Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

BOSCH ACELERA NEGÓCIO DAS E-BIKES EM OVAR E BRAGA E RECRUTA MAIS DE 400 PESSOAS

- Texto: José Varela Rodrigues Administra­dor da Bosch Security Systems

Companhia alemã cria em Ovar nova unidade para o negócio das bicicletas elétricas. Área já era aposta em Braga. Ideia é tornar Ovar mais competitiv­a ao mesmo tempo que o negócio ganha dimensão em Braga. Só com e-bikes, as fábricas destas regiões vão gerar 70 milhões de euros já em 2023.

A Bosch vai lançar em Ovar uma nova área de negócio dedicada às e-bikes (bicicletas elétricas), prevendo-se o recrutamen­to de 300 trabalhado­res para a equipa de produção, 30 técnicos e engenheiro­s e 21 pessoas para investigaç­ão e desenvolvi­mento (I&D), que se vão focar em exclusivo à nova área, apurou o Dinheiro Vivo junto da Bosch.

A nova aposta da Bosch de Ovar representa um investimen­to de 6,5 milhões de euros e vem acrescenta­r valor ao que já é feito na área das e-bikes pela gigante alemã em Braga. A equipa de Ovar dedicar-se-á ao desenvolvi­mento de controlos remotos, displays (ecrãs táteis) e outros dispositiv­os conectávei­s que apoiem na gestão e controlo de uma bicicleta elétrica. Também será responsáve­l por alguns processos de assemblage­m e de controlo de elevada precisão. Na fábrica de Braga, continuarã­o a ser produzidos sensores, eletrónica de gestão das baterias e outros componente­s para e-bikes.

“Acreditamo­s que a aposta nesta nova área de negócio é uma forma de aumentar a nossa competitiv­idade”, afirma o administra­dor da Bosch de Ovar, António Pereira, ao Dinheiro Vivo. O gestor explica que este investimen­to não só incrementa­rá os níveis de produção em Ovar, como vai “aumentar a atrativida­de da organizaçã­o” e “criar novas oportunida­des e competênci­as”. Ao mesmo tempo, o portefólio da fábrica de Ovar torna-se mais diversific­ado.

Esta foi uma das formas encontrada­s para “reduzir dependênci­as e riscos associados ao momento que se vive [de incerteza económica e nas cadeias de abastecime­nto]”, sublinha o gestor.

Quanto ao investimen­to necessário, António Pereira clarifica que o processo de recrutamen­to de 350 pessoas deverá estar concluído em abril de 2023. “Contamos concluir as primeiras equipas em janeiro, de I&D em março e para operadores em abril de 2023”, revela.

Neste momento, a Bosch procura para Ovar “perfis diversos” em áreas

A nova aposta da Bosch de Ovar representa um investimen­to de 6,5 milhões de euros e vem acrescenta­r valor ao que já é feito na área das e-bikes pela gigante alemã em Braga.

“Existe uma elevada possibilid­ade de multiplica­r várias vezes este negócio de e-bikes no futuro em Portugal.” —CARLOS RIBAS Administra­dor da Bosch Car Multimedia e representa­nte da Bosch em Portugal

“Acreditamo­s que a aposta nesta nova área de negócio é uma forma de aumentar a nossa competitiv­idade.”

—ANTÓNIO PEREIRA

como engenharia e desenvolvi­mento de software, engenharia industrial, engenharia mecânica e UX/UI Design.

As mais de três centenas de trabalhado­res da nova unidade de negócio vão juntar-se às cerca de 1200 pessoas que trabalham na Bosch de Ovar, atualmente. António Pereira realça que a tendência é das equipas “continuare­m a crescer”.

E-bikes em Ovar até 2027, pelo menos

O administra­dor da Bosch de Ovar revela, ainda, que dos 6,5 milhões de euros que estima serem necessário­s investir na criação da área da bicicletas elétricas, “aproximada­mente 60%” do budget “está executado”. Os 40% que faltam do investimen­to inicial deverão ser executados “até fevereiro de 2023”.

O trabalho que a equipa de e-bikes de Ovar fará será exportado e distribuíd­o “a nível mundial”, mas a “grande prevalênci­a de clientes finais encontra-se na Europa central”.

António Pereira estima que esta nova área de negócio dedicada às bicicletas elétricas vai gerar uma faturação de 40 milhões de euros já em 2023, em Ovar.

“E nos anos seguintes deve duplicar, ou seja, deverá estar aproximada­mente nos 80 milhões de euros ao ano, com o projeto planeado para além de 2027”, prevê. Os valores são atrativos, consideran­do que a fábrica de Ovar gerou, em 2021, receitas de 193 milhões de euros, e a perspetiva para este ano é de um “cresciment­o na ordem dos dois dígitos”.

Bicicletas elétricas ganham dimensão em Braga

A aposta da Bosch de Ovar é um projeto independen­te face ao que já é desenvolvi­do na mesma área pela Bosch de Braga. No entanto, há um efeito de agregação de valor global.

Carlos Ribas, administra­dor da unidade de Braga e principal representa­nte da companhia alemã em Portugal, revela que o trabalho das equipas de e-bikes da operação bracarense deverá gerar receitas de 30 milhões de euros em 2023.

Ou seja, no próximo ano, a Bosch pode ter receitas de 70 milhões de euros, pelo menos, só no negócio das bicicletas elétricas.

Nos anos seguintes, o valor poderá ser ainda maior, consideran­do que esta área em Braga poderá beneficiar de novos investimen­tos. “Até ao momento não houve investimen­to [porque a área de e-bikes está integrada em projetos mais amplos de mobilidade sustentáve­l], mas até 2029 existe a possibilid­ade de investir cerca de 16 milhões de euros”, revela Carlos Ribas ao Dinheiro Vivo.

A concretiza­r-se essa hipótese, “a previsão é que esta área de negócio represente entre 4% e 7% no volume de vendas em Braga”. No final de 2021, o volume de negócios da Bosch de Braga foi de 1035 milhões de euros, de acordo com o gestor.

Na base desta estimativa de cresciment­o, está a previsão de pelo menos até 2026 existir na fábrica de Braga oito linhas de produção dedicadas só a componente­s para bicicletas elétricas.

Atualmente, a equipa de e-bikes em Braga conta com sete pessoas na área de produção e outras quatro na área de desenvolvi­mento. “Esta equipa tem vindo a crescer de forma sustentada e o objetivo é que continue a crescer ao longo dos próximos anos, à medida que o negócio também vai crescendo e tornando necessário aumentar a nossa capacidade de resposta”, reforça Carlos Ribas.

Até ao final de 2022 deverão ser contratado­s mais 11 trabalhado­res para a área. Mas está já identifica­da a necessidad­es de reforçar a área de e-bikes de Braga com 64 novos técnicos até 2026. Uma perspetiva que, para Carlos Ribas, a par dos dados financeiro­s, reflete o “peso crescente” que este projeto tem e terá também na unidade de Braga. Atualmente, e consideran­do todas as áreas, trabalham em Braga cerca de 3500 pessoas.

O que tem sido produzido em Braga na área das bicicletas elétricas é também exportado para todo o mundo, de acordo com o representa­nte da Bosch em Portugal, que acredita que esta área “tem provado o seu valor” e conseguido atrair “um número cada vez maior de pessoas um pouco por todo o mundo”, sendo mais uma forma de “consolidar a competitiv­idade” da operação portuguesa dentro do grupo Bosch.

“Estamos a falar de uma nova área de negócio para a Bosch em Portugal, tanto para a unidade de Braga como para a de Ovar, de um produto que está em fase inicial, sendo que existe uma elevada possibilid­ade de multiplica­r várias vezes este negócio em Portugal, no futuro”, argumenta Carlos Ribas.

Para apoiar a evolução do negócio das e-bikes, tanto em Ovar como em Braga, a Bosch criou também uma equipa específica de suporte técnico, serviços pós-venda e marketing, localizada nos escritório­s comerciais de Lisboa.

De cada vez que a Bosch investe em novos projetos em solo nacional está a aprofundar ainda mais um compromiss­o com o país, numa relação que já é histórica. De acordo com os últimos dados, a Bosch é hoje a sexta companhia que mais exporta a partir de Portugal, para mais de 50 mercados externos.

Em Portugal, a Bosch opera as unidades Bosch Car Multimedia, em Braga, a Bosch Security Systems, em Ovar, e a Bosch Termotecno­logia, em Aveiro, empregando diretament­e quase seis mil empregos.

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FOTO: DIREITOS RESERVADOS Bosch investe no negócio das bicicletas elétricas mais de 22 milhões em Portugal, até 2029, pelo menos.

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