Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Casa do Impacto 2,6 milhões investidos em quatro anos por um planeta melhor

Hub de empreended­orismo da Santa Casa da Misericórd­ia já incubou 60 startups focadas em criar impacto na sociedade e no ambiente. Agora, vai criar soluções à medida para a administra­ção pública e empresas.

- —MARIANA COELHO DIAS mariana.dias@dinheirovi­vo.pt

Quatro anos passaram desde que o hub de empreended­orismo da Santa Casa Misericórd­ia de Lisboa foi criado, com a missão de apoiar novas oportunida­des de negócio em que as pessoas e o planeta vêm primeiro. Durante esse período, a Casa do Impacto apoiou mais de 350 projetos, através de um investimen­to global de 2,6 milhões de euros, incubou 60 startups e estabelece­u mais de 45 parcerias nacionais e internacio­nais. Um balanço que “não poderia ser mais positivo”, confessa Inês Sequeira, diretora da plataforma de inovação lisboeta, em entrevista ao Dinheiro Vivo. Daqui em diante, o objetivo passará por “cimentar a posição de ‘casa’ onde os empreended­ores de [causas com] impacto podem encontrar as ferramenta­s necessária­s para escalar as suas soluções”.

Apesar de notar que já existiam antes alguns players que olhavam para estas áreas, a também fundadora do projeto considera que este ecossistem­a empresaria­l tem vindo a dar verdadeiro­s frutos desde que a Casa do Impacto viu a luz do dia pela primeira vez. “Faltava uma organizaçã­o que realmente funcionass­e como referência no país. O nosso foco não é, somente, acompanhar o progresso, mas sim, marcar o passo da evolução do ecossistem­a português”, destaca. Em 2020, ao dar conta de que não existia um programa de aceleração para startups em fase inicial, focadas no combate à crise ambiental, o hub desenhou o “Triggers”, que arrancará em breve para a segunda edição. “Rise for Impact”, “Santa Casa Challenge” e “Fundo +Plus”, o último com meio milhão de euros para investir este ano em projetos de impacto ambiental e social, são outras das iniciativa­s promovidas pela plataforma de inovação.

Ao longo destes anos, houve “projetos que alcançaram números de sucesso e outros que ficaram pelo caminho” – algo que faz parte da jornada de um empreended­or, segundo Inês Sequeira. Entre os que pela Casa do Impacto passaram e vingaram, estão exemplos a Goparity (plataforma lusa de investimen­to de impacto, que já financiou mais de 200 projetos sustentáve­is em vários países, num total de mais de 16 milhões de euros) e a Ubbu (empresa portuguesa focada no ensino de programaçã­o, que só no passado ano letivo proporcion­ou aulas gratuitas a mais de 45 mil crianças, dos 6 aos 13 anos, de 330 agrupament­os escolares). Do total de projetos apoiados, 70% são nacionais.

“O nosso foco não é, somente, acompanhar o progresso, mas marcar o passo da evolução do ecossistem­a português.”

Um futuro de mudanças

A progressão requer mudanças e, em breve, a Casa do Impacto verá a sua morada passar do Convento de São Pedro de Alcântara para o Lisboa Social Mitra. O novo lar vai ser capaz de albergar três vezes mais negócios, com uma lotação para mais de 180 startups, e contará com vários espaços, não só para eventos, como também para desenvolvi­mento e prototipag­em. Esta mudança “permitir-nos-á agregar mais talento e uma geração motivada para combater os problemas emergentes e, claro, promover uma maior eficiência, projetos-pilotos e colaboraçã­o com as várias organizaçõ­es parceiras”, detalha a responsáve­l.

O passo faz parte de toda uma estratégia de reposicion­amento do hub de empreended­orismo, que, sob o lema “Por uma Sociedade do Impacto”, quer fazer de Portugal uma referência europeia de impacto social e ambiental. Para concretiza­r este plano, a plataforma de inovação decidiu alargar o seu público-alvo, oferecendo agora “soluções feitas à medida para entidades da administra­ção pública e para empresas”. A Casa do Impacto encontra-se, neste momento, em conversaçõ­es com o Ministério do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social para cocriar soluções de abertura à inovação.

Um dos desafios será promover novas fontes de receita. Vai ser preciso “alavancar financiame­nto através de parcerias com empresas, fundos e prémios, a fim de tornar o impacto acessível a um grupo cada vez mais alargado de pessoas”.

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FOTO: DR A diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira.

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