Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Tecnologia está a criar portos mais seguros, eficientes e sustentáveis
A inovação pode ser um dos maiores aliados para a indústria do retalho em épocas logisticamente desafiantes como a Black Friday ou o Natal. Na China, a Huawei coordena um projeto transformador.
O transporte marítimo de mercadorias é uma peça essencial do puzzle que é a economia mundial e assume uma importância que, para a generalidade dos consumidores, muitas vezes passa despercebida. Contudo, o verdadeiro impacto deste setor fez-se sentir a nível internacional com as consequências da pandemia, que causou fortes perturbações com repercussões nas cadeias de abastecimento. Como em outras áreas, a tecnologia pode assumir um papel relevante na diminuição dos constrangimentos desta forma de transporte e contribuir para maior eficiência, sustentabilidade e segurança. É isso que a Huawei está a fazer, com apoio de outros parceiros, no Porto de Tianjin, na China, um dos mais importantes no mundo.
A tecnológica iniciou um projeto, em outubro de 2021, que tem como finalidade resolver vários desafios com uma abordagem integrada – tornar aquela infraestrutura mais verde, reduzindo as emissões de CO2, mas também aumentar a segurança dos trabalhadores e responder, de forma eficaz, ao congestionamento em épocas particularmente exigentes como são a Black Friday ou o Natal. Como ferramentas usa a inteligência artificial e a condução autónoma, cujos poderes são suportados e potenciados pelo 5G.
O projeto implicou a instalação de um sistema de transporte horizontal inteligente, construído no terminal da secção C do Porto de Tianjin, que elimina a intervenção humana direta no manuseamento de equipamentos. Tem à disposição uma frota de 76 veículos inteligentes que colaboram e comunicam uns com os outros, mas que também conseguem dirigir-se de forma autónoma. Utilizam sistemas de condução autónoma L4 – que não precisam do apoio de operadores de carne e osso – que, com o apoio do sistema de navegação por satélite
BeiDou, permite que os camiões elétricos de contentores se desloquem de acordo com a rota de condução mais eficiente calculada em tempo real. A solução é complementada com guindastes também eles autónomos, que carregam e descarregam os contentores de forma automática.
Tudo isto é possível graças às soluções desenvolvidas pela Huawei, que com este projeto conseguiu alcançar várias metas – a primeira utilização comercial em larga escala da tecnologia L4 ou a primeira integração internacional e inteligente de 5G com o BeiDou, por exemplo. A conquista permite, agora, replicar o conhecimento e a experiência adquiridos noutras zonas do mundo, aumentando a sustentabilidade dos portos internacionais e contribuindo para o desígnio comum rumo a um planeta neutro em carbono.
Tendo em conta que, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, mais de 80% de todas as mercadorias do mundo são transportadas por via marítima, o potencial na aplicação destas tecnologias torna-se claro. Mas as vantagens são ainda mais evidentes quando se
analisam os números associados a este projeto desenvolvido no Porto de Tianjin. Para garantir as operações em ciclos de 24 horas, os 76 camiões de contentores ali disponíveis precisariam de ser operados por três condutores cada, em três turnos diários, num total de 210 motoristas, com todos os riscos de segurança associados. Com a implementação do 5G+L4, em média os guindastes são agora 20% mais eficientes e cada grua tem capacidade para mover 39 contentores de mercadorias por hora. O resultado é uma diminuição de 20% no consumo energético por cada contentor.
Se, por um lado, estes valores são relevantes para o desempenho comercial e energético dos portos, por outro, são também cada vez mais importantes para toda a cadeia de valor, já que a redução da pegada ambiental do transporte permite
diminuir o contributo de cada produto e empresa para as emissões de CO2.
A aplicação desta solução que combina várias tecnologias e infraestruturas digitais, como sejam a inteligência artificial, o 5G ou a condução autónoma, é resultado dos avultados investimentos que a Huawei concretiza na área de investigação e desenvolvimento (I&D). Em 2021, a tecnológica chinesa investiu mais de 22 mil milhões de dólares – cerca de 22% do seu volume de vendas – em atividades de I&D, campo em que trabalham cerca de 55% dos seus 195 mil colaboradores. É este compromisso com a inovação que faz desta empresa a segunda maior investidora em I&D em todo o mundo, de acordo com o relatório anual EU Industrial R&D Investment Scoreboard.
Solução para os portos combina várias tecnologias e infraestruturas digitais, como sejam a Inteligência Artificial, o 5G ou a condução autónoma.