Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
“Operadores não regulados atraem 40% dos jogadores”
Ricardo Branquinho da Fonseca diz que o país devia alargar oferta de apostas online para pôr ilegais fora de jogo. E proibir pagamentos eletrónicos em sites não regulados.
O mercado regulado do jogo online existe há sete anos, a Betano chegou ao país há três e já é o segundo operador, com planos para chegar ao topo, “assim os clientes queiram fazer-nos líderes de mercado”. “Temos de reconhecer que a nossa operação tem corrido bem, houve uma boa resposta à nossa estratégia”, conclui Ricardo Branquinho da Fonseca, country manager da Betano Portugal, ao Dinheiro Vivo.
Foco no cliente, nos serviços e qualidade do produto são as ferramentas, diz o responsável, apontando que a Betano Portugal assume já 23% dos resultados da casa-mãe (que pesa 56% no grupo Kaizen). Valores concretos não pode avançar, já que a empresa trata os resultados de forma consolidada e não tem obrigação de os publicar. Lembra apenas que muito dinheiro é devolvido em prémios.
“Na nossa atividade de casino online, 97% do dinheiro jogado vai pagar prémios, nós temos uma margem média de 3%.” As apostas desportivas flutuam mais, com o próprio calendário desportivo. E há ainda o impacto do imposto, que incide sobre o valor apostado, independentemente do resultado. “Toda e qualquer aposta paga imposto à cabeça, são 8% sobre todas as apostas desportivas, mesmo que depois tenhamos de pagar prémio. No casino online a taxa já só incide sobre a nossa margem”, explica.
Na Betano Portugal desde o dia um, Ricardo conta já com 14 anos de jogo online – começou em 2008 na Betclic, depois fundou a Doze (adquirida por grupo sueco, com o qual se manteve até 2019) – e garante que é a melhor empresa em que já trabalhou. Agilidade, dinamismo e a exigência no que oferece aos clientes e aos trabalhadores são os fatores que lhe aponta. “Não olhamos a meios para entregar o melhor produto, tecnologia, serviço.” E isso tem-se traduzido em crescimento, diz, exemplificando com as 1200 pessoas que já compõem a casa de jogo online em Portugal, quase três vezes as originais.
O “drive” de que o responsável fala tem levado ao reconhecimento “de clientes e do setor”. “Nos óscares da indústria, ganhámos a melhor app de jogo online, ainda agora fomos considerados o melhor produto de apostas desportivas em futebol, vimos reconhecido o apoio ao cliente, fomos escolha do consumidor. Esforçamo-nos muito e ficamos contentes com este reconhecimento.”
Para prestar este nível de serviço, a localização é chave e por isso a Betano Portugal abriu recentemente aqui um hub de desenvolvimento tecnológico que lhe permite identificar melhor as necessidades dos clientes, contactá-los de perto e até desenvolver soluções tecnológicas à medida do mercado.
E qual é o best-seller aqui? “É muito equilibrado”, garante o gestor, fazendo divisão salomónica entre apostas desportivas e casino.
Crescer com fidelização
Casino ao vivo, virtual games e e-sports não são legais no país. “Alargar a oferta seria oportunidade para as empresas, traria mais segurança a clientes e mais receita fiscal.”
“Queremos relações de longa duração, quem joga pouco, por muito tempo.”
“Temos no grupo um plano de crescimento muito ambicioso, agressivo, ainda que responsável, pelo que vamos continuar a expandir-nos”, frisa Ricardo Branquinho da Fonseca, garantindo que Portugal não será exceção. A estimativa é que todos os trimestres haja 300 mil jogadores online
no país, pelo que há muito por onde fazer caminho, mantendo os cuidados de proteção que a empresa tem como invioláveis.
“Os números auditados do regulador são globais e os jogadores não são únicos, são pessoas que jogam em todos os sites. Estudos demonstram que 81% deles jogam uma vez por semana ou menos; e 76% põem aqui menos de 50 euros/mês (e alguns ganham).” O negócio da Betano é, por isso, de volume. “Investimos muito em marketing porque queremos ter relações de longa duração com os clientes; não nos interessa que venham com muita sede ao pote e partam a cara, queremos quem joga pouco, ponderadamente, mas durante muito tempo.”
Segurança e interesses dos jogadores são por isso pedra de toque para o country manager, que elogia a regulação portuguesa pelos princípios e filtros que impõe. “Temos imensas ferramentas de jogo responsável imprescindíveis para a boa convivência entre empresas e clientes, desde o número de apostas que fazem à quantidade de dinheiro em carteira e frequência de depósitos, definição de limite de perdas, períodos de cool-off e até autoexclusão permanente.”
Mas nem tudo são rosas. “O nosso portefólio de produtos regulados fica aquém da oferta europeia.” Ricardo refere-se ao casino ao vivo, aos e-sports e virtual games
que movem milhões e que em Portugal não são legais. O que não significa que não sejam jogados, em plataformas de operadores não regulados – gerando concorrência desleal, com os riscos que isso implica para clientes, a perda de negócio para as empresas que aqui estão legais e de receita fiscal para o Estado. “Alargar a oferta seria uma nova oportunidade de negócio e segurança adicional para os portugueses”, frisa Ricardo. “Seria bom incluir esses produtos, até para retirar argumentos a operadores não regulados que atraem 40% dos jogadores.” Das abordagens que tem feito, reconhece vontade da tutela em responder nesse sentido, mas o country manager da Betano Portugal aponta um caminho que podia abreviar uma mudança de lei: indisponibilizar meios de pagamento eletrónicos como o MBWay nas plataformas não reguladas.