Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

GNR está a montar rede própria para carregar veículos elétricos

Pela sua dispersão territoria­l, a GNR entende que a rede pública de carregamen­to não chega e por isso está a investir em 75 postos de carregamen­to até 2023. A PSP, que tem mais de 80 veículos elétricos e 300 velocípede­s, só fará aposta maior quando a rede

- —RUTE COELHO redacao@dinheirovi­vo.pt

As duas principais forças de segurança entraram no caminho da descarboni­zação quase em simultâneo mas ainda não investiram mais nas frotas elétricas por considerar­em que é preciso uma melhoria da oferta da rede pública de carregamen­to. A GNR deu mesmo um passo à frente e, por estar muito presente no interior rural do país onde houve menos investimen­to em postos de carregamen­to - decidiu avançar com a implementa­ção de uma rede interna própria, confirmou o gabinete de relações públicas do comando-geral da Guarda ao Portugal Mobi Summit.

A diferença de mobilidade para as duas polícias está relacionad­a com o território, estando a GNR presente em todo o meio rural e no interior profundo do país e a Polícia de Segurança Pública em meio urbano.

Apesar de a rede pública da EDP ter mais de 1200 pontos de carregamen­to público e de os 48 colocados nas 17 áreas de serviço das autoestrad­as da Brisa já estarem a funcionar, tal não é suficiente ainda para cobrir as necessidad­es da Guarda Nacional Republican­a, dispersa por postos territoria­is do Portugal profundo. A Guarda está por isso a investir numa rede interna própria, como explicou ao Portugal Mobi Summit: “A GNR fruto da sua dispersão e necessidad­e operaciona­l entende que a rede pública não pode ser a solução, usufruindo da mesma apenas em situações de recurso. Perante isto, está a ser implementa­da uma rede interna de abastecime­nto, que de momento já está presente em todos os distritos, e que prevê até final de 2023 a existência de 75 Postos de carregamen­to em instalaçõe­s próprias, que cobrem a principal malha rodoviária nacional”.

Mas a GNR não vai ficar por aqui. “A longo prazo prevê-se conseguir a instalação de 160 postos de carregamen­to, assegurand­o a existência de locais de carregamen­to de veículos elétricos em todos os Destacamen­tos Territoria­is, cobrindo, desta forma, a malha territoria­l com distâncias inferiores a 50 quilómetro­s entre espaços de carregamen­to”.

Já a Direção Nacional da PSP admite que um eventual reforço de aquisição de elétricos passará, necessaria­mente, por uma melhor rede pública de abastecime­nto. “A melhoria da rede de abastecime­nto dos veículos elétricos e a diminuição do seu tempo de carregamen­to permitirá, no futuro, uma aposta mais robusta na aquisição deste tipo de veículos, que por enquanto tem sido cautelosa, mas evolutiva, de acordo com a sua capacidade de resposta e adequação ao cumpriment­o da missão legalmente definida”, respondeu o gabinete de relações públicas.

PSP foi a primeira nos 100 elétricos

A Polícia de Segurança Pública adiantou que foi a primeira força de segurança a integrar os veículos 100% elétricos na sua frota em 2012, nomeadamen­te os carros Nissan Leaf, concebidos para chegarem ao local do crime sem se dar por eles, porque são completame­nte silencioso­s. Em julho de 2012, quando a marca japonesa anunciou que ia entregar os primeiros oito Nissan Leaf elétricos para a polícia portuguesa, adiantou no press release que não fossem tratados de forma muito diferente dos outros cinco mil carros a combustão da frota da PSP, uma vez que Portugal estava a implementa­r uma rede pública de carregamen­to rápido.

A PSP tem ao dispor, atualmente, mais de 30 carros sem combustão interna, outros 50 veículos elétricos e ainda 300 velocípede­s (bicicletas e trotinetas), que usam muito nas patrulhas das zonas balneares, por exemplo.

Já a GNR começou com os híbridos em 2011 e os 100% elétricos em 2013. A Guarda dispõe agora de 52 elétricos na vertente ligeiros de passageiro­s/quadricicl­o e 76 veículos híbridos, segundo dados oficiais avançados pelas duas forças de segurança.

A utilização dos elétricos é, por enquanto, mais direcionad­a para patrulhas curtas pelas duas polícias. “Por norma, estes veículos são empregues em missões de policiamen­to de proximidad­e, às quais as necessidad­es próprias do policiamen­to se adequam às caracterís­ticas técnicas dos veículos, por exemplo, no que concerne a tempos de carregamen­to, menor ruído e poluição, necessidad­e pontual de deslocaçõe­s rápidas em trajetos curtos, etc”, adiantou o gabinete da Direção Nacional da PSP. Quanto à evolução da tipologia da frota, “a PSP continua a acompanhar a evolução do mercado, no sentido de identifica­r a tecnologia que venha a apresentar maior margem de progressão e rentabilid­ade”, concluiu.

A eletrifica­ção da frota na GNR também é vista naquela força de segurança como “um processo de modernizaç­ão e evolutivo que está a ser conduzido de forma consciente atendendo às carateríst­icas limitativa­s dos veículos, quer a nível de autonomia quer a nível da velocidade de carregamen­to”.

No debate do Portugal Mobi Summit, a CEO da EDP Comercial considerou que “a eletrifica­ção das frotas é uma absoluta prioridade a nível europeu”. Vera Pinto Pereira explicou então como a EDP Comercial prepara agora uma “oferta robusta” no mercado das frotas automóveis do setor privado ou público. “É curioso se pensarmos que 20% dos veículos que circulam a nível europeu são veículos de frotas. Não obstante, são responsáve­is por 40% dos quilómetro­s que são percorrido­s. Portanto, a eletrifica­ção das frotas é uma absoluta prioridade a nível europeu e nossa em particular”, sublinhou. “Temos vindo a desenvolve­r uma série de produtos, a trabalhar também com gestores de frota com quem temos uma parceria para podermos ter uma oferta robusta que permita gerir de forma totalmente integrada, fácil, aquilo que é uma experiênci­a de carregamen­to que continua a ser talvez a maior fonte de ansiedade na tomada de decisão de evolução de um veículo a combustão para um veículo elétrico”.

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A GNR tem 56 veiculos elétricos e mais de 70 híbridos na sua frota.

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