Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Dinheiro para salvar as indústrias criativas
Num momento em que a viabilidade comercial do jornalismo de qualidade está tão posta em causa, pode esta questão colocar-se a nível global? A verdade é que o processo do jornal New York Times demonstra que os modelos de linguagem como o ChatGPT dependem e muito de produtos editoriais de qualidade reconhecida, o que os torna um recurso interessante de treino e acesso.
Vários meios de comunicação social fizeram já acordos privilegiados com os donos destes chats. A própria OpenAI firmou acordos com a agência de notícias Associated Press e com a Axel Springer (dona de títulos como Politico, Business Insider, Welt e Bild). Outros, como a Google, planeiam integrar nas parcerias privilegiadas que têm com alguns publishers o acesso aos conteúdos editoriais para treinar os seus bots de inteligência artificial. E até alguns publishers, como o Dow Jones (detido pelo grupo Murdoch), têm andado a propor parcerias de acesso a conteúdos editoriais de publishers em mercados não-britânicos.
Muito vai depender do resultado deste processo, que poderá ainda ter implicações noutras indústrias criativas. Há processos contra a OpenAI por parte de diversos autores (como George R. R. Martin, autor de A Guerra dos Tronos), que não só se queixam da apropriação indevida dos seus livros para treino destes modelos de linguagem, mas também reclamam contra a facilidade com que se reproduz o estilo da sua escrita. E há, também, acusações contra o uso indevido de obras artísticas em modelos de imagem de que são exemplo o processo contra a Adobe, ou o processo colocado pela Getty Images pelo uso indevido de 12 milhões de imagens sua propriedade no treino do modelo Stable Diffusion. E a Universal, uma editora musical extremamente poderosa e habituada a fazer valer os seus princípios sobre propriedade de forma draconiana, também já processou a Anthropic pela reprodução indevida das suas letras.