Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Nem todos estamos no mesmo barco para salvar o Oceano

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As alterações climáticas e a poluição são as grandes ameaças à biodiversi­dade. O tempo escasseia, mas ainda há muito a ser feito. A forma como cada um pode contribuir é o tema da segunda Conversa Mercedes-EQ, uma iniciativa Mercedes-Benz, Dinheiro Vivo e TSF.

A“Nos últimos 50 anos, perderam-se cerca de 70% da biodiversi­dade de vertebrado­s no planeta”

biodiversi­dade marinha é um tesouro que o Planeta nos deu para cuidar, respeitar e preservar. Geração após geração, a humanidade tem recebido esta herança que é, simultanea­mente, uma responsabi­lidade e uma bênção. No entanto, falhou muitas vezes em protegê-la, estando agora a braços com a difícil tarefa de reverter os efeitos das suas próprias ações. Será que ainda vai a tempo de o fazer?

O que hoje se sabe é que limitar a subida da temperatur­a média global a 1,5ºC já não parece realizável. De acordo com as mais recentes estimativa­s da ONU, o aumento pode ser de 2,7ºC. Para colocar em perspetiva quão devastador­a esta previsão será para a Terra, mesmo que o aqueciment­o global só chegue aos dois graus, “todos os corais correm o risco de desaparece­r” e, consequent­emente, “desaparece a casa de 25% das espécies de peixes que existem no Oceano”, alertou Diogo Geraldes, responsáve­l pelo Programa de Educação do Oceanário de Lisboa. O biólogo marinho participou na segunda Conversa Mercedes-EQ, iniciativa da Mercedes-Benz, Dinheiro Vivo e TSF, e falou sobre a importânci­a de conscienci­alizar desde tenra idade para a necessidad­e urgente de preservar os oceanos. Graças a “um aquário com sete milhões de litros de água salgada” e um grande número de espécies fascinante­s, o programa do Oceanário ensina aos mais novos que “fazem parte

da solução, que podem ser mobilizado­res de mudança”, referiu. “Nos últimos 50 anos, perdeu-se cerca de 70% da biodiversi­dade de vertebrado­s no planeta. No Oceano é muito mais difícil estudar espécies. Portanto, acredito que este número seja ainda mais grave. Queremos passar esta mensagem e, principalm­ente, transmitir que eles podem fazer algo para reverter esta siWXD©¥Rȋ DȴUPRX 'LRJR *HUDOGHV Muito se fala em deixar um mundo melhor para as gerações futuras. Porém, que mundo podem elas melhorar se os adultos de hoje não se esforçarem por fazer a sua parte? Pais, governos e empresas têm a responsabi­lidade de mudar comportame­ntos. Não é um caminho fácil, mas pelo menos sabemos qual é o ponto de partida: conhecimen­to. “Desde o minuto em que se tem consciênci­a até ao último suspiro, todas as pessoas têm de estar alertas para o que está a acontecer. A falta de conhecimen­tos e de

FRQVFL¬QFLD GHȴQHP D VLWXD©¥R em que nos encontramo­s”, explicou a jornalista náutica Nysse Arruda. Para resolver o atual paradigma, é fundamenta­l apoiarmo-nos na ciência e tecnologia. “O mapeamento marítimo do fundo marinho é fundamenta­l porque só na medida em que se conhece o que está lá em baixo é que se pode entender o que precisa de ser protegido”, defendeu a também fundadora e curadora do Centro de Comunicaçã­o dos

Oceanos – COOceanos. Portugal já está a dar os passos certos neste campo. O Oceanário de Lisboa, por exemplo, lidera programas de reprodução de algumas espécies, o que ajuda à sua conservaçã­o e estudo. Já o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em parceria com outras entidades, criou, este ano, um sistema de captura e conservaçã­o de seres marinhos até 1000 metros de profundida­de, protegendo-as enquanto permite o seu estudo. Porém, a ciência não pode fazer tudo. Os Estados têm de passar das palavras aos atos e ajudar as nações mais desfavorec­idas, pois “esta é uma guerra em que vão morrer milhões de pessoas”, disse Tiago Duarte, fundador da Associação Oceanos Sem Plástico e organizado­r do projeto aCORDA Portugal. O aCORDA Portugal reuniu cordas e cabos que poluíam as praias da costa nacional. O resultado foi “um novelo gigantesco, com cerca de um 1,65 de diâmetro, 1,3 toneladas, 17 quilómetro­s”, explicou Tiago Duarte. Estes números, ainda que impression­antes, são uma pequena amostra do que se passa com o lixo e, em especial, com o plástico nos oceanos. “Consumimos, por semana, o equivalent­e a um cartão de crédito de microplást­icos” e alguns encontram-se no peixe, carne e leite, sublinhou Nysse Arruda. “As empresas fabricam um tipo de plástico com uma mistura de componente­s químicas que são impossívei­s de reciclar. A grande fonte é quem produz. Enquanto não fe

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como está”, declarou a jornalista. E estarão as empresas consciente­s da sua pegada? Nysse Arruda não tem dúvidas: “Muito pouco. As grandes corporaçõe­s são as maiores emissoras de material. O passo que estão a dar, tendo em conta o seu porte e capacidade

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é mais do que necessária imediatame­nte. É claro que vai custar dinheiro. É claro que vai alterar hábitos. Só que temos de começar, porque não há outra opção”, reforçou.

“Consumimos, por semana, o equivalent­e a um cartão de crédito de microplást­icos”

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Oceanos-CCOceanos, Diogo Geraldes, biólogo marinho e responsáve­l do programa de Educação do Oceanário de Lisboa
Joana Petiz, Diretora do Dinheiro Vivo; Tiago Duarte, fundador da Associação Oceanos Sem Plástico – organizado­ra do projeto aCORDA Portugal para o aproveitam­ento das artes de pesca; Nysse Arruda, jornalista, autora, editora e curadora do Centro de Comunicaçã­o dos Oceanos-CCOceanos, Diogo Geraldes, biólogo marinho e responsáve­l do programa de Educação do Oceanário de Lisboa
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