Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Paixão por joias de Amália vai inspirar coleção da Portugal Jewels
Marca lança esta semana linha especial em parceria com a TAP e prepara a abertura de lojas próprias em Lisboa e no Porto, ao mesmo tempo que reforça a aposta nos EUA. Espera faturar três milhões em 2024.
A Portugal Jewels lança na próxima semana uma coleção exclusiva com a TAP, que pretende ser um “convite a viajar pelo mundo através das nossas origens”, ao mesmo tempo que prepara já uma colaboração a longo prazo com a Fundação Amália Rodrigues, tendo em vista o lançamento de várias linhas inspiradas na fadista que, Alexandre Gomes, managing partner da empresa, considera “a maior figura portuguesa do século XX”. Alexandre e a irmã Joana são a terceira geração no negócio da ourivesaria e, com a mãe, Rosa Amélia, são os mentores da Portugal Jewels, empresa que deverá ter fechado 2023 com mais de dois milhões de euros de vendas e que pretende, neste ano, chegar aos três milhões. Uma previsão assente na expansão internacional da marca, com especial foco nos Estados Unidos, mas também na abertura das primeiras lojas próprias, em Lisboa e no Porto.
As joias são um negócio de família desde 1955, quando José Martins Barbosa, avô de Alexandre e Joana Gomes, criou uma das maiores oficinas em Gondomar, e que continua na família. José teve sete filhos e todos estão ligados ao ramo, bem como metade dos 18 netos. Rosa estabeleceu-se em 1990, com a criação de uma empresa, em nome próprio, muito focada no negócio grossista, com um serviço de curadoria, selecionando joias nas oficinas de Gondomar para colocar à venda nas ourivesarias.
Cedo começou também a desenhar algumas peças, mas foi com a chegada da filha, Joana, há 10 anos, que arrancou o processo de criação da marca e do conceito da Portugal Jewels, com o desenvolvimento de coleções exclusivas, com designs inspirados na ourivesaria tradicional portuguesa, e focados em pontos de venda à volta do turismo.
Joana tem a direção criativa, em parceria com a mãe, Alexandre a gestão de negócio. Com sede em Lisboa, a Portugal Jewels subcon
trata a produção a 12 oficinas em Gondomar, algumas das quais trabalham em exclusivo com a marca. Até 2019, continuava a dedicar-se maioritariamente ao negócio grossista, mas a pandemia e o encerramento forçado do comércio obrigaram a empresa a avançar para as vendas online. E, em 2022, o negócio digital representava já mais do que as vendas totais em 2019.
Hoje tem as suas joias em mais de 60 pontos de venda, designadamente
em museus, aeroportos e outros espaços com grande peso para o turismo, e em 15 no mercado internacional, com especial destaque para os EUA, Canadá, França, Suíça, Itália e Roménia. As exportações valem 20% da faturação, embora muitas das vendas em Portugal são a turistas e, como tal, exportações indiretas.
Metade das exportações são hoje para o mercado norte-americano, que Alexandre e Joana querem que possa valer já meio milhão de euros em 2024. É esta a sua grande aposta no exterior, este ano, com a contratação de uma agência local. A criação de uma marca própria para abordar o mercado internacional está em estudo, eventualmente em homenagem à matriarca Rosa Amélia. “Com a atual marca sentimos que estamos a chegar ao nosso limite de público, precisamos
de conquistar novas audiências e públicos mais jovens”, explica Alexandre Gomes. A empresa anunciou recentemente a contratação de um head of growth para pensar as formas de impulsionar o crescimento. Garantido é que a nova marca se irá focar na “mestria artesanal” que caracteriza a ourivesaria portuguesa e a sua capacidade de adaptação e costumização.
Em 2023, a faturação cresceu 25% e ultrapassou os dois milhões de euros. Para 2024, a meta é chegar aos três milhões, com as vendas ao exterior a pesarem já 30 a 35%. Com a loja online, as peças da Portugal Jewels chegam já a mais de 50 países. Este ano, marcará também a abertura dos primeiros espaços comerciais próprios. Em Lisboa, será uma loja histórica, mas cuja localização não desvendam ainda. O objetivo é abrir, se tudo correr bem, até ao verão. No Porto, estão ainda à procura do local ideal, esperando, eventualmente, abrir a tempo do Natal.
Outra das áreas que a empresa pretende desenvolver é a das parcerias, procurando explorar mais as colaborações criativas, envolvendo pessoas com outras visões da portugalidade que ajudem ao desenvolvimento de novas linhas. Foi o caso, em 2019, da colaboração com a fadista Ana Moura. Outras se seguirão. A partir de março, o desafio será criar uma coleção pensada e inspirada em Amália Rodrigues, uma apaixonada por joias, como se pode ver na casa-museu da fadista onde há uma sala dedicada a essa paixão. O desafio da Portugal Jewels será o de se inspirar nessas peças para adivinhar e dar corpo ao que seriam as joias que Amália usaria hoje.
“A ourivesaria portuguesa não foi industrializada e essa mestria artesanal é hoje uma das grandes vantagens do país.”