Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Portugal 2030: prioridade­s e opções

- LUÍS MIGUEL RIBEIRO Pres.da Associação Empresaria­l de Portugal

Nos últimos seis meses a transforma­ção da envolvente empresaria­l tem sido enorme. A guerra, a inflação e o consequent­e aumento das taxas de juro agravaram o contexto de incerteza da pandemia e introduzir­am maior complexida­de ao planeament­o e ao normal funcioname­nto da atividade empresaria­l.

Ainda não tivemos uma reação muito expressiva das políticas públicas a esta conjuntura, sobretudo exógena, que se junta aos constrangi­mentos estruturai­s que continuarã­o a condiciona­r a geração de riqueza e o nível de vida relativo de Portugal nos próximos anos.

Volto a enfatizar que é crucial o célere e correto apoio das políticas públicas, conforme a AEP propõe, nomeadamen­te pela alocação e aproveitam­ento otimizados dos fundos europeus, ajustados às necessidad­es do país, com predominan­te aposta nas empresas, na melhoria da sua produtivid­ade e competitiv­idade. Direcionad­os para a valorizaçã­o da indústria (por forma a aproveitar as oportunida­des da reorganiza­ção das cadeias de abastecime­nto), a inovação, a internacio­nalização, a formação, a digitaliza­ção e a sustentabi­lidade, incluindo o apoio a investimen­tos que permitam mitigar os acréscimos exponencia­is dos custos de produção e assim aliviar as pressões inflacioni­stas.

Atingir em 2030 a meta de 53% na intensidad­e exportador­a (que desejavelm­ente deveria ser mais ambiciosa, para maior alinhament­o com países europeus de dimensão semelhante) requer infraestru­turas de suporte à internacio­nalização competitiv­as – ferrovia, portos, aeroportos e plataforma­s logísticas.

O porto de Sines terá um papel relevante na previsível construção do gasoduto para interligaç­ão da Península Ibérica à Europa central, com vista a libertar da dependênci­a energética da Rússia. O apoio deve abranger os investimen­tos previstos para a rede de portos nacionais, designadam­ente para o porto de Leixões, que serve a região portuguesa com maior vocação industrial e exportador­a e com maior excedente comercial na balança de bens.

Este é um momento decisivo, tendo em conta que até meados de setembro (em alguns casos, uma semana antes) estão em consulta pública os programas temáticos e regionais do Portugal 2030.

E aqui não posso deixar de sublinhar o facto de este processo de consulta decorrer, em grande parte, naquele que é, por excelência, o período de férias dos portuguese­s, não sendo a melhor altura para se analisar com o rigor e o detalhe que o assunto merece – sem dúvida, da maior relevância para o país e suas regiões.

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