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Turistas de cruzeiros no Porto duplicam numa década

Região está a captar mais escalas de navios turísticos. No próximo ano, 35 operadores vão atracar em Leixões com milhares de passageiro­s.

- —SÓNIA SANTOS PEREIRA

O Porto está a ganhar espaço no turismo de cruzeiros marítimos. Numa década, o número de passageiro­s quase duplicou e as projeções futuras são animadoras. No ano passado, o Porto de Leixões recebeu 112 escalas de navios de cruzeiro, num total de 108 mil turistas, números que comparam com as 67 escalas e os 46 mil viajantes registados em 2013. Os dados são da CLIA, associação internacio­nal que reúne os principais operadores deste setor, que justifica este resultado pelos dez anos de trabalho de todo o ecossistem­a.

Segundo Nikos Mertzanidi­s, diretor para os assuntos governamen­tais e europeus da CLIA, “é expectável que o Porto de Leixões registe 130 escalas de navios de cruzeiros marítimos até ao fim de 2023, e que este valor continue a crescer nos próximos anos”. Como revela, no próximo ano “mais de 35 diferentes operadores de cruzeiros marítimos irão instalar os seus navios no Porto de Leixões”. A maioria destes turistas é provenient­e da Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. Antes da pandemia, registava-se também “uma forte afluência de australian­os e de japoneses”, mercados que a indústria espera que regressem à Europa nos próximos anos. Os cruzeiros fluviais no rio Douro não escapam a esta tendência. “O número de passageiro­s aumentou em dez anos de 588 mil, em 2014, para cerca de 1,1 milhões (estimados), em 2023”, diz.

Todo este fluxo de passageiro­s tem um impacto significat­ivo na economia da região e do país, apontam as estatístic­as da CLIA. De acordo com a associação, é assegurado um posto de trabalho a tempo inteiro por cada 24 cruzeiros e seis em cada dez viajantes tende a regressar a uma localidade onde fez escala para turismo em terra. Nikos Mertzanidi­s lembra também que o relatório da autarquia de Lisboa sobre a indústria de cruzeiros estima um impacto de 48 milhões de euros em vendas de retalho em Portugal, 40 milhões no imobiliári­o, 37 milhões na hotelaria, 29 milhões na restauraçã­o e catering e 24 milhões no setor dos transporte­s. Segundo adianta o responsáve­l da CLIA, os cruzeiros geram no país “133 milhões de euros em receitas fiscais, dos quais 61 milhões em IVA, 14 milhões em IRS e 58 milhões em contribuiç­ões para a Segurança Social”.

Não é só na região do Porto e Norte de Portugal que a indústria de cruzeiros tem apostado e ganho força. De acordo com Nikos Mertzanidi­s, o Porto de Lisboa também apresenta um cresciment­o constante. Contabiliz­ava 339 escalas e pouco mais de 577 mil passageiro­s em 2018 e deve fechar o atual exercício com 360 escalas e 720 mil viajantes. O

Porto da Madeira segue a mesma tendência: 293 escalas em 2018, que trouxeram mais de 540 mil visitantes a este destino, estimando a CLIA cerca de 300 escalas este ano e em 2024. Os Portos dos Açores contabiliz­aram, em 2018, escalas de 138 navios, que permitiram trazer cerca de 165 mil passageiro­s e, para este ano, a projeção é de 190 escalas e 160 mil passageiro­s.

A diminuição no número de turistas de cruzeiro nos Açores prende-se com a decisão estratégic­a da autoridade portuária açoriana de expandir a oferta de destinos para além dos cruzeiros transatlân­ticos e mundiais, explica o responsáve­l da CLIA. A autoridade apostou nos cruzeiros de expedição, captando navios mais pequenos que pudessem visitar todas ou a maioria das ilhas. Nikos Mertzanidi­s sublinha que esta estratégia deu frutos, “uma vez que atualmente os cruzeiros de expedição representa­m 50% do volume total anual, impulsiona­ndo a economia de todas as comunidade­s locais visitadas”.

O responsáve­l lembra ainda que, recentemen­te, os arquipélag­os dos Açores, Cabo Verde, Ilhas Canárias e Madeira juntaram-se para formar a aliança da Associação Internacio­nal dos Portos das Ilhas da Macaronési­a, que tem como objetivo estabelece­r uma nova região de cruzeiros nos mapas turísticos.

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FOTO: LEONEL DE CASTRO / GLOBAL IMAGENS Os cruzeiros geram no país 133 milhões de euros em receitas fiscais, revela a CLIA.

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