Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Degradação do serviço ferroviário atinge níveis preocupantes
Menos comboios e mais atrasados. É este o retrato do transporte ferroviário em Portugal.
A pontualidade dos comboios tem vindo a piorar e há cada vez mais transportes ferroviários suprimidos. Este é o retrato feito num relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, que conclui que o serviço ferroviário em Portugal está pior desde 2019.
Nos serviços urbanos/suburbanos de Lisboa, a Fertagus apresenta melhores índices de pontualidade do que os serviços da CP, com um índice de pontualidade de três minutos de 93%, em 2022 (contra 86% na CP). Os serviços de longo curso foram os que registaram piores índices de pontualidade, assinala a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Também durante este período se verificou a deterioração da regularidade em todos os serviços relativamente a 2019, tendo em conta o número de supressões e o índice de regularidade, diz o relatório.
No total, de acordo com a análise da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes consultada pelo Welectric, CP e Fertagus suprimiram 27 700 comboios entre 2019 e 2022. Os utentes dos comboios urbanos da Grande Lisboa são os que mais se podem queixar quanto à redução da oferta.
A CP destacou como principais fatores com implicações negativas na regularidade e pontualidade do serviço ferroviário, principalmente em 2021 e 2022, as intervenções que têm sido feitas na infraestrutura e que implicam a imposição de limites de velocidade, em especial na Linha do Norte e na Linha do Minho; as avarias no material circulante; as greves realizadas por trabalhadores tanto da CP, como da IP; e diversos acontecimentos meteorológicos adversos que levaram à supressão de comboios em dezembro de 2022.
Já a Fertagus destacou como principais causas para a supressão ou atraso dos comboios, com maior impacto em 2022, as greves dos trabalhadores da IP, os afrouxamentos decorrentes de constrangimentos na infraestrutura e ainda situações de doença súbita ou prolongada do seu pessoal.
À Antena 1, a Associação Comboios do século XXI atesta a degradação do serviço ferroviário, lembrando que os milhões anunciados para a ferrovia ainda não são sentidos por quem usa diariamente os comboios.
Quanto ao número médio de passageiros por comboio, dado pelo rácio PKm/CK (passageiros km/comboio), em 2022 destacam-se os serviços urbanos e suburbanos de Lisboa da CP ( 277 passageiros/comboio), seguindo-se os serviços de longo curso e urbanos e suburbanos de Lisboa da Fertagus (175 pass./comboio), depois os serviços urbanos e suburbanos do Porto ( 117 pass./comboio) e, por último, os serviços regionais ( 54 pass./comboio).
CP e Fertagus suprimiram 27 700 comboios entre 2019 e 2022. Os utentes dos comboios urbanos da Grande Lisboa são os que mais se podem queixar.