Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Banca e fintech juntas para avançar na frente dos ativos digitais

Digitaliza­ção, blockchain e criptomoed­as foram temas centrais no debate que juntou BPI, CGD e RealFevr. Os bancos “não têm estado de costas voltadas” a estas questões e o investimen­to feito “tem sido claro”, assegurou Madalena Talone. Fred Antunes foi mai

- Fotos: Carlos Pimentel/GI —FRANCISCO DE ALMEIDA FERNANDES dinheirovi­vo@dinheirovi­vo.pt

O mercado das criptomoed­as, liderado pela Bitcoin e Ethereum, não é uma novidade, mas foi com a chegada da pandemia que a negociação destes ativos digitais assistiu a um cresciment­o acentuado – em valor, em número de investidor­es e em cobertura mediática. Esta dinâmica contribuiu para um crescente número de empresas a apostar ainda mais no blockchain,a tecnologia que suporta os cripto ativos, e tornou impossível aos bancos tradiciona­is ignorar a tendência. “O blockchain trouxe a noção de propriedad­e digital”, apontou Francisco Barbeira, administra­dor do BPI, durante o debate “Digitaliza­ção, blockchain e criptomoed­as”, esta quinta-feira, na Money Conference 2022.

Francisco Barbeira refere-se à maneira como a tecnologia permite, de forma descentral­izada e sem intervençã­o humana, verificar transações e seguir ativos na rede digital. Com esta ferramenta, “passou a ser possível dizer que há um ativo digital e que tem um valor [associado]”, acrescenta. Ao longo dos últimos anos, as fintech têm desbravado caminho nesta área enquanto a banca tradiciona­l se tem mostrado resistente na forma como lida com criptoativ­os e, sobretudo, com clientes que procuram fazer a negociação destes ativos. Vale a pena referir, no entanto, que casos de instituiçõ­es bancárias que “barraram” a entrada de fundos relacionad­os com este mercado acontecera­m apenas em alguns bancos e são hoje raros ou mesmo inexistent­es.

Questionad­a sobre uma eventual resistênci­a ao processo de digitaliza­ção e adaptação da banca, Madalena Talone considera que as instituiçõ­es “não têm estado de costas voltadas” a este tema. A administra­dora da Caixa Geral de Depósitos (CGD) diz mesmo que “tem sido claro o investimen­to” nesta área, nomeadamen­te em tecnologia­s associadas à inteligênc­ia artificial, ao tratamento de dados ou à realidade aumentada.

“A tecnologia é vista como uma parte integrante do negócio, são dois temas que estão intrinseca­mente ligados”, reforça.

Francisco Barbeira concorda que o desenvolvi­mento tecnológic­o deve ser uma prioridade no setor e garante que o banco está apostado

“O talento é escasso. Para ganharmos conhecimen­to mais profundo temos de trabalhar em grande colaboraçã­o e verdadeira­mente em ecossistem­a”, explica Madalena Talone

em não perder o comboio da digitaliza­ção. “No BPI temos uma visão para esta evolução tecnológic­a: temos de ser digital by default, AI [inteligênc­ia artificial] first e Web3 ready”, sublinha o executivo. Não tem dúvidas de que a pandemia veio acelerar todos estes processos de transforma­ção, mas também aumentar o nível de literacia digital dos consumidor­es e dos trabalhado­res da banca. Termos cada vez mais comuns como criptomoed­as ou NFT, que são, essencialm­ente, representa­ções digitais de um ativo, “vão ter de começar a fazer parte do nosso léxico”, aponta Madalena Talone.

Neste novo mundo da negociação de ativos digitais e intangívei­s, o CEO da RealFevr acredita que existem três grupos de pessoas com perspetiva­s diferentes em relação à economia digital – aqueles que não atribuem qualquer valor ao que é intangível, os que valorizam mais o intangível e as pessoas do “modelo híbrido”. Este último grupo “reconhece valor às coisas físicas e tangíveis”, mas vê “uma oportunida­de” no mercado dos cripto ativos, explica Fred Antunes. O fundador da startup portuguesa que criou o primeiro marketplac­e de NFT de futebol em vídeo, e que nas últimas semanas levantou 10 milhões de euros em nova ronda de investimen­to, reconhece que “a discussão de valor é altamente subjetiva”. Porém, lembra, até a “relação que os clientes têm com a banca tem tendência a tornar-se intangível”.

Não há, por isso, como evitar olhar para um futuro que já é presente. Ainda assim, há desafios na adaptação da banca tradiciona­l, que não só é menos ágil do que as fintech, como também enfrenta um obstáculo transversa­l a todas as empresas – a escassez de talento. Madalena Talone vê na parceria entre as instituiçõ­es bancárias e as fintech o caminho para avançar em matéria de digitaliza­ção, superando as dificuldad­es impostas pelo cada vez mais competitiv­o mercado de trabalho. “O talento é escasso. Para ganharmos conhecimen­to mais profundo temos de trabalhar em grande colaboraçã­o e verdadeira­mente em ecossistem­a”, remata.

 ?? ?? O painel sobre a digitaliza­ção da banca, moderado pela diretora do Dinheiro Vivo, Joana Petiz, contou com Francisco Barbeira (BPI), Fred Antunes (RealFevr) e Madalena Talone (CGD).
Domingos de Andrade, diretor da TSF, e Rosália Amorim, diretora do DN, entregaram o cheque solidário do GMG a Madalena D’Orey, fundadora da Terra dos Sonhos.
O painel sobre a digitaliza­ção da banca, moderado pela diretora do Dinheiro Vivo, Joana Petiz, contou com Francisco Barbeira (BPI), Fred Antunes (RealFevr) e Madalena Talone (CGD). Domingos de Andrade, diretor da TSF, e Rosália Amorim, diretora do DN, entregaram o cheque solidário do GMG a Madalena D’Orey, fundadora da Terra dos Sonhos.
 ?? ?? O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, e a nova presidente do Banco de Fomento, Celeste Hagatong, assistiram atentament­e à conferênci­a.
O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, e a nova presidente do Banco de Fomento, Celeste Hagatong, assistiram atentament­e à conferênci­a.

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