalhare­m nos novos espaços e nos que já se encontram em funcioname­nto.

- —MÓNICA COSTA monica.costa@dinheirovi­vo.pt

Assume-se como a quinta maior marca de restauraçã­o rápida a nível nacional, mesmo entre os operadores internacio­nais estabeleci­dos no nosso país. O H3, que sempre viveu em centros comerciais, quer agora crescer para zonas com muito tráfego (aeroportos e estações ferroviári­as) e está a contratar colaborado­res, para repor aqueles que saíram na altura da pandemia.

João Ventura, sócio maioritári­o do grupo Real Food, conversou com o Dinheiro Vivo e explicou que não só de H3 se fazem os negócios do grupo, que ainda engloba as marcas Tomatino e Café3. Ao todo, em Portugal continenta­l, a Real Food gere mais de oito dezenas de restaurant­es e nas ilhas tem sete franchisad­os.

Agora, e depois de todos os condiciona­lismos impostos pela pandemia, o negócio parece estar a recuperar, embora esteja a lidar com uma nova realidade: a inflação e a guerra. “Estamos com um desafio muito grande: habitualme­nte, trabalhamo­s com um orçamento e temos a estimativa dos nossos resultados bem delineada e vamos ao longo do tempo garantindo que estamos a seguir aquilo que está orçamentad­o”, afirmou. “O que se passa é que está desvirtuad­o desde fevereiro, devido à guerra. Há uma componente de vendas que ainda é muito difícil de estimar, mas o nível pré-pandemia do grupo era de uma faturação de 50 milhões de euros e estimamos, para 2022, 45 milhões de euros, mas ainda sem certezas”, revelou, explicando que se atingir esse valor, o grupo vai estar praticamen­te ao nível de 2019. Altura em que o delivery (entregas ao domicílio) tinha um impacto relativame­nte baixo – cerca de 5% – na faturação do grupo. Atualmente representa perto de 15%.

“Os principais desafios que temos passam pela inflação, pois os produtos com que trabalhamo­s estão com um nível de inflação muitíssimo elevado e a componente imobiliári­a também está a ser muito desafiante”, diz. Ou seja, os centros comerciais querem retomar os

níveis de faturação e, em alguns casos, estão a impor aumentos de renda elevados.

Taxas das embalagens

Também as taxas relativas às embalagens utilizadas nas entregas de comida são custos acrescidos, para o Real Food e para os clientes. “Esta taxa, supostamen­te, é um incentivo para deixar de se utilizar embalagens plásticas, mas no delivery não temos grande alternativ­a. Não podemos enviar em material reutilizáv­el porque os estafetas não fazem o retorno da loiça, por exemplo”, declara o gestor. E não é possível entregar refeições quentes em embalagens de papel. “O papel só por si não garante as condições de entrega da comida. Percebemos claramente a intenção desta taxa, mas quando não há alternativ­as é desafiante”.

Sem alternativ­as, é natural que esses custos se venham a refletir no cliente. Como diz João Ventura, os sacos, sejam de que material forem, já são taxados há alguns meses. Mas, desde julho, também as embalagens de utilização única passam a sofrer uma taxa de 30 cêntimos. “Por exemplo, se tiver um envio em que há uma garrafa de bebida, uma embalagem para o hambúrguer e uma embalagem para as batatas, tenho de cobrar 90 cêntimos de taxas pelas embalagens. A taxa é mais cara do que a própria embalagem, é altamente penalizado­r, mas somos obrigados a mostrar a faturação desse valor por cada embalagem”, considera. “Se estivermos a falar de 90 cêntimos em cobrança de embalagens, estamos a falar de um aumento de 8% a 10%, um valor muito elevado”, lamenta João Ventura.

Expansão continua

Apesar da inflação, o Real Food quer continuar a crescer. Até ao final do ano, o grupo pretende abrir um H3 e dois Tomatinos, sendo um Tomatino no centro comercial Strada, em Odivelas, e os restantes restaurant­es no Algarve.

“Ao longo destes anos temos ganho muito know-how de gestão de restaurant­es e queremos continuar a afirmar-nos além do H3. Queremos gerir mais marcas e consolidar a nossa posição no mercado português”, declara, adiantando que o setor da restauraçã­o está a sofrer grandes desafios, de onde podem surgir grandes oportunida­des. Para João Ventura, o futuro do Real Food afigura-se como um cresciment­o orgânico, através da aquisição de marcas ou, por exploração de marcas estrangeir­as que queiram vir para Portugal.

No entanto ainda existe uma grande dificuldad­e, que o responsáve­l diz estar a tentar contornar. “Temos um desafio tremendo que é a gestão de pessoas. O que está previsto para Portugal é um cresciment­o acima do PIB para o turismo e a restauraçã­o é a área específica do turismo que mais peso tem em termos de faturação e de emprego. Há uma procura muito grande por pessoas para o setor, mas a oferta é cada vez menor”, diz, adiantando que os estudos indicam que, nos próximos anos, a mão-de-obra disponível para o setor da restauraçã­o seja ainda em menor número.

Contrataçõ­es a caminho

“Será estratégic­o para nós gerirmos bem a área de pessoas do grupo, porque, sem elas, não conseguimo­s ter cresciment­o”. Presenteme­nte, o grupo está a contratar para os restaurant­es H3 cerca de uma centena de pessoas.

“Sabemos que se não tivermos um nível de equipa semelhante ao que tínhamos em 2019, dificilmen­te podemos esperar os mesmos resultados, porque a restauraçã­o depende muito das pessoas”, afirma João Ventura, esclarecen­do que as contrataçõ­es já estão em andamento.

Real Food quer contratar 100 pessoas para trabalhar nos seus restaurant­es de fast food. Dona da rede H3 quer ter uma equipa de colaborado­res semelhante à que existia em 2019, para alcançar resultados semelhante­s à época pré-pandemia.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS João Ventura é sócio maioritári­o do grupo Real Food, dono do H3.

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