Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

Bosch prevê faturar 500 milhões em Aveiro em 2026 com aposta em bombas de calor

Alemães investem cem milhões de euros num plano a dois anos. Fábrica é ampliada, ganha linhas de produção e reforça engenharia lusa numa nova área de negócio.

- —JOSÉ VARELA RODRIGUES jose.rodrigues@dinheirovi­vo.pt

O grupo Bosch avançou com um investimen­to de cem milhões de euros no reforço do desenvolvi­mento e produção de bombas de calor na fábrica de Aveiro. O plano desenhado aponta que as receitas da Bosch Termotecno­logia atinjam os 500 milhões de euros até 2026.

“Se a curva [da procura] estiver correta, em termos de bombas de calor, acho que rapidament­e, em 2025 ou 2026, podemos chegar a outra ordem de grandeza [de faturação], à volta dos 500 milhões de euros”, afirma ao Dinheiro Vivo Jónio Reis, administra­dor da fábrica de Aveiro.

No final de 2022, esta unidade industrial tinha faturado 365,3 milhões de euros (as receitas do grupo germânico em Portugal ascenderam a dois mil milhões de euros), e para 2023 as vendas deverão chegar aos 390 milhões de euros, mais 15% em termos homólogos.

Jónio Reis assegura que as bombas de calor vão ter um papel “prepondera­nte” na faturação e no desenvolvi­mento da engenharia da Bosch em Portugal.

Mas qual é o plano? Vamos por partes. A unidade de Aveiro, a par das fábricas de Eibelshaus­e, na Alemanha, e Tranas, na Suécia, já pro

“Vamos produzir bombas de calor verdadeira­mente made in Portugal, no sentido em que será inventado e produzido no país.” —JÓNIO REIS Administra­dor da fábrica da Bosch em Aveiro

duzia bombas de calor. Não obstante, segundo Jónio Reis, consideran­do que as “bombas de calor são um aparelho vital para o futuro energético dos edifícios, porque são neutras em emissões de dióxido de carbono” e os efeitos da guerra na Ucrânia no mercado energético, a Bosch decidiu apostar neste mercado com a construção de uma fábrica na Polónia. Ora, a nova unidade, que poderá funcionar como um entreposto entre o Norte, o Centro e o Leste da Europa para a Bosch, não deverá estar operaciona­l antes de 2027. Mas a multinacio­nal precisa, ainda assim, de uma solução neste segmento. Por isso, a divisão Home Comfort da Bosch, onde se insere a aveirense Bosch Termotecno­logia, decidiu alocar cem milhões para bombas de calor portuguesa­s.

O plano para Aveiro divide-se em três partes: criação de uma segunda linha de produção; ampliação da infraestru­tura aveirense; e a criação de laboratóri­os de desenvolvi­mento.

Quanto à ampliação, a unidade de Aveiro ganha ao todo mais 27 mil metros quadrados, “de forma a responder rapidament­e” às necessidad­es, crescendo com mais espaço para a logística, para a produção, serviços e para o desenvolvi­mento.

“Vamos produzir bombas de calor verdadeira­mente made in Portugal, no sentido em será inventado e produzido em Portugal”, comenta o administra­dor da fábrica de Aveiro, realçando que serão criados laboratóri­os de desenvolvi­mento “para fazer testes exaustivos às bombas de calor”. Todo o plano deverá estar concretiza­do no final de 2025.

Ao abrigo deste plano, a Bosch de Aveiro já contratou 120 engenheiro­s, esperando recrutar mais 30 nos próximos dois anos, só para trabalhar com bombas de calor. A empresa tem procurado talento nas regiões de Aveiro, Porto e Coimbra, sobretudo nas universida­des, de acordo com Jónio Reis. Quanto aos operadores de chão de fábrica, não há um número definido neste plano de investimen­to. Dependerá das necessidad­es.

Questionad­o sobre o porquê deste plano ter sido divulgado poucos dias após o anúncio da venda de parte de um negócio da Bosch que afeta cerca de 1200 trabalhado­res na fábrica de Ovar, Jónio Reis afastou qualquer relação causa-efeito. O gestor garante que o investimen­to na unidade de Aveiro já estava planeado e, por isso, não era feito “à custa” de Ovar, classifica­ndo a proximidad­e temporal dos dois anúncios como uma “infeliz coincidênc­ia”.

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