Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Mira. Três gerações a preparar a lua de mel das noivas
Empresa de Famalicão, com uma experiência de mais de 40 anos em roupa de dormir, decidiu criar uma linha dedicada ao casamento.
A Mira, marca de roupa de dormir para mulher, tem agora uma linha dedicada às noivas, madrinhas e damas de honor. A empresa de Vila Nova de Famalicão, fundada em 1979 por Palmira Gomes, decidiu regressar às origens e apostar na criação da Bridal, uma coleção onde imperam os robes, camisas de noite e pijamas em cetim, e onde há também lugar para acessórios, como as ligas e os tapa olhos. Como o casamento é uma grande festa, bem como os dias que lhe antecedem, a têxtil minhota apostou também na produção de combinações personalizáveis para usar nas despedidas de solteira, quimonos e t-shirts com padrões e cores das últimas tendências da moda, tudo com design da filha, Ilda Rodrigues. Em simultâneo, deu o passo para a venda direta ao consumidor e criou uma plataforma de comércio online.
Segundo Tiago Rodrigues, neto da fundadora e um dos poucos homens a trabalhar na Mira, a entrada nesse nicho teve em conta três fatores: necessidade do mercado em ter coleções exclusivas para casamento; a experiência ganha nos primeiros anos de atividade na produção de artigos em cetim para o enxoval, como baby-dolls e camisas, que depois foi descontinuada pela aposta na roupa de dormir; e a capacidade interna de personalização de tecidos, que poderia ser potenciada com o mercado das noivas. Feito o diagnóstico, o passo seguinte foi diversificar o modelo de negócio, que estava centrado na venda direta a lojas especializadas. Agora, a Mira está online e garante resposta às encomendas, mesmo as personalizadas, em três a cinco dias.
Mãos femininas
Como já referido, a Mira nasceu pelas mãos de Palmira Gomes que, aos 16 anos, era já costureira numa fábrica de lingerie. Cedo se distinguiu pelo talento e vontade, sendo uma das poucas funcionárias que operava em máquinas de diferentes técnicas e conseguia terminar uma peça sem recorrer a ajuda, conta Tiago Rodrigues. Com toda essa mestria para o ofício, decidiu começar a costurar e vender por encomenda nas horas vagas. O sucesso da empreitada ditou a saída da fábrica para abraçar o trabalho por conta própria, agora com a ajuda do marido, Constantino Sousa, que tomou a seu cargo a parte administrativa. No início, tudo estava nas mãos da família. A filha, Ilda Rodrigues – a designer de moda da Mira –, ainda adolescente ajudava nas embalagens e no corte dos tecidos, e aos fins de semana acompanhava os pais na entrega das encomendas. “Fazíamos quilómetros e quilómetros”, diz.
Agora, são 30 mulheres entre costuras de pijamas, robes e camisas de noite, algumas desde a fundação. Entretanto, chegou um novo elemento, desta vez, masculino. Tiago Rodrigues é o rosto da terceira geração e de uma nova era para a empresa. Como revela, “a minha entrada para a equipa vem no seguimento da Mira querer ser mais digital, estar mais junto do consumidor e conquistar novos mercados”. E é isso que está a suceder. Ao mercado português, o principal, ao espanhol e ao grego, somou este ano parcerias B2B no Benelux, França e Áustria. “Acreditamos que podemos ter uma boa presença nestes novos mercados, que estão cada vez mais a valorizar a qualidade dos têxteis portugueses”, diz o responsável pela expansão, que também quer assegurar o crescimento do online além-fronteiras. “Já temos registos de vendas em mercados europeus, mas queremos potenciar ainda mais este modelo de negócio e, ainda este ano, queremos pôr em execução um plano dedicado aos países que têm mais relevância para os nossos produtos, nomeadamente Espanha e França”.
A Mira é uma das marcas da Cotton Style, que detém também a Diplomat, de roupa de dormir para homem. A empresa faturou no ano passado 1,1 milhões de euros, 85% no mercado nacional. Neste exercício, as perspetivas apontam para um crescimento de 25%.