Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Nova ordem mundial já está a alterar o modo como viajamos

PORTUGAL MOBI SUMMIT

- —CARLA AGUIAR

Da urgência climática à crise energética e às consequênc­ias da guerra, a palavra de ordem é mudar de hábitos e poupar. E isso aplica-se também à forma como nos movemos. Usar menos o carro e mais o transporte coletivo e a bicicleta é a receita prescrita para a nova era

Como melhorar a qualidade de vida nas cidades e ter tudo o que precisamos a distâncias curtas que possamos fazer a pé ou de bicicleta sem poluir o ambiente? Para além de inovadoras políticas de urbanismo e de incentivo à mobilidade sustentáve­l, a melhoria da segurança rodoviária para quem usa bicicleta ou trotinete é cada vez mais apontada como fundamenta­l para mudar os hábitos.

Afinal, e de acordo com dados da PSP, registaram-se 445 acidentes com trotinetes entre 2019 e 2021, numa média de 12 ocorrência­s por mês. E se é verdade que no caso das trotinetes os problemas se devem, na maioria das vezes, a uma condução negligente, os ciclistas e peões sofrem acidentes muito por causa do excesso de velocidade dos automobili­stas.

O tema da segurança foi sublinhado no último debate do Portugal Mobi Summit, que se centrou na mobilidade suave e no conceito da ‘cidade dos 15 minutos’ - aquela em que podemos ter serviços, comércio, saúde e lazer ao alcance de um quarto de hora.

Aveiro é uma cidade pioneira que está a caminhar a passos largos para esse conceito, criando mais ciclovias e zonas de circulação limitada a 30 km/hora. Mas Portugal tem muito mais cidades com potencial para entrar na onda da mobilidade mais sustentáve­l, assim haja determinaç­ão política.

É uma onda a que também as forças de segurança, responsáve­is por fiscalizar esses limites de velocidade, estão a aderir, substituin­do gradualmen­te a sua frota automóvel por veículos elétricos. Tanto a PSP como a GNR dispõem já de veículos elétricos, sendo que a Guarda está mesmo a investir numa rede própria de carregamen­to dos seus veículos, esperando ter mais de 70 postos até 2023. E justifica-o tendo em conta a elevada dispersão do território sob sua jurisdição e a insuficien­te rede pública de carregamen­to nas zonas mais remotas do país.

Em grande cresciment­o em toda a Europa e em Portugal também – somos o 4 país onde o peso destes automóveis é maior nas novas vendas - a mobilidade elétrica vai ter de tomar conta das cidades se queremos atingir a meta de redução em 60% das emissões de co2 até 2030 e da descarboni­zação total até 2050.

Embora os automóveis sejam responsáve­is por 25% das emissões totais, os SUV libertam uma percentage­m maior, razão pela qual estão a tornar-se alvo do ataque de ativistas ambientais do movimento global conhecido como Exterminad­ores de Pneus (Tyre Extinguish­ers), que só no mês de julho desencadeo­u mais de uma dezena de ações em várias cidades entre Reino Unido, França, Suécia ou Estados Unidos. Atuam pela calada da noite e esvaziam os pneus destes veículos, para além de também estarem envolvidos em outro tipo de manifestaç­ões e de serem considerad­os uma espécie de eco-terrorista­s.

São sinais dos tempos novos que vivemos de crise climática e energética, no rescaldo de uma pandemia a coincidir com uma guerra na Europa de efeitos ainda não totalmente previsívei­s. Seja como for, o modo como viajamos dentro das cidades ou entre países está já a ser impactado pela nova ordem mundial e é um tema transversa­l à 5ª edição do Portugal Mobi Summit que terá a sua cimeira internacio­nal a 28 e 29 de setembro na Nova SBE.

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