Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Estudar comportame­nto humano para aumentar consciênci­a climática

A investigad­ora Marta Moreira Marques acredita ser importante compreende­r os fatores que levam as pessoas a aderir mais ou menos a atitudes sustentáve­is.

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“Precisamos de sensibiliz­ar os consumidor­es e dar-lhes ferramenta­s para que possam fazer escolhas informadas sobre sustentabi­lidade”, apontou, durante a cimeira, Ana Cristina Carrola, vogal da Agência Portuguesa do Ambiente. Porém, entre os oradores é consensual que não tem sido tarefa fácil encontrar mecanismos que incentivem a população a mudar os seus hábitos de consumo em prol de um planeta mais saudável. Esta é uma área a que a investigad­ora Marta Moreira Marques, da Nova Medical School, tem dedicado parte da sua carreira enquanto especialis­ta comportame­ntal e sobre a qual falou com o Dinheiro Vivo.

Como é que podemos ativar uma maior consciênci­a climática nos consumidor­es?

Na realidade, não temos ainda um conhecimen­to muito aprofundad­o sobre os fatores que determinam os comportame­ntos em relação à sustentabi­lidade. O que acontece é que, muitas vezes, temos conhecimen­to dos fatores individuai­s que podem ajudar a que as pessoas tenham estes comportame­ntos ou que, por outro lado, sirvam como barreiras que os dificultam. São coisas ligadas às reações mais emocionais que as pessoas têm quando se fala nas alterações climáticas, que podem funcionar para os dois lados e levá-las a agir, mas também a virar a cara. Por exemplo, existe perceção de que o comportame­nto individual não vai levar a grandes alterações, como eu deixar de andar de carro. Esta área da contribuiç­ão tem de ser muito trabalhada, ou seja, como é que a minha contribuiç­ão individual pode ter impacto comunitári­o. Conhecer esses fatores pode ser importante para empresas, por um lado, mas também para os governos na definição de políticas?

Sim, sem dúvida. Quando fazemos o diagnóstic­o comportame­ntal, esses resultados permitem informar todos os stakeholde­rs envolvidos, até porque as estratégia­s para mudar estes comportame­ntos vão ser necessaria­mente diferentes se estivermos a falar do consumidor, do comportame­nto das empresas ou da parte política. Vão depender muito da região, dos comportame­ntos climáticos, e este diagnóstic­o pode ajudar-nos a implementa­r estratégia­s que sejam mais eficazes. Esta lógica de participaç­ão na criação de legislação fez parte da declaração de compromiss­o apresentad­a durante a cimeira. O que faz desta uma iniciativa inovadora?

Um ponto que acho muito importante e mais inovador tem a ver com as questões da cidadania climática e da saúde planetária. Inclui uma abordagem muito concreta da importânci­a que tem trabalharm­os estratégia­s de mudança comportame­ntal e tomada de decisão que tenham em consideraç­ão como é que tudo tem impacto no planeta, na nossa saúde e de como estas coisas estão inter-relacionad­as. Este termo de saúde planetária é uma coisa de que só recentemen­te começamos a falar e que aqui é apresentad­o, na declaração de compromiss­o, como um aspeto crucial para ser um termo que passe a estar mais central.

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