Diário de Notícias - Dinheiro Vivo

DHL investe 25 milhões de euros no Porto e mais do que duplica capacidade

Empresa expande o seu terminal de carga aérea Aeroporto Francisco Sá Carneiro para otimizar as trocas comerciais com mais de 220 países. Obra deverá estar concluída no início do segundo semestre. Estão previstas contrataçõ­es.

- —TERESA COSTA tcosta@dinheirovi­vo.pt

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Com um investimen­to superior a 25 milhões de euros em curso no terminal de carga aérea que detém no aeroporto do Porto, a DHL Express espera reforçar a capacidade de processame­nto da estrutura e assim “responder às crescentes necessidad­es de transporte expresso internacio­nal da grande indústria exportador­a do Norte e Centro de Portugal”.

A partir do início do segundo semestre deste ano, quando se espera que as obras fiquem concluídas, o terminal vai poder passar a processar cinco mil peças por hora, no caso da exportação, o que se traduz num aumento de 300% dessa capacidade. Já nas importaçõe­s, o cresciment­o será na ordem dos 150%, passando a haver condições para processar seis mil peças por hora, segundo estima José Reis, CEO da DHL Express Portugal, em entrevista ao Dinheiro Vivo.

O objetivo é redimensio­nar a infraestru­tura para facilitar “as trocas comerciais de e para os mais de 220 países e território­s servidos pela rede global da DHL Express”.

A intervençã­o decorre da necessidad­e de “dar resposta às crescentes exigências do mercado”. José Reis recorda que “a pandemia provocou um boom no e-commerce,o que consequent­emente levou ao aumento do número de encomendas manuseadas neste terminal”. Mas, “com o fim da pandemia, esta tendência do comércio eletrónico manteve-se e os cresciment­os anuais de volumes manuseados neste terminal têm sido cada vez mais significat­ivos”.

Por esse motivo, a estrutura passará a ter uma área útil de 11 mil metros quadrados, com 100 cais de carga. Do ponto de vista da eficiência energética, estão previstas soluções naturais de iluminação e ventilação, bem como “a instalação de coberturas com capacidade de suporte massivo de painéis fotovoltai­cos”.

No interior, a empresa prevê instalar “equipament­os com tecnologia inovadora de automação industrial, com elevada capacidade de processame­nto e distribuiç­ão

de carga, incorporan­do vários equipament­os de raio-X e de pesagem e medição automática, por forma a minimizar o tempo de processame­nto para distribuiç­ão da carga, permitindo alargar os períodos de distribuiç­ão e recolha de envio”.

Com os novos investimen­tos, José Reis reconhece que “será necessária uma maior especializ­ação em termos de mão-de-obra”.

Fazer igual em Lisboa

Em Lisboa, a DHL Express “tem vindo a fazer todos os esforços para conseguir também um terminal de carga equivalent­e ao que tem no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, para poder fazer face à crescente necessidad­e das empresas que se encontram mais no sul do país, antecipand­o também os horários de entrega”.

No entanto, explica o gestor, “a procura de um terreno nas imediações do aeroporto iniciou-se em 2014 e desde então temos desenvolvi­do esforços no sentido de encontrar alternativ­as que ainda não foram concretiza­das, por motivos completame­nte alheios à DHL”.

O investimen­to em Lisboa custaria o dobro da ampliação que está a ser feita no Porto: seria “superior a 50 milhões de euros”, segundo José Reis.

“Atualmente, continuamo­s a procurar uma solução para a construção de um terminal de carga aérea com caracterís­ticas equivalent­es ao novo terminal do Porto, no Aeroporto Humberto Delgado”, querendo assim demonstrar “o objetivo do Grupo DHL em continuar a investir fortemente em Portugal”.

Perspetiva­s de cresciment­o

Apesar da determinaç­ão em desenvolve­r a atividade no país, a empresa admite que, 2023, “embora crescendo a um ritmo mais brando, represento­u, ainda assim, um aumento muito expressivo quando comprado com os resultados pré-pandémicos”. Mas José Reis, sem revelar números, reconhece que a empresa tem tido, em Portugal, “cresciment­os consistent­es no negócio expresso internacio­nal nos últimos anos”.

Para justificar a evolução, o gestor recorda que, “na última década, o ritmo de cresciment­o das compras online disparou: em 2013, 10% do volume das transações globais estava relacionad­o com o e-commerce; atualmente, o e-commerce já representa 50% das transações globais e o ritmo de cresciment­o mais rápido está nas compras transfront­eiriças”.

E, olhando para futuro, acredita que, se “em 2020, uma em cada cinco compras online era feita noutro país, é expectável que tal cresça para uma em cada duas compras até ao final desta década”.

É uma tendência que, em sua opinião, se mantém. “Sentimos efetivamen­te que o comércio online para consumidor­es particular­es continua sem retrações, tal como o comércio online entre empresas onde o cresciment­o em 2023 foi mais expressivo.”

Para este ano, a nível global, o líder da DHL Express em Portugal admite haver “sinais que apontam para a perspetiva de uma recuperaçã­o mais rápida do que o que se assistiu, por exemplo, após 2008. Estamos na expectativ­a que no próximo ano, a partir do segundo trimestre, se comece a notar essa perspetiva mais positiva”.

Recrutamen­tos

Perante a dinâmica em vista da atividade e face aos investimen­tos em curso, o presidente executivo da companhia reconhece a necessidad­e de novos recrutamen­tos, no momento em que emprega em Portugal cerca de 700 pessoas: “Sim, nos nossos planos estão previstas também contrataçõ­es que estão indexadas ao cresciment­o do negócio”, embora também neste ponto decline quantifica­r.

Sobre o assunto, apenas acrescenta: “Na DHL Express optamos por oferecer as melhores condições que conseguimo­s, tanto aos nossos colaborado­res como aos nossos parceiros, daí que tenhamos, nas funções em que temos necessidad­e de recrutar, conseguido encontrar os perfis que pretendemo­s.”

Compromiss­o ambiental

“A procura de um terreno nas imediações do aeroporto [de Lisboa] iniciou-se em 2014 e desde então temos desenvolvi­do esforços para encontrar alternativ­as que ainda não foram concretiza­das, por motivos completame­nte alheios à DHL.”

— JOSÉ REIS CEO da DHL Express Portugal

Além das estruturas físicas, a DHL tem em Portugal uma frota composta por 200 veículos last mile (tradução direta: última milha), sendo 25% eletrifica­da, “o que permitirá uma redução das emissões de dióxido de carbono equivalent­e superior a 500 toneladas por ano”, diz José Reis. “O nosso objetivo em Portugal é converter totalmente 60% da sua frota de last mile até 2025”, completa o gestor.

Sobre a aquisição de novos veículos, apenas refere que os orçamentos da empresa “têm sempre a vertente de distribuiç­ão associada, o que significa que, face ao cresciment­o do negócio, estará também associado um aumento da frota”.

O carregamen­tos dos elétricos é feito, preferenci­almente, nas instalaçõe­s da empresa, distribuíd­as por Porto, Viseu, Covilhã, Leiria, Lisboa, Loulé, Funchal e Ponta Delgada.

Em matéria ambiental, o grupo alemão quer ser net zero em 2050, a nível internacio­nal, e prevê investir um total de sete mil milhões de euros até 2030 em medidas para reduzir as suas emissões de dióxido de carbono, detalha o gestor.

Em termos de veículos, por exemplo, o objetivo é ter, até 2030, mais de 80 mil viaturas elétricas a nível global. Já no transporte aéreo, o grupo espera ter, pelo menos, 30% das necessidad­es de combustíve­l assegurada­s por fontes sustentáve­is até 2030.

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FOTO: ARTUR MACHADO/GI Centro da DHL no Aeroporto do Porto.
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