Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Iniciativa privada e crescimento económico
Em plena campanha eleitoral, e num país a tombar para a cauda da Europa, não se ouvem, à exceção das recentes do PSD, propostas estruturadas de estímulo ao crescimento económico, mas abundam as que prometem mais e melhores empregos, salários e serviços públicos. A questão é que tal não é possível sem crescimento e só uma estreita cooperação entre Estado e iniciativa privada pode trazer desenvolvimento sustentável.
Para além da baixa de impostos, o crescimento exige incentivos adicionais à expansão da economia, atraindo o capital financeiro necessário ao investimento, à recapitalização das empresas e à produtividade, sem o que é impossível competir nos mercados e gerar rendimento e riqueza. E medidas facilitadoras do aumento da dimensão das empresas, por crescimento orgânico ou através de fusões ou aquisições, pois só a dimensão permite ganhar massa crítica para inovar e competir, como bem diz o Fórum para a Produtividade.
Políticas que assegurem às grandes empresas, tantas vezes maltratadas pelo poder político e mediático, as condições que favoreçam o seu desenvolvimento e, com ele, o do tecido industrial que as complementa ou delas depende. Como são indispensáveis novas medidas de atração do investimento estrangeiro fomentador de empresas bem dimensionadas, com capacidade de gestão e inovação e salários honrados.
Há certamente que reorientar o PRR para estes objetivos, tão ideologicamente ele foi dirigido para o setor Estado. Como há que propor medidas para remover absurdos custos de contexto, forma de condicionamento industrial que tolhe iniciativa e investimento, impondo licenciamentos céleres, forma de impulsionar a economia e de combater a corrupção. É a lentidão da burocracia que motiva a vontade de subornar e de ser subornado.
O crescimento exige propostas que tragam uma efetiva concorrência, não compatível com empresas parasitas, que consomem improdutivamente recursos humanos e capital.
Acontece que esta política só será possível se houver a coragem de decidir contra a cultura vigente que ostraciza a iniciativa privada e considera o Estado o motor da economia. Os partidos responsáveis não se podem demitir de combater tal cultura, sob pena de contínuo empobrecimento do país.
Oxalá a campanha nos traga essas propostas e um governo para as executar.