Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Novo Rumo a Norte chegou a 5 mil empresas e prepara arranque da terceira edição
Projeto, apoiado pelo Norte 2020, visa o desenvolvimento de um “ecossistema empresarial próspero”. Cooperação, inovação e capitalização foram os eixos trabalhados.
Desde o seu arranque, em 2015, e com duas edições já decorridas, o Novo Rumo a Norte envolveu já mais de cinco mil empresas. Criado com o objetivo de “dar um impulso” às PME no seu processo de crescimento, o programa vai ter uma terceira edição, estando a Associação Empresarial de Portugal (AEP) a preparar a candidatura, para submissão no âmbito do Portugal 2030, ou ainda, se possível, no overbooking do PT2020. “Queremos continuar com este projeto, que constitui um serviço público que serve os interesses da região e do país. As empresas necessitam deste trabalho, sobretudo na atual conjuntura, particularmente complexa e difícil”, avançou o presidente da AEP.
Para Luís Miguel Ribeiro, a cooperação, “elemento essencial para acrescentar valor”, e que está na génese do projeto Novo Rumo a Norte, é o que “fará a diferença na capacidade de resposta, e até de sobrevivência, das empresas”. A incerteza “tem que ser partilhada e enfrentada em conjunto”, sendo que, não tem dúvidas em garantir que, “cada um por si terá muito mais dificuldades em dar uma resposta aos desafios”.
Sabendo-se que os empresários portugueses não são, por tradição, grandes adeptos da cooperação, o presidente da AEP acredita que as mentalidades estão a mudar, até por efeito da mudança geracional que se vai fazendo nas empresas, mas impulsionada, também, pelo contexto que se vive. “Os empresários vão percebendo cada vez mais que o princípio de que o segredo é a alma do negócio não resulta e que o que faz a diferença é a capacidade de cooperação, de partilha e de agir em conjunto. O mercado global que enfrentamos, a dimensão das nossas empresas e do nosso país exigem que haja, cada vez mais, uma articulação e cooperação”, frisa.
Luís Miguel Ribeiro lembra que
Portugal tem o grande desafio da (baixa) produtividade para ultrapassar, destacando que esse fator está proporcionalmente ligado à dimensão das empresas. “Se não for através de processos de cooperação, ou eventualmente de aquisição ou fusão, num caso ou noutro, é muito difícil às microempresas implementarem processos que levem a mais inovação, que possam melhorar a produtividade e o valor acrescentado produzido. O ganho de escala é, e será cada vez mais, um fator decisivo na competitividade das nossas empresas, e, por isso é que este trabalho de mudança de cultura e de mentalidades, e de alerta para os desafios, é cada vez mais visto pelos empresários de forma aberta e disponível, porque percebem que é este o caminho
Formação, I&D, internacionalização e colaboração em rede apontadas como vitais para o aumento da produtividade das empresas e o fortalecimento da competitividade nacional e internacional da região.
que temos de fazer”, frisa o responsável.
Cooperação, inovação e capitalização foram, precisamente, os três eixos de desenvolvimento da segunda edição do projeto “O Novo Rumo a Norte”, que levou à criação de uma plataforma que engloba um heldpdesk específico para dar resposta às necessidades das empresas, plataforma essa que conta já com mais de 5000 utilizadores registados (empresas) e 200 parceiros. Só o helpdesk, que tem o compromisso de dar resposta às questões colocadas em 48 horas, contabiliza já mais de dois mil pedidos. Há ainda a ter em conta os oito laboratórios de diagnóstico de necessidades empresariais e regionais, igual número de laboratórios de ação para o apoio ao desenvolvimento empresarial, os 48 núcleos de empresas e as 14 oficinas de inovação desenvolvidas, nas quais participaram empresas como a Tintex, Laskasas ou Jordão, entre outras.
Lembrando que a realidade é “muito diversa” entre o interior e o litoral – ou, dito de outro forma, entre os territórios de baixa e alta densidade –, e que as empresas do interior não têm acesso ao mesmo nível de informação que as que estão no litoral, a AEP procurou, com este programa, ajudar à coesão territorial, numa lógica de partilha de recursos e know how, procurando democratizar o acesso às mesmas oportunidades, independentemente do local onde a empresa está sediada. E, para isso, foi criada uma rede de interação entre associações empresariais, de âmbito nacional, regional ou local, as comunidades intermunicipais e os municípios, e o sistema científico e tecnológico.
Sobre os pedidos que chegam das empresas ao helpdesk, Luís Miguel Ribeiro assume que são de natureza variada. “Temos pedidos que vão desde esclarecimentos sobre questões de legislação laboral ou fiscal, apoios à compra de equipamentos, a procura de potenciais parceiros ou de respostas do sistemas científico e tecnológico ao nível da investigação”, diz, sublinhando que a rede de cooperação institucional criada é vital para dar resposta a isto tudo.
“O Norte precisa desta rede. Temos a capacidade, o ADN, o tecido empresarial e industrial de que o país tanto precisa, mas depois não temos ainda os indicadores que correspondam ao contributo que esta região dá e, por isso, a cooperação será sempre o elemento essencial para começarmos a acrescentar valor ao que a região já faz, aquilo que pode ser o nosso papel e o contributo para o PIB nacional”, sustenta.