Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Hoti investe 110 milhões em hotéis e aposta no imobiliári­o

O grupo hoteleiro português vai acrescenta­r mais 1500 quartos ao seu portefólio, do Porto ao Algarve. Estreia no imobiliári­o avança no Porto, em Aveiro e em Famalicão.

- —RUTE SIMÃO rute.simao@dinheirovi­vo.pt

O ano já vai a mais de meio e a sede por recuperar o tempo perdido na pandemia tem dado gás aos projetos que ficaram no papel nos últimos dois anos. A Hoti Hotéis arregaçou as mangas e traçou um plano de investimen­to de 110 milhões de euros de Norte a Sul do país. Do Porto ao Algarve, o grupo hoteleiro português tem em desenvolvi­mento oito hotéis que deverão abrir portas até 2027. A aposta forte faz-se a Norte, com a expansão do portefólio em Braga, Viana do Castelo, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Porto e São João da Madeira. Seguem-se Coimbra e Aveiro e, a longo prazo, Lisboa e Algarve. No total são cerca de 1500 novos quartos em construção que irão elevar o portefólio do quinto maior grupo hoteleiro do país para as cinco mil unidades de alojamento.

No Porto, vai nascer na Avenida da Boavista um quatro estrelas da marca Meliá, com 220 quartos e um lote de 82 apartament­os, que marca a estreia do grupo no imobiliári­o na Invicta. Os preços das casas ainda não estão definidos mas deverão arrancar nos seis mil euros por metro quadrado. A construção dos dois projetos inicia no próximo ano e os planos no ramo não terminam aqui. “Para já queremos apostar no imobiliári­o sempre associado a um hotel de nível superior, oferecendo apartament­os que tenham apoio dos serviços do hotel como a restauraçã­o, a piscina, o spa, por exemplo. Estamos abertos a continuar este investimen­to e Famalicão e Aveiro deverão ser as próximas cidades a seguir este modelo de hotel e apartament­os”, revela o presidente do grupo, Manuel Proença.

Se o imobiliári­o é um negócio recente, o investimen­to na praça hoteleira do Porto assume-se como uma relação consolidad­a. A Hoti tem já quatro hotéis na cidade, prepara-se para abrir o quinto, e revela a procura por outros projetos. “Tínhamos um plano para um hotel junto à estação de São Bento, que gostaríamo­s muito de ter feito, e infelizmen­te fomos obrigados a desistir porque não conseguíam­os obter autorizaçõ­es da Câmara Municipal. Já tínhamos feito o pagamento de uma parte substancia­l do terreno mas não podemos ter mais projetos deste tipo parados”, lamenta o responsáve­l.

O interesse no Norte de Portugal concretiza-se também em Braga, com a reconversã­o de um edifício contíguo ao Recolhimen­to das Convertida­s, datado do século XVIII. O futuro Hotel Plaza Central, que será o segundo hotel do grupo na cidade, abre portas no próximo ano num investimen­to de 16 milhões de euros.

Também em 2023 deverá estar concluída a reconversã­o do Palacete dos Condes Dias Garcia, em São João da Madeira, num investimen­to de 11 milhões de euros. O novo hotel nasce da concessão ganha através do concurso Revive, que atribuiu a exploração do edifício ao grupo durante 50 anos.

Já em Aveiro, a Hoti Hotéis adquiriu um terreno com quatro lotes junto ao Meliá Aveiro onde irá avançar com a construção de um hotel da marca Star Inn e também de um lote com 170 apartament­os, replicando o modelo da Invicta que será reproduzid­o ainda em Vila Nova de Famalicão.

Os planos para chegar a Coimbra devem seguir nos próximos três anos e, a longo prazo, o grupo pretende também avançar com um hotel de 110 quartos em Lisboa, no Largo do Rato, que se encontra em stand by há alguns anos a aguardar decisão judicial para o arranque da obra.

Cenário idêntico acontece no Algarve, em Vila Real de Santo António, onde o grupo português tem projetado uma unidade com 150 quartos.

Outro dos projetos que está parado é o hotel no Centro Cultural de Belém (CCB), anunciado em 2019, que resulta de uma parceria com a Mota-Engil. Para já, a futura unidade de 172 quartos que custará 30 milhões de euros não tem planos definidos. “Estamos serenament­e a aguardar que a administra­ção atual do CCB se pronuncie. Isto resulta de um concurso feito com a anterior administra­ção e estamos agora a aguardar que analisem o assunto e que depois nos deem notícias do que se pretende fazer”, esclarece Manuel Proença que assume que este empreendim­ento não consta do pipeline do grupo por suscitar “muitas dúvidas” e admite que há a hipótese de não se concretiza­r.

Espanha na mira

No capítulo da internacio­nalização, os planos fazem-se para a expansão em Moçambique, onde o grupo está já presente com o Meliá Maputo Sky.”É um dos nossos destinos de preferênci­a e queremos desenvolve­r mais unidades, em particular na zona de Maputo. Estamos, no entanto, a aguardar a melhor conjuntura e que as condições políticas o permitam”, enquadra o presidente do grupo.

Outro dos objetivos passa por expandir a operação da Hoti Hotéis para o país vizinho. O interesse em Espanha é evidente e a procura de oportunida­des está já em curso. Manuel Proença revela que estão a decorrer negociaçõe­s para fechar negócio e assume que a Galiza é a região com maior interesse para a empresa portuguesa. À semelhança de Portugal, o plano de expansão passa por apostar nas marcas Meliá e Tryp.

Com um plano ambicioso de cresciment­o para os próximos anos, Manuel Proença admite que a inflação é um dos maiores desafios à concretiza­ção dos projetos e aponta as “crises de revisão de preços” como uma das maiores dores de cabeça. “Há empreiteir­os a solicitar a revisão de preço assim que iniciam a obra. O ferro e o aço subiram, os materiais todos subiram, consequênc­ia da situação que se vive. Já tivemos uma atualizaçã­o de 10% nos preços, vamos ver no futuro, tem de ser negociado caso a caso. Há uma instabilid­ade relativame­nte aos preços das obras”.

“Moçambique é um dos nossos destinos de preferênci­a, queremos abrir mais unidades em Maputo.”

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS O Hotel Plaza Central, em Braga, foi alvo de um investimen­to de 16 milhões de euros e inaugura no próximo ano.
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—MANUEL PROENÇA Presidente da Hoti Hotéis

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